26/09/2024 07h45 - Atualizado em 26/09/2024 15h41

Missa em Ação de Graças homenageia doadores de órgãos no Convento da Penha

O mês de setembro é marcado pela campanha Setembro Verde em alusão ao Dia Nacional da Doação de Órgãos, que acontece nesta sexta-feira (27). Além de conscientizar sobre a importância da prática, a campanha busca incentivar que pessoas interessadas na doação voluntária conversem com suas famílias sobre esse desejo.

Em alusão à campanha, aconteceu, na tarde desta quarta-feira (25), uma Missa em Ação de Graças, no Campinho do Convento da Penha, em Vila Velha. A ação teve como objetivo demonstrar a gratidão aos doadores de órgãos e suas famílias e promover a importância desse gesto de solidariedade e contou com a presença de famílias doadoras e receptores de órgãos, proporcionando um momento de agradecimento e reflexão. Equipes da Central Estadual de Transplantes do Espírito Santo (CET-ES) estiveram presentes para esclarecer dúvidas e reforçar sobre a importância desse ato que salva vidas.

Durante a missa, celebrada pelo Frei Paulo César, os participantes receberam um brinde especial: uma pulseira de miçangas com a inscrição "Sou doador de órgãos", como forma de incentivo para que mais pessoas expressem sua vontade de doar aos familiares. Também foram distribuídos panfletos com informações detalhadas sobre o processo de doação de órgãos.

Segundo a coordenadora da CET-ES, Maria Machado, o evento teve como principal objetivo demonstrar gratidão aos que disseram sim à doação permitindo a continuidade da vida para muitos.

“Precisamos aumentar continuamente o número de doadores para possibilitar mais transplantes, que só podem ser realizados com a doação. Este mês é dedicado à mobilização da sociedade sobre a importância de se manifestar como doador de órgãos para seus familiares, despertando a consciência de que podemos oferecer uma nova chance de vida a outras pessoas quando chegar o momento da nossa partida”, afirmou.

Maria Machado ressaltou ainda que, para ser doador, é necessário apenas que a pessoa expresse seu desejo de forma verbal para seus familiares. “Embora algumas pessoas acreditem que é necessário registrar essa vontade em documento oficial ou em cartório, isso ainda não tem valor legal. A autorização para a doação cabe à família. Por isso, é fundamental que a pessoa comunique o seu desejo de ser doador aos seus entes queridos”, destacou.

Durante a celebração, frei Paulo César falou sobre a importância de as pessoas serem mais amorosas umas com as outras e ressaltou que cada ser humano tem uma missão. “Devemos ser mais amorosos uns com os outros. Somos enviados em missão a trabalhar mudanças nesta terra, resgatar valores e restaurar vidas. Para isso os discípulos são livres e desapegados. Desistir da luta, desanimar, jamais. Cristão que se preza vive e morre fazendo o bem”, disse o frei Paulo César.

 

As histórias

Em fevereiro de 2019, Solange Silveira Cora se viu diante de uma situação muito complexa na família. Seu irmão foi assassinado aos 42 anos, em seu local de trabalho. Diante da dor pela perda de seu ente, ela foi ao Departamento Médico Legal (DML) realizar os procedimentos de liberação do corpo, quando foi abordada pela equipe sobre a possibilidade de doação das córneas.

“Na época eu não tinha muito entendimento sobre como era o processo de doação de córneas. Quando fui abordada pela equipe do DML falando sobre essa possibilidade, não pensei duas vezes e autorizei a captação. Sou doadora de órgãos desde sempre. Não apenas doadora de órgãos e tecidos, mas sou doadora de amor também, pois trabalho na área da saúde e estou muito ligada a essa questão do amor ao próximo. Então quando tive a oportunidade de decidir, não retruquei. Sei que foi possível ajudar duas pessoas que voltaram a enxergar graças ao olhar do meu irmão. Sou muito grata a Deus pela oportunidade de, naquele momento, dizer sim. É muito difícil estar ali no luto diante daquela tragédia, mas poder ajudar de alguma forma alivia a dor. Sei que ele (irmão) vive de alguma forma”, contou Solange.

Já a cabeleireira Mitsi Mary Rossi e seu esposo Joacyr Braz Rossi, aposentado, viveram os dois lados dos processos de doação de órgãos. Eles foram doadores e, anos depois, receptores.

Mitsi contou que em 2005 seu filho, na época com 20 anos, sofreu um acidente de moto, foi internado, mas não resistiu e teve a morte encefálica confirmada quatro dias após o acidente. Sendo o jovem esportista e universitário, ela contou que ele sempre conversou em casa sobre seu desejo de ser doador de órgãos e poder salvar outras vidas. “Então não tivemos dúvidas pois já sabíamos qual era sua vontade. Foram doados duas córneas, dois rins e o fígado. Temos saudades dele, mas muita alegria por saber que fizemos a vontade dele”, disse.

Já o aposentado Joacyr Braz Rossi, já sabia, anos antes de perder o filho, que tinha hepatite, doença descoberta após uma doação de sangue. Durante muito tempo ele fez acompanhamento médico para controlar a doença. Aproximadamente 9 anos após perder o filho, após ser acometido por uma bactéria, o problema agravou e ele foi diagnosticado com ascite (acúmulo de líquido no abdômen que pode ser causado por distúrbios hepáticos), precisando, dessa forma, entrar na fila para um transplante de fígado. Após um ano e meio o novo órgão chegou e ele realizou o procedimento.

“A gente não tinha ideia que iríamos viver os dois lados. Foi muito difícil viver esse lado de estar na fila. Quando tivemos a felicidade de alguém ter o mesmo gesto que tivemos anos antes de doar, foi maravilhoso. Depois do transplante até hoje, minha vida segue normalmente. Faço de tudo com tranquilidade e só tenho a comemorar o meu segundo nascimento”, contou Joacyr.

 

Os números no Espírito Santo

Dados da Central Estadual de Transplantes do Espírito Santo (CET-ES) mostram que no ano de 2022, o estado registrou 51 doadores efetivos e o número de transplantes de órgãos sólidos (coração, fígado e rins) foi de 104. No ano seguinte, 2023, o número de doadores efetivos durante todo o ano passou para 73, um aumento de 43%. Já o número de transplantes de órgãos sólidos realizados, 142, uma taxa de crescimento de 36%. 

Já este ano, de janeiro a agosto, foram 59 doadores efetivos, com 115 transplantes de órgãos sólidos realizados. Comparado ao mesmo período (janeiro a agosto) de 2023, houve um aumento de 18% no número de doadores efetivos já que, naquele ano foram registrados um total de 50 doadores efetivos entre os meses de janeiro a agosto. Em relação ao número de transplantes dos mesmos órgãos realizados, a taxa de crescimento foi de 21%, já que nos oito primeiros meses de 2023 foram realizados 95 transplantes de órgãos sólidos.

Neste ano, até o dia 24 de setembro, 2.503 capixabas estavam aguardando por um órgão no Estado, sendo 1.164 para rim, 1.289 para córnea, 45 para fígado e 5 à espera de um coração.

Saiba mais sobre o processo de doação de órgãos em https://saude.es.gov.br/transplantes.

* Confira fotos aqui

 

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