19/10/2018 15h15 - Atualizado em 22/10/2018 10h26

Sesa lembra Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita reunindo gestores para debater estratégias de enfrentamento da doença

Neste sábado (20), é comemorado o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) lembrou a data nesta sexta-feira (19) com a realização do Fórum Estadual de Gestores sobre Sífilis em Gestantes e Sífilis Congênita. Pelo menos 150 profissionais da rede pública de saúde de todo o estado participaram do evento, realizado na Escola Estadual de Serviço Público (Esesp), em Vitória. Todos em busca da troca de experiências e do compartilhamento de ideias que auxiliem no enfrentamento da sífilis congênita (quando a doença é transmitida da mãe para a criança na gestação ou no parto), doença grave e que afeta 13 de cada mil crianças que nascem no Espírito Santo. Uma criança que nasce com sífilis pode desenvolver vários problemas, desde microcefalia e retardo mental até alterações oculares, auditivas e outras consequências tardias, que podem se manifestar até 40 anos depois do nascimento.

Entre os participantes do evento estavam a subsecretária de Estado da Saúde para Assuntos de Regulação e Organização da Atenção à Saúde, Joanna Barros de Jaegher; a gerente de Vigilância em Saúde da Sesa, Gilsa Rodrigues; a coordenadora do Programa Estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids, a médica Sandra Fagundes; a médica Bettina Moulin Coelho Lima, referência técnica da Coordenação Estadual de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e Aids da Sesa; o médico Ary Célio de Oliveira, referência técnica da Área Técnica de Saúde da Mulher da Sesa; a chefe do Núcleo Especial de Atenção Primária da Sesa, Tânia Mara Ribeiro dos Santos; além de representantes do Conselho Regional de Farmácia (CRF-ES) e do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-ES) e secretários de saúde de vários municípios capixabas.

“Esperamos, de fato, trabalhar com a Atenção Primária para melhorar a situação do diagnóstico e do tratamento da sífilis durante o pré-natal, que é feito pelas equipes municipais de saúde. E já vemos algum fruto desse trabalho este ano, porque vislumbramos chegar ao final de 2018 com certa redução do número de casos em comparação com 2017. Precisamos de uma participação ativa da Atenção Primária, dos gestores, médicos, enfermeiros, farmacêuticos, de todo o grupo de profissionais envolvidos no pré-natal para que em 2019 nós realmente tenhamos um número substancialmente menor de casos de sífilis congênita”, comentou a coordenadora do Programa Estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids, Sandra Fagundes.

Segundo o médico ginecologista e obstetra Ary Célio de Oliveira, referência técnica da Área Técnica de Saúde da Mulher da Sesa, de janeiro até essa quinta-feira (18), o Espírito Santo registrou 1.430 gestantes com sífilis e 512 crianças com sífilis congênita. “Isso significa que 35% dos casos de sífilis em gestantes estão sendo transferidos da mãe para o filho. Mas no ano passado era metade, o que mostra que o tratamento tem sido mais eficiente, que todo esse plano de enfrentamento já começa a dar resultado. Por outro lado, temos somente 68% de cobertura de pré-natal com sete ou mais consultas, que é a quantidade recomendada, apenas 60% das gestantes iniciando o pré-natal no primeiro trimestre de gravidez e as outras 40% começando o pré-natal só no segundo ou no terceiro trimestre da gravidez”, adverte a referência técnica da Sesa.

A secretária de saúde de Santa Teresa e presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Espírito Santo (Cosems-ES), Andréia Passamani, acredita que a população precisa estar junto com o poder público no enfrentamento da sífilis. “Esta não é uma realidade do Espírito Santo, é uma realidade do país. O controle da sífilis está ruim no país. Nós precisamos melhorar muito, e eu acho que o mais importante é reconhecer o problema. Nós demoramos a reconhecer o problema, mas hoje nós reconhecemos e este fórum demonstra isso aqui no Estado do Espírito Santo. Os municípios estão em peso presentes aqui neste fórum buscando informação, orientação de como nós vamos enfrentar isso junto. Agora, eu não tenho a menor dúvida de que a população precisa vir conosco, a população precisa ser esclarecida de que a sífilis é um problema de saúde pública, mas não é um problema que tem que ser enfrentado só com a Saúde, ela tem que ser enfrentada na intersetorialidade, Educação, Saúde, Assistência Social, Esporte e Lazer e todo mundo junto. Como foi dito aqui, não é concebível que no Século 21 tenhamos um índice de sífilis tão grande e tanta criança nascendo e morrendo porque os pais têm passado para ela essa doença que se trata tão facilmente na Atenção Primaria à Saúde”, disse Passamani.

