21/05/2012 04h36 - Atualizado em 23/09/2015 13h33

Acidentes de moto transformam vidas de famílias no Estado

Os acidentes de moto têm se multiplicado ano após ano no Estado e, quando não levam ao óbito, suas tristes consequências são jovens, até então ativos, vivendo com sequelas graves. A nova e dura realidade transforma a vida não somente de suas vítimas, mas também de seus familiares: mães, pais, irmãos, filhos, maridos e esposas que precisam mudar drasticamente suas rotinas para se dedicar exclusivamente ao tratamento destes pacientes.

A maioria dos familiares das vítimas dos acidentes de moto acaba deixando o emprego para se envolver integralmente nos cuidados com a reabilitação destas pessoas. Sua rotina passa a ser de visitas aos hospitais e serviços de saúde e contato diário com médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, dentre outros profissionais envolvidos neste tipo de tratamento.

Um acidente ocorrido em novembro de 2010 mudou completamente a vida de Samuel Pinheiro da Silva, 27 anos, e de seus familiares – principalmente a mãe Maria da Penha Pinheiro da Silva. Após ser arremessado da moto, Samuel teve uma lesão na medula e ficou oito meses internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Estadual Dório Silva. Depois, ficou mais alguns meses na enfermaria.

“Praticamente morei no hospital neste período. Tive que parar de trabalhar e me dedicar exclusivamente ao tratamento do meu filho. Depois de Deus, foi a equipe do Dório que ajudou a salvá-lo”, conta Maria da Penha. Além das amizades conquistadas no hospital, foi lá que Samuel acabou conhecendo sua namorada, Elaine Reis, 25 anos, que passou a visitá-lo para fazer orações por sua recuperação, após saber de sua história no supermercado em que trabalhava durante uma conversa com o tio dele.



Hoje, Samuel continua seu tratamento no Centro de Reabilitação Física da Secretaria de Estado da Saúde (Crefes), com acompanhamento de fisioterapeuta, enfermeiro, psicólogo, assistente social e terapeuta ocupacional. “No Crefes cresceu a esperança dele se recuperar ainda mais. Desde o primeiro dia aqui, fomos muito bem atendidos”, afirma sua mãe.

Outra vítima de acidente de moto, Fernanda Bolzan, 20 anos, quebrou o fêmur direito e perdeu o movimento de um dos braços durante uma batida em agosto passado. Por causa disso, ficou internada 22 dias no Hospital Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha, e ainda não voltou a andar. Atualmente, enfrenta uma rotina de sessões de fisioterapia no Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo (Crefes). Como sua mãe morava fora do País, quem cuidou dela na época foi a irmã, Letícia Bolzan, 24 anos, que, mesmo com três filhos pequenos, teve de se “desdobrar” para dar assistência à irmã. De volta ao País, a mãe dela é quem se dedica ao acompanhamento dos exercícios de fisioterapia no Crefes.



A fisioterapeuta do Crefes que trata Samuel e Fernanda, Fernanda Cesconeto Harckbart, observa que os pacientes de acidentes de moto têm chegado ao Crefes com sequelas cada vez mais graves, que não se resumem apenas a fraturas, mas que atingem e comprometem o sistema nervoso.

Ela destaca que os acidentes deixam as famílias fragilizadas e o tratamento das vítimas de acidentes cria um vínculo muito forte entre pacientes e profissionais.

“Durante o tratamento, a família sempre têm esperanças na plena recuperação e, à medida que trabalhamos a reabilitação, nós profissionais explicamos qual é o nível de lesão de cada paciente e que movimentos eles conseguirão recuperar ou não”, detalha a fisioterapeuta.

Sequelas

Devido a um acidente em fevereiro de 2011, no município de Marechal Floriano, Iadison Renan Ribeti, 21 anos, teve uma grave lesão na medula e, por isso, hoje, não consegue andar nem falar. Ele ficou internado no Hospital São Lucas por dois meses, sendo três semanas na UTI, e atualmente está em tratamento na Unidade de Internação do Crefes.

Seu pai, o lavrador Edmar Ribeti, 44 anos, precisou parar de trabalhar para cuidar do filho 24 horas por dia. “Desde que aconteceu o acidente, passei a ficar por conta dele. Mesmo que ele não ande, já percebo sua evolução diária. Ele já consegue ficar sentando, dobra a perna, lembra-se das coisas e entende tudo que falamos”, ressalta Edmar.

O fisioterapeuta que trata de Iadison no Crefes, Richardson Morais Camilo, ressalta que quando ele chegou à unidade, há três meses, deixou toda a equipe sensibilizada, já que é um paciente muito jovem. “Após a classificação de risco, decidimos acolhê-lo na Unidade de Internação. No início, ele não tinha qualquer controle dos movimentos nem se comunicava, só ficava com o olhar fixo. Hoje, após o atendimento multidisciplinar, ele já teve uma evolução surpreendente”, detalhou.

Reabilitação



O Crefes é referência estadual nos atendimentos de reabilitação, adaptação e reintegração à vida social de pacientes com problemas físicos. Assim como vem ocorrendo nos hospitais estaduais, hoje, grande parte dos atendimentos realizados no centro é de vítimas de acidentes de trânsito, principalmente envolvendo motos.

Para ser atendido no local, o paciente passa primeiramente pelo Sistema de Classificação de Risco Reabilitacional, semelhante ao acolhimento já utilizado nos hospitais. Após a triagem, ele é classificado de acordo com sua urgência de reabilitação e encaminhado para o atendimento em uma das seis unidades clinicas especializadas.

O Crefes está localizado na Praia da Costa, próximo ao Clube Libanês, em Vila Velha, e funciona de segunda a sexta-feira.

Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação da Sesa
Alessandra Fornazier/ Anny Giacomin/Jucilene Borges/Marcos Bonn
Texto: Alessandra Fornazier
Tels.: 3137-2378 / 3137-2307/ 9983-3246/9969-8271/ 9943-2776
asscom@saude.es.gov.br
2015 / Desenvolvido pelo PRODEST utilizando o software livre Orchard