Estado fecha o último manicômio

O Governo do Estado encerrou o vínculo que possuía com a Clínica Santa Isabel, de Cachoeiro de Itapemirim, colocando fim às internações psiquiátricas de longa permanência na rede pública de saúde do Espírito Santo. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) transferiu os 21 pacientes, que ainda estavam na clínica, para três novas residências terapêuticas em Cariacica, abertas exclusivamente para receber estes pacientes.
“Quando assumimos a gestão, iniciamos este processo. Em janeiro de 2015, a Clínica abrigava 360 pacientes pelo SUS (Sistema Único de Saúde), e hoje não temos mais nenhum paciente. É um marco histórico, mais um passo que estamos dando dentro da lógica da Política Nacional de Saúde Mental”, afirmou o secretário de Estado da Saúde, Ricardo de Oliveira.
Esse trabalho contou com o apoio da Superintendência Regional Sul e da Área Técnica de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas da Sesa. Para o psiquiatra, Zanandré Avancini de Oliveira, este é um momento importante, pois coloca o Espírito Santo em condições de avançar na discussão sobre saúde mental e nas articulações para a construção de uma rede de assistência alinhada à Política Nacional de Saúde Mental.
“Isto é uma vitória. Agora, internação somente nos casos em que o paciente estiver em crise e por períodos curtos, não mais tratamentos que promovam a exclusão social”, explicou o médico da Área Técnica de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas da Sesa, Zanandré.
Segundo Zanandré, a Sesa já possuía 15 residências terapêuticas na Grande Vitória e abriu mais três para abrigar os últimos pacientes retirados da Clínica Santa Isabel. Foram abertas duas residências tipo I, uma masculina e outra feminina, para pacientes com certa autonomia; e uma residência tipo II, mista, para pessoas com maior dependência de cuidados, a exemplo de pacientes cadeirantes e pacientes que apresentam quadro psiquiátrico regredido, necessitando de auxílio para tomar banho e se alimentar, por exemplo.
Residência terapêutica x hospital psiquiátrico
Diferentemente dos hospitais psiquiátricos, onde após anos de internação o paciente se torna morador pelas circunstâncias – na maioria das vezes por ser abandonado pela família –, as residências terapêuticas são moradias, de fato, e foram criadas para acolher pacientes que passaram dois anos ou mais internados e já não possuem vínculo familiar.
Nas residências, que contam com cuidadores, os pacientes não estão internados. Delas, eles podem e devem sair, quando possível, para ir a consultas médicas e para participar de atividades terapêuticas nos serviços de saúde locais, como os Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
Para internação de curta permanência, Zanandré ressaltou que o Espírito Santo conta, agora, com 35 leitos no Centro de Atendimento Psiquiátrico Dr. Aristides Alexandre Campos (CAPAAC), em Cachoeiro de Itapemirim; e 40 leitos no Hospital Estadual de Atenção Clínica (HEAC), em Cariacica. Além desses, há outros 12 leitos credenciados, no Sul do Estado, em hospitais filantrópicos e em um hospital da rede estadual. Desses leitos, localizados em Castelo, Mimoso do Sul e São José do Calçado, quatro já estão disponíveis.
“Esses leitos servem para internações de curta permanência, ou seja, de dois a três meses, isso quando o quadro do paciente é grave. Essa rede de atenção hospitalar para o paciente psiquiátrico está sendo estruturada para atender da forma que deve atender, mas os leitos já estão disponíveis. Os hospitais fizeram adequações físicas, inclusive, para que pudessem oferecer o serviço”, detalha o psiquiatra da Área Técnica de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas da Sesa.
Nesses leitos, são atendidos pacientes em surto, seja por descompensação do quadro psiquiátrico ou por crise de abstinência por uso abusivo de álcool ou outras drogas. E o objetivo da internação, segundo Zanandré, é estabilizar o paciente e colocá-lo de volta em seu ambiente, seja a família ou uma residência terapêutica, assim que apresentar melhora.
Zanandré diz que o objetivo é que, futuramente, os leitos de saúde mental sejam todos localizados em hospitais gerais, com no máximo 25 leitos por hospital, para evitar que o local assuma características de hospital psiquiátrico. Os pacientes internados – isso já acontece – são acompanhados pelo Caps local, a fim de prevenir o abandono do paciente pela família e manter o vínculo dele com a rede de atenção municipal.
O psiquiatra lembrou que existem muitos hospitais psiquiátricos ainda espalhados pelo Brasil e ressaltou que o Governo do Estado deu um passo muito importante ao encerrar as internações pelo SUS na Clínica Santa Isabel. “Fechamos o último manicômio do Espírito Santo”, concluiu.
Fluxo
A porta de entrada para o tratamento é a Unidade Básica de Saúde. A maioria destes pacientes deve ser acompanhada pelas unidades de saúde municipais. Os casos graves são encaminhados para o Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS), que é uma instituição destinada a acolher pacientes com transtornos mentais, estimular sua integração social e familiar e apoiá-los em suas iniciativas de busca da autonomia, oferecendo-lhes atendimento médico e psicossocial.
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