Dia do Nutricionista: Especialistas destacam papel da nutrição na oncologia pediátrica

No prato, muito mais que comida: cuidado, carinho e esperança. No tratamento de crianças com câncer, a nutrição hospitalar é tão importante quanto os medicamentos. No Dia do Nutricionista, celebrado em 31 de agosto, a Secretaria da Saúde (Sesa) destaca o trabalho desses profissionais que transformam cada refeição no hospital onco-pediátrico em parte da terapia, ajudando a fortalecer os pequenos pacientes e a devolver sabor e energia aos dias de internação.
Para uma boa nutrição, é fundamental o consumo de todos os grupos alimentares como proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais, além da hidratação. No caso de pacientes oncológicos pediátricos, uma boa alimentação pode auxiliar na resposta ao tratamento, reduzir complicações, preservar a energia e promover uma melhor qualidade de vida e o nutricionista tem como objetivo garantir que essa criança receba uma nutrição adequada para lidar com os desafios causados pela doença e pelo tratamento, promovendo sua recuperação e crescimento saudável.
Ou seja, quando a criança acometida por algum tipo de câncer é bem nutrida, geralmente tem uma melhor resposta aos tratamentos oncológicos, como quimioterapia, radioterapia e cirurgias, quando necessário.
Atuante na Onco-Hematologia do Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória (Hinsg), em Vitória, a nutricionista clínica Elaine Maria Christ aponta que alguns dos efeitos colaterais mais comuns no tratamento do câncer infantojuvenil são as alterações no paladar, perda de apetite, dificuldade de deglutição e problemas gastrointestinais, o que pode resultar em perda de peso e desnutrição.
Por isso, ela lembra que o nutricionista precisa vencer os desafios para manter o interesse da criança durante o tratamento e internação, e adaptar a dieta para garantir uma boa nutrição alimentar aos pequenos guerreiros. “A alimentação deve ser ajustada na consistência, textura e tipo de alimentos, bem como as preferências alimentares do paciente. Fracionar as refeições diminuindo o volume e aumentando a frequência das refeições, alimentos de fácil digestão e mastigação, evitar alimentos gordurosos, ingerir água e bebidas como água de coco e sucos naturais. A temperatura dos alimentos também é importante - alimentos frios ou em temperatura ambiente têm maior aceitação pelo paciente. Outro fator importante é o odor forte da comida que também pode causar enjoo. A nutrição é um destaque primordial na prevenção, tratamento e recuperação do câncer, e uma dieta com baixo consumo de farinhas refinadas e açúcares, isenta de alimentos industrializados e uso de suplementos são importantes”, explicou a profissional.
Em casa, o desafio para a família e cuidadores é ainda maior. Por isso, é importante a criação de um vínculo entre o profissional da nutrição hospitalar e a família para garantir boas estratégias que serão usadas no cuidado com o paciente quando este retornar para casa.
“É preciso envolver a criança nas escolhas dos alimentos, oferecer variedade e, se possível, deixar que elas participem do preparo quando estiverem bem. A participação da família é fundamental, pois os hábitos alimentares são fortemente influenciados pelo ambiente familiar e podem impactar a adesão do paciente ao plano alimentar”, destacou.
Empatia para lidar com histórias
No dia a dia dos corredores da Onco-Hematologia do Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória (Hinsg), é possível vivenciar histórias que mexem com o emocional dos profissionais das equipes multidisciplinares envolvidas no tratamento de crianças com câncer.
Segundo a nutricionista clínica da unidade, Elaine Maria Christ, é possível ver casos de pacientes que chegaram desnutridos, habituados a uma alimentação de baixo índice nutricional, baseada, em grande parte, em produtos industrializados, ganharem peso no decorrer do tratamento no hospital. Para ela, esse ganho de peso é uma vitória tanto para o setor de nutrição como para toda equipe que atua na unidade.
“Nem sempre é fácil lidar com a fragilidade física de uma criança com câncer e a sensibilidade emocional de seus familiares. É uma situação pessoal e emocional de cada profissional. Penso que a empatia é uma característica fundamental para lidar com esses pacientes”, disse.
Equipe multiprofissional garante integração ao tratamento do paciente oncológico
Para assegurar que os serviços especializados em oncologia pediátrica contem com equipes multiprofissionais, nas quais o suporte nutricional é parte essencial do cuidado, a Sesa organiza a rede de atenção oncológica de forma integrada. Esse acompanhamento visa melhorar a resposta ao tratamento, reduzir complicações e contribuir para a qualidade de vida dos pacientes.
E os nutricionistas desempenham papel fundamental no processo, atuando desde a avaliação do estado nutricional do paciente pediátrico até a prescrição dietoterápica individualizada. O objetivo é garantir a ingestão adequada de nutrientes, preservar a massa muscular e auxiliar no controle de sintomas que podem surgir durante a quimioterapia ou radioterapia, como náuseas, alterações no paladar e falta de apetite, garantindo aos pequenos uma resposta ao tratamento, além de preservar o estado nutricional e proporcionar mais qualidade de vida nesse processo.
Segundo a referência em Promoção da Saúde e Nutricionista da Sesa, Raiany Boldrini Christe Jalles, é importante oferecer alimentos nutritivos, fracionar as refeições ao longo do dia e respeitar as preferências alimentares do paciente, sempre observando sinais de perda de peso ou dificuldades para se alimentar. “Caso esses sinais apareçam, é importante comunicar à equipe de saúde para que as intervenções necessárias sejam adotadas rapidamente. É importante lembrar que estratégias alimentares específicas também auxiliam na redução da fadiga, promovendo mais disposição para seguir o tratamento”, ressaltou.
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