27/11/2015 09h58 - Atualizado em 27/11/2015 10h01

Secretaria de Estado da Saúde divulga dados de Aids no Espírito Santo

 

Entre os anos de 1985 e 2014 foram registrados, no Espírito Santo, 10.839 casos de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Desse total, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), 6.901 são homens (63,5%) e 3.938 são mulheres (36,5%), e na maioria dos casos (74%) a transmissão do vírus ocorreu por relação sexual sem proteção. No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, foram registrados 757.042 casos da doença desde o início da epidemia no país até o mês de junho do ano passado.

Em 2014, a taxa de infecção por HIV no Espírito Santo atingiu 32,5 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. Foram 1.036 novos casos notificados, no período, contra 706 novos casos em 2013. De acordo com a coordenadora do Programa Estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids da Sesa, a infectologista Sandra Fagundes, a taxa de detecção dos casos de infecção por HIV aumentou, em 2014, também devido à portaria do Ministério da Saúde que determinou, em junho daquele ano, a notificação obrigatória de todos os casos de infecção por HIV. Antes, segundo ela, o registro compulsório era feito apenas em casos de pessoas que já haviam desenvolvido a doença e de gestantes e bebês portadores do vírus.

Conforme aponta a coordenadora, o aumento foi homogêneo em todas as regiões de saúde, atingindo a taxa de 35,4 indivíduos com HIV/Aids por 100 mil habitantes na Região Metropolitana; 23,47 na Região Norte; 13,39 na Região Central e 13,31 na Região Sul. Sandra Fagundes chama atenção para o perfil dos novos infectados. A maioria, segundo ela, continua sendo homens com idade entre 15 e 29 anos.

Em dez anos, o número de casos novos entre jovens do sexo masculino nessa faixa etária mais do que dobrou. Em 2004, foram registrados 63 novos casos, o que representava 21% do total de casos da época. Já em 2014 foram registrados 310 novos casos, isto é, 42,7% do total. Analisando os casos de acordo com a categoria de exposição, verifica-se, segundo Sandra Fagundes, uma importante elevação do número de casos entre homens que fazem sexo com homens nessa década.

Em 2004, entre os casos de HIV/Aids em homens com mais de 13 anos de idade, categoria de exposição sexual, a proporção de homens que faziam sexo com homens era de 23% (70 casos dentro de um total de 294) e, em 2014, de 49% entre os novos casos (356 novos casos dentro de um total de 726).

A taxa de mortalidade em decorrência de Aids no Espírito Santo foi de 6,7 óbitos por 100 mil habitantes, e mantém-se maior que a taxa de 5,7 observada no país.

Tratamento

O número de pessoas vivendo com HIV/Aids que recebem medicamentos antirretrovirais no Espírito Santo dobrou nos últimos seis anos, conforme afirma a coordenadora do Programa Estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids da Sesa.

Em outubro de 2009, 2.748 pessoas eram atendidas nos Serviços de Atendimentos Especializados (SAEs) em DST/Aids e recebiam antirretrovirais. Mas em julho deste ano esse número chegou a 5.549, o que, na avaliação de Sandra Fagundes, reflete a melhoria do diagnóstico e a ampliação do acesso ao uso de antirretrovirais.

Diagnóstico

Conforme esclarece Sandra Fagundes, os sintomas da infecção pelo HIV podem surgir já no primeiro ano após o contágio, dependendo da imunidade da pessoa, mas pode também demorar até dez anos para se manifestarem. Por isso, segundo a infectologista, é muito importante fazer o teste de HIV, disponível em todas as unidades de saúde municipais e nos Serviços de Referência e Assistência Especializada em Aids e Hepatites Virais (SAEs) da Secretaria de Estado da Saúde.

Ela orienta que façam o exame principalmente pessoas que tiverem comportamento de risco, como fazer sexo sem o uso do preservativo, compartilhar seringas e agulhas, principalmente no uso de drogas injetáveis, e reutilizar objetos perfurocortantes com presença de sangue ou fluidos que possam estar contaminados.

“Qualquer pessoa que acha que possa estar infectada e que deseje fazer o teste deve buscar um serviço de saúde. É gratuito. A pessoa pode estar com infecção há anos e não apresentar sintoma nenhum. Se o exame der positivo, a indicação é o tratamento antirretroviral. É importante tratar precocemente para a pessoa não adoecer”, detalha a médica.

Doença crônica

É fato que a qualidade de vida de pessoas soropositivas é muito melhor, hoje em dia, graças à possibilidade de diagnóstico precoce e aos avanços no tratamento. Mas a Secretaria de Saúde do Estado do Espírito Santo alerta que a Aids continua sendo uma doença crônica grave e ressalta que evitar comportamentos de risco, como fazer sexo sem o uso de preservativo, ainda é a melhor forma de prevenir a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana.

A coordenadora do Programa Estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids da Sesa diz que quem contrai o vírus HIV precisa tomar medicamentos pelo resto da vida, além de estar sujeito aos efeitos colaterais dos remédios. Segundo a infectologista, entre os efeitos desagradáveis estão o surgimento de manchas avermelhadas na pele, diarreia, insônia, náuseas, vômito e pesadelos.

Ela relata que os medicamentos utilizados ao longo do tratamento podem também afetar diversos órgãos, a exemplo dos rins, do fígado e do intestino, além de provocar alterações no metabolismo, desencadeando doenças como diabetes e lipodistrofia (má distribuição da gordura no corpo).

“As pessoas pensam que só porque hoje o tratamento inicial é feito com apenas um comprimido por dia isso não traz consequências para o organismo. Agora os efeitos são bem menores, de fato, mas o tratamento exige comprometimento do paciente, pois não pode ser interrompido, acompanhamento médico e um estilo de vida que contemple hábitos saudáveis”, adverte.

Sandra Fagundes salienta que a Organização Mundial de Saúde (OMS) espera o fim da epidemia do HIV em 2030, pois com o tratamento isto significará menos óbitos em decorrência da doença e pessoas com carga viral zero, o que reduzirá a transmissão do vírus. “Por isso temos trabalhado para diagnosticar e tratar precocemente as pessoas infectadas pelo HIV, pois assim conseguiremos diminuir o adoecimento, o número de mortes e a ocorrência de novas infecções”, esclarece a coordenadora do Programa Estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids da Sesa.

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