27/02/2008 15h19 - Atualizado em 23/09/2015 13h19

Sesa e USP assinam em março convênio para estudo de zoonoses

Está previsto para o começo de março a assinatura do Projeto de Zoonoses Transmitidas por Carrapatos, pela Coordenação de Vigilância Ambiental da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e as Faculdades de Medicina e Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (USP). O convênio a ser firmado dará um caráter oficial aos estudos que já são realizados e têm o objetivo de investigar cinco tipos de doenças que se manifestam em terras capixabas: Doença de Lyme Símile Brasileira, febre maculosa, erliquiose, anaplasma e babésia.

Os estudos estão sendo conduzidos pelo médico reumatologista da USP, Natalino Yoshinari, que já esteve duas vezes no Espírito Santo com sua equipe, e é o responsável pelas análises laboratoriais dos casos suspeitos das enfermidades. A área abrangida pela pesquisa é a região Noroeste do Estado, mais precisamente as cidades de Colatina, Baixo Guandu, Nova Venécia e Vila Valério.

A região tem um histórico de grande incidência de zoonoses transmitidas por carrapatos. Entre 2005 e 2007, de 200 exames dessas doenças enviados para análise em São Paulo, 93 deram positivo para a Doença de Lyme Brasileira. A maioria dos casos é da área citada. Isso chamou a atenção de Yoshinari em estabelecer uma parceria com a Sesa, a fim de estudar mais profundamente o fenômeno.

O veterinário da Superintendência Regional de Colatina, Augusto Zago, explica que, apesar de o convênio incluir a pesquisa de cinco tipos de enfermidades que acometem as pessoas nas zonas rurais, será dada mais ênfase à Doença de Lyme Brasileira porque ela é a mais nociva ao homem e a mais difícil de ser identificada.

O diagnóstico é laboratorial. Capixabas que tiveram contato com carrapatos e apresentaram sintomas da Doença de Lyme Brasileira, febre maculosa, erliquiose, anaplasma e babésia têm uma amostra de sangue colhida nas unidades de saúde e enviada ao Laboratório Central (Lacen).

Os exames suspeitos são encaminhados para a USP para serem confirmados ou descartados. Se algum caso for comprovado, os profissionais da Regional de Colatina se dirigem ao provável local de contaminação e fazem uma avaliação da área, por meio da coleta de sangue de cães e eqüinos e da captura de carrapatos.

A Doença de Lyme Brasileira

A Doença de Lyme tradicional nunca foi confirmada oficialmente no País. Ela é mais comum no hemisfério norte, em países como Estados Unidos e nos continentes europeu e asiático. A enfermidade encontrada por aqui tem algumas peculiaridades e por isso foi batizada de Doença de Lyme Brasileira. Entre a febre maculosa, erliquiose, anaplasma e babésia, ela é a que causa mais transtornos à saúde.

Tanto a forma importada quanto a nacional da enfermidade são transmitidas por carrapatos, mas de espécies diferentes. Um dos objetivos dos pesquisadores é descobrir qual é o vetor responsável pela zoonose aqui no Espírito Santo e, conseqüentemente, quais seriam as melhores medidas de controle e prevenção da doença e de alerta à população.

Segundo Augusto Zago, a Doença de Lyme Brasileira encontrada no Noroeste do Estado tem acometido adolescentes e, sobretudo, as mulheres. Como ela pode demorar de seis meses a dois anos para se manifestar, as medidas de controle do vetor tornam-se complicadas, pois é difícil para uma pessoa lembrar do local onde estava quando foi picada por um carrapato.

Um dos sintomas da Doença de Lyme Brasileira é uma lesão no local da picada, que aumenta de tamanho e persiste por até três meses. Além disso, são relatados casos de febre, dor de cabeça, mal-estar, fadiga, inchaços das juntas, artrite e insônia.

Os sinais se manifestam em duas fases: uma crônica e outra aguda. Em estágio avançado, eles podem atingir todos os sistemas do organismo humano e deixar seqüelas neurológicas, cardíacas ou articulares. Por esse motivo, ela confunde muitos médicos durante os diagnósticos. “Tem que esclarecer a doença para a classe médica, que tem pouco interesse sobre ela”, ressalta Zago.

Mais informações sobre a Doença de Lyme Símile Brasileira encontrada na região Noroeste do Estado:

- O agente causador é uma bactéria chamada Borrelia burgdorferi.

- Dos 93 exames positivos analisados, 56 eram de mulheres (as mais atingidas), e 37 de homens.

- Número de casos separados por municípios capixabas:
Nova Venécia – 65 casos
Baixo Guandu – 12 casos
Vila Valério – 10 casos
Boa Esperança – 01 caso
Cariacica – 01 caso
São Mateus – 01 caso
Colatina – 01 caso
Não relatado – 02 casos

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