O diagnóstico e o tratamento do homem são outros pontos que a presidente do Cosems-ES avalia como importantíssimo para a interrupção da cadeia de transmissão da sífilis e, consequentemente, para a ocorrência de sífilis congênita. “A sífilis é transmitida sexualmente, e, às vezes, conseguimos tratar a mulher, mas não conseguimos tratar os parceiros, que saem transmitindo a sífilis. Precisamos interromper essa cadeia, precisamos tratar a mulher sim, como prioridade, porque é ela que dá à luz, mas nós também precisamos tratar os parceiros. Até propus que no Novembro Azul nós falemos muito com os homens sobre a sífilis, porque parece que quando falamos a palavra sífilis vem automaticamente sífilis congênita através de mulher, mas não, o homem tem tanta responsabilidade no nascimento de uma criança com sífilis congênita quanto a mulher, afinal, a mulher não contrai a sífilis sozinha, ela tem um parceiro, e precisamos trazer esse parceiro para esse movimento todo que estamos fazendo agora”, defendeu.

O médico ginecologista e obstetra Ary Célio de Oliveira, referência técnica da Área Técnica de Saúde da Mulher da Sesa, diz que o Espírito Santo tem uma proporção de 82,5 casos de sífilis adquirida (transmitida de uma pessoa para outra pela relação sexual) em pessoas a partir de 13 anos de idade – homens ou mulheres – para cada grupo de 100.000 habitantes. Um número grande e que coloca o estado em segundo lugar no país em incidência de sífilis adquirida. “O tratamento do parceiro é altamente ineficiente no Brasil inteiro. Existe uma dificuldade histórica de abordar o homem para fazer o tratamento adequado. E só se consegue fazer o tratamento adequado se tratar o parceiro”, afirma o médico.

 

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Uma gestante com sífilis transmite a doença para o bebê, e pode ocorrer abortamento, malformações fetais ou até mesmo a morte da criança no útero ou após o nascimento. O Espírito Santo ocupa o terceiro lugar no país em incidência de sífilis em gestantes, com 19,3 grávidas diagnosticadas com sífilis para cada grupo de 1.000 nascidos vivos, e é o quarto estado em incidência de sífilis congênita, com taxa de 13,14 bebês com sífilis a cada 1.000 nascidos vivos.

A coordenadora do Programa Estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids, Sandra Fagundes, diz que a recomendação é que o teste de sífilis em gestantes seja feito em três momentos: no primeiro trimestre da gestação, no terceiro trimestre e no parto. No Espírito Santo, porém, é realizado em média 1,46 teste por gestante.

A médica ginecologista Bettina Moulin Coelho Lima, referência técnica da Coordenação Estadual de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e Aids da Sesa, ressalta que a sífilis é uma doença que tem cura, mas é preciso que o tratamento seja feito corretamente, com o número de doses necessárias da penicilina benzatina. “Quem está com a doença, bem como as parcerias sexuais da pessoa, precisa tratar corretamente para que não ocorra reinfecção”, enfatiza.

Segundo Bettina, a sífilis pode passar despercebida e permanecer no organismo da pessoa até 40 anos depois da infecção. Nesta fase, porém, há um comprometimento mais profundo de alguns órgãos, como coração, vasos sanguíneos, por exemplo. Por isso a importância do diagnóstico precoce e do tratamento correto.

“Na sífilis primária, que é a fase inicial, aparece uma ferida no local em que a bactéria penetra. Pode ser nos genitais ou em outra parte do corpo. E desaparece mesmo sem tratamento. Algumas semanas depois, se manifesta como sífilis secundária, muitas vezes confundida com alergia, porque aparecem manchas pelo corpo, ou podem aparecer verrugas planas ou ocorrer perda de cabelos, sobrancelha ou cílios. Estas manifestações também desaparecem mesmo sem tratamento, mas a doença continua sua evolução e pode voltar a se manifestar numa fase mais tardia, de dez a quarenta anos depois da infecção”, detalha a médica.

A coordenadora do Programa Estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids, Sandra Fagundes, argumenta que a sífilis só se propaga a partir de uma relação sexual sem preservativo. Por isso, a população também pode e deve colaborar para a eliminação do número de casos de sífilis usando preservativo nas relações sexuais. “E se tiver dúvida se está com infecção, procure a unidade de saúde para fazer o teste e iniciar o tratamento. A sífilis tem cura em qualquer estágio da doença”, informa.

 

 

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