O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador Regional Norte (CEREST-Norte), por meio da Superintendência Regional de Saúde de São Mateus (SRSSM), realizou nessa terça-feira (30), o I Simpósio de Saúde do Trabalhador: Saúde Mental e Trabalho. O evento faz parte das ações do Abril Verde. 

O Abril Verde é o mês dedicado às ações de conscientização e prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, reconhecido no Estado pela Lei nº 10.728/2017 e integrante do Calendário Oficial de Eventos do Estado do Espírito Santo (Lei nº 11.212/2020). 

Com objetivo de promover a conscientização e o diálogo sobre a importância da saúde mental e doenças relacionadas ao trabalho, o simpósio contou com palestrantes e mesa redonda interativa composta por membros do Ministério Público do Trabalho (MPT), Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (CISTT), o Núcleo de Vigilância em Saúde da SRSSM e a Secretaria Municipal de Saúde de São Mateus. 

A médica Ingrid Marcela, que compõe a equipe do CEREST Norte, alertou os presentes sobre o risco de desenvolvimento da “Síndrome de Burnout”, distúrbio psíquico considerado uma doença laboral em ambientes de trabalho mentalmente exaustivos. “A doença é caracterizada pelo esgotamento mental e estado permanente de tensão emocional e estresse, e cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome, tornando o Brasil o segundo país no mundo com maior número de trabalhadores com Burnout.”, informou Ingrid Marcela.

As violências no ambiente de trabalho, como os assédios sexuais e morais; questões psicológicas relacionadas às condições de trabalho; falta de reconhecimento profissional; além de estresse, insônia, ansiedade e depressão, foram temas abordados pelos palestrantes e psicólogos Andrea Souza e Jefferson Pessoa Hemerly. Os profissionais explicaram que essas questões podem ter relação com a queda de produtividade, atraso nas entregas e desmotivação com a carreira. 

Ainda durante o evento, foi realizada uma mesa redonda que enfatizou a importância da notificação de casos de saúde e acidentes laborais no sistema de Informação em Saúde e-SUS Vigilância em Saúde (E-SUS VS), ressaltando a necessidade de monitoramento e registro adequado dessas ocorrências para a formulação de ações e políticas públicas. 

“As subnotificações distorcem a compreensão da verdadeira extensão dos problemas de saúde e segurança no trabalho. É fundamental que essas subnotificações sejam enfrentadas com seriedade e que sejam implementadas medidas eficazes para garantir que os trabalhadores estejam seguros e saudáveis em seus locais de trabalho”, ponderou a coordenadora do CEREST- Norte, Ana Lúcia Lima.

Os trabalhadores presentes no evento também foram orientados registrar casos de desrespeito às leis trabalhistas e assédios nas esferas institucionais, como setores de Recursos Humanos (RH), ouvidorias e Ministério Público do Trabalho (MPT), que recebe denúncias anônimas pela internet, bem como nas delegacias de Polícia Civil. 

Dados da Vigilância em Saúde do Trabalhador 

Em 2024, de janeiro a março, segundo dados do e-SUS VS, foram notificados 3.311 acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, sendo as principais notificações ligadas a trabalhadores da construção civil, profissionais de saúde, motoristas de caminhões e trabalhadores rurais. Neste mesmo período, foram confirmados 22 óbitos ligados a acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. 

Já em 2023, foram notificados no Estado, 14.351 acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, sendo as principais notificações ligadas aos acidentes e trabalho em geral, com 8.363 notificações; aos acidentes por animal peçonhento relacionados ao trabalho, com 2.047 notificações; e aos acidentes de trabalho com exposição a material biológico, com 1.663 notificações. Foram confirmados 116 óbitos ligados a acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. 

O perfil dos casos notificados em 2023 aponta que os acidentes atingiram tanto os trabalhadores formais quanto os informais, sendo o maior número de vítimas aqueles que atuam como trabalhadores rurais, pedreiros e técnicos de enfermagem. Entre as atividades econômicas de maior registro de acidentes estão a construção civil, a agropecuária, os serviços de saúde e o comércio.

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