Recomendações para passageiros durante o vôo.

A Câmara Técnica de Medicina Aeroespacial do Conselho Federal de Medicina (CFM) estabeleceu recomendações aos médicos e usuários de avião baseadas na cartilha “Doutor, posso voar?” elaborada pelos alunos da Liga de Medicina Aeroespacial da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Conheça as recomendações:

 

Doenças respiratórias

Viagens aéreas são contraindicadas para pessoas com infecções ativas porque podem alterar as respostas fisiológicas habituais ao vôo. Pessoas com infecções pulmonares contagiosas não devem embarcar, pois pode ocorrer agravamento dos sintomas, complicações durante e depois o vôo, além do risco de disseminação da doença entre os outros passageiros. Quadros graves, instáveis ou de hospitalização recente de asma brônquica também são incapacitantes para o vôo.

Pessoas com bronquite crônica e enfisema pulmonar devem buscar orientação médica especializada antes de embarcarem para que seja determinado se há necessidade de suporte de oxigênio  no deslocamento.

Doenças cardiovasculares

Aqueles acometidos de complicações cardiovasculares devem ser orientados a adiar os vôos durante o período de estabilização e recuperação. Os prazos a serem observados são (podem ser revistos pelo médico assistente):

  • Infarto não complicado: aguardar duas a três semanas.
  • Infarto complicado: aguardar seis semanas.
  • Angina instável: não deve voar.
  • Insuficiência cardíaca grave e descompensada: não deve voar. 
  • Insuficiência cardíaca moderada: verificar com o médico se há necessidade de utilização de oxigênio durante o vôo.
  • Revascularização cardíaca: aguardar duas semanas.
  • Taquicardia ventricular ou supraventricular não controlada: não voar.
  • Marcapassos e desfibriladores implantáveis: não há contraindicações.

Nos casos de AVC, deve-se considerar o estado geral e a extensão da doença:

  • AVC isquêmico pequeno: aguardar 4 a 5 dias.
  • AVC em progressão: aguardar 7 dias.
  • AVC hemorrágico não operado: aguardar 7 dias.
  • AVC hemorrágico operado: aguardar 14 dias. 

Pós-operatório e pacientes em recuperação

Pós-operatório torácico:

  • Casos de pneumectomia ou lobectomia pulmonar recente: recomenda-se a avaliação médica pré-vôo, com determinação da normalidade da função respiratória, principalmente no que diz respeito à oxigenação.
  • Casos de pneumotórax: é uma contraindicação absoluta. Deve-se esperar de duas a três semanas após drenagem de tórax e confirmar a remissão pelos raios-X.

 

Pós-operatório  neurocirúrgico:

  • Após trauma crânio-encefálico ou qualquer procedimento neurocirúrgico, pode ocorrer aumento da pressão intracraniana durante o vôo. Aguardar o tempo necessário até a confirmação da melhora do quadro compressivo por tomografia de crânio.

 

Cirurgia abdominal: contraindicado o vôo por duas semanas, em média. Deve-se aguardar a recuperação do trânsito habitual do paciente, pois a presença de ar em alças, sem eliminação adequada, no pós-operatório de cirurgias recentes, pode determinar a sua expansão excessiva em vôo.

 

  • Pós-cirurgia laparoscópica: o vôo pode ocorrer assim que a distensão pelo ar injetado tenha desaparecido e a função do órgão operado retornado ao normal.
  • Nos procedimentos onde foi injetado ar ou gás no corpo: aguardar o tempo necessário para a reabsorção ou a eliminação do excesso de ar ou gás injetado.
  • Pós-anestesia raquidural: o vôo pode causar dor de cabeça severa até 7 dias após a anestesia.
  • Após anestesia geral: não há contraindicação, desde que o paciente tenha se recuperado totalmente.

 

Gesso e fraturas:

  • Fraturas instáveis ou não tratadas são contraindicadas para vôo.
  • Importante: considerando que uma pequena quantidade de ar poderá ficar retida no gesso, aqueles feitos entre 24 a 48 horas antes da viagem devem ser bivalvulados para evitar a compressão do membro afetado por expansão normal do ar na cabine durante o vôo.

 

Transtornos psiquiátricos

Distúrbios psiquiátricos - Pessoas com transtornos psiquiátricos cujo comportamento seja imprevisível, agressivo ou não seguro, não devem voar. Já aqueles com distúrbios psicóticos estáveis, em uso regular de medicamentos e acompanhados, podem viajar.

Epilepsia - A maioria dos epilépticos pode voar desde que estejam usando a medicação. Aqueles com crises frequentes devem viajar acompanhados e estarem cientes dos fatores desencadeantes que podem ocorrer durante o vôo: fadiga, refeições irregulares, hipóxia e alteração do ritmo circadiano. Recomenda-se esperar 24 a  48h após a última crise antes de voar.

 

Gestantes

Recomenda-se que os vôos sejam precedidos de uma consulta ao médico. De forma geral, as seguintes medidas devem ser observadas:

  • As mulheres que apresentarem dores ou sangramento antes do embarque, não devem viajar.
  • Evitar viagens longas, principalmente em casos de incompetência ístmo-cervical, atividade uterina aumentada ou partos anteriores prematuros.
  • A partir da 36ª semana, a gestante necessita de declaração do seu médico permitindo o vôo. Em gestações múltiplas, a declaração deve ser feita após a 32ª semana.
  • A partir da 38ª semana, a gestante só pode embarcar acompanhada do médico responsável.
  • Gestação ectópica é contraindicação para o vôo.
  • Não há restrições de vôo para a mãe no pós-parto normal, mesmo no pós-parto imediato.

Crianças

No caso de recém-nascido, é prudente que se espere pelo menos uma ou duas semanas de vida até a viagem. Isso ajuda a determinar, com maior certeza, a ausência de doenças, congênitas ou não, que possam prejudicar a criança no vôo.

Observações Gerais:  

Medicação-
Recomenda-se levar a medicação prescrita pelo médico em quantidade suficiente para ser utilizada durante toda a viagem
Os remédios devem estar sempre à mão,preferencialmente acompanhados pela receita do médico,com as dosagens e os horários que devem ser administrados .
Em caso de deslocamentos que impliquem em mudança de fuso horário, o médico  deve ser consultado para avaliar se há necessidade de ajustar os horários de ingestão dos medicamentos.

Enjoos
- As pessoas mais susceptíveis a terem enjoo durante o voo são aquelas que já o apresentam quando andam de ônibus, carro ou navio. Estas devem evitar a ingestão excessiva de
líquidos, comida gordurosa, condimentos e refrigerantes que podem facilitar seu aparecimento.
Recomenda-se também, como medida de precaução,que utilizem os assentos próximos às asas do avião  por ser o local de voo menos turbulentoe, por conseguinte, menos propenso a induzir náuseas e vômitos.



Procurar assistência e/ou orientação  médica antes do voo, caso o passageiro apresente: 

  • Febre alta,tremores,com piora progressiva dos episódios;
  • Sangue ou muco nas fezes;
  • Vômitos que impeçam a ingesta de líquidos;
  • Sintomas persistentes após uso de medicamentos sintomáticos;
  • Sintomas especialmente, se usa diuréticos, imunossupressores ou remédios para diabetes e /ou hipertensão;.

          

Referência Bibliográfica

 O texto foi extraído na íntegra do site do CRMMG. ( crmmg.org.br) 

  1. Câmara Técnica de Medicina Aeroespacial do Conselho Federal de Medicina (CFM). Atenção às recomendações a pacientes durante o vôo. Jornal do CRM [periódico na Internet]. Novembro / Dezembro de 2010 
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