21/01/2008 12h40 - Atualizado em 23/09/2015 13h19

Número de internações por queimaduras no Hospital Infantil de Vitória dobra durante as férias

Durante as férias, especialmente nos meses de janeiro e fevereiro, dobra o número de crianças internadas no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG), em Vitória. A causa da triste estatística está relacionada ao maior tempo que esse público passa dentro de casa, muitas vezes pouco assistido pelos pais ou cuidadores.

De acordo com a coordenadora do CTQ do HINSG, Júlia Souza Oliveira, ao longo do ano, um paciente infantil é internado a cada dois ou três dias, o que totaliza 12 ou 13 pessoas por mês. No período de férias escolares, esse número sobe para mais de 20. Até a última sexta-feira (18), por exemplo, 13 crianças já haviam dado entrada com queimaduras graves no hospital.

Além do maior tempo que passam em casa nessa época e a falta de atenção dos pais, a condição social e a pouca informação contribuem para que 99% dos pacientes atendidos pelo CTQ no Hospital Infantil de Vitória sejam domiciliares. “Durante as aulas, eles ficam fora de casa e evitam esses acidentes”, ressalta a coordenadora.

Entre 60% e 65% do público infantil atendido pelo CTQ é vítima de queimaduras causadas por algum tipo de líquido quente, tais como mingau, água ou óleo. Isso indica que muitas crianças são mal orientadas e acabam ficando no local da casa onde acontece o maior número de acidentes desta natureza: a cozinha.

Neste caso, os mais atingidos são crianças com idade pré-escolar, pois por serem menores, são mais apegados à mãe. Muitas vezes, pais e filhos ficam juntos em ocasiões em que não deveriam ficar, como durante o uso do fogão, por exemplo.

Já as crianças com mais de sete anos de idade, são acometidas principalmente por queimaduras causadas por substâncias inflamáveis, principalmente o álcool. Essas lesões são geralmente mais graves e se originam devido à curiosidade, inerente do público infantil.

A maioria das queimaduras encontradas nas crianças internadas no CTQ é causada por líquidos quentes, álcool líquido e choques elétricos. Júlia Souza Oliveira explica que a falta de instrução está ligada ao fato de as mães, muitas vezes, serem novas. “Existe o problema social e o problema da desinformação, além do que, o pessoal tem que ter mais atenção com as crianças”, conta ela.

Como proceder diante de uma queimadura

A pele humana é composta por três camadas: superficial, média e profunda. O tipo de queimadura está relacionado à profundidade da lesão. As queimaduras de 1º grau deixam a pele vermelha e são causadas pelo sol, por exemplo.

As de 2º grau podem ser motivadas também pelo sol, mas desde que surjam bolhas. Este tipo de ferimento acomete as camadas superficial e intermediária do tecido epitelial. Já queimaduras de 3° grau, as mais graves, são as mais profundas e, às vezes, atingem o osso, o que exige enxertos para reparar os danos.

Qualquer que seja o tipo de queimadura e o tipo de material causador do ferimento, o local acometido deve ser lavado com água fria corrente para diminuir a temperatura. Água gelada deve ser evitada porque também pode queimar a pele.

Após o resfriamento, a lesão deve ser envolvida por um pano limpo e a criança encaminhada ao Pronto-Socorro dos hospitais Infantil de Vitória ou para o Dório Silva, em Serra, caso se trate de um adulto. Ambas as instituições, que pertencem à Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), são referências estadual no tratamento de queimados. Jogar água sanitária ou passar pó de café, pasta de dente ou maisena na queimadura só agrava o ferimento.

Júlia Souza Oliveira orienta que o melhor tratamento contra queimaduras é a prevenção, pois ajuda os pais e os cuidadores a evitar acidentes com as crianças. “Uma vez causado o dano, o tratamento é complicado”, diz ela, já que muitas vezes os pacientes ficam com seqüelas graves, até esteticamente falando.

Dicas para evitar queimaduras

- Crianças devem ficar longe do fogão, de preferência fora da cozinha. Os pais devem ficar atentos às atividades dos filhos;

- Os cabos das panelas devem ser virados para a parte de dentro do fogão e, se for ferver ou fritar algum alimento, é preferível usar as bocas do fundo do fogão. Isso diminui o risco de a criança esbarrar nas panelas;

- As tomadas devem ser tapadas e os fios desencapados e os famosos “gatos” evitados, pois podem ser a causa de incêndios e curtos-circuitos;

- Materiais inflamáveis devem ser mantidos à distância das crianças ou, de preferência, evitados pelos pais. É preferível trocar o álcool líquido pelo mesmo produto em gel, pois este é menos inflamável;

- As crianças devem ser orientadas durante as brincadeiras. Soltar pipas perto de fios de alta tensão, além de causar queimaduras muito graves, pode levar a pessoa à morte. Os campos abertos e sem postes são os locais adequados para isso.

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Texto: Marcos Bonn
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