30/12/2020 17h00

Sesa faz balanço do enfrentamento à Covid-19

Há dez meses, o surgimento do novo Coronavírus (Covid-19) promoveu uma mudança na rotina da população em todo o mundo, com uma crise que favoreceu o exercício da criatividade na gestão para garantir o atendimento à população de maneira rápida e eficiente.

Esse cenário desafiador foi analisado pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes. Confira: 

O ano

Vivemos um ano extremamente difícil em que o mundo viveu um desastre epidemiológico. No primeiro momento, na fase de preparação dos estados e do País para enfrentar uma doença desconhecida, que, em dezembro de 2019, surgia na China e se espalhou por todos os continentes, conseguimos acertar na projeção quanto à fase de aceleração e crescimento da curva de casos, o que ocorreu entre os meses de maio e junho de 2020.

Medidas administrativas

Nós conseguimos elaborar um conjunto importante de decisões administrativas de preparação da rede própria, valorizando a rede existente e ampliando a capacidade da rede em nível estadual para suportar toda a pressão assistencial provocada pela pandemia.

A expansão da rede assistencial de início foi questionada por muitos companheiros. Lembro que quando o então ministro Luiz Henrique Mandetta anunciava a estratégia de mil leitos de UTI para o Brasil inteiro para enfrentar a chegada do novo Coronavírus, quando se falava de pegar doentes de um Estado e levar para outro, porque não havia leitos de UTI suficientes em alguns estados, nós já tínhamos quase 400 leitos de UTI preparados na expansão. Conseguimos chegar a 1.500 leitos equipados dedicados a pacientes com a Covid-19, sendo de UTI e de enfermaria, e contratar mais profissionais. Conseguimos ter uma resposta rápida da Atenção Primária, que se adaptou incorporando tecnologias e novos serviços.

Tínhamos uma carteira de projetos importantes que puderam ser antecipados por conta da capacidade administrativa de acelerar processos de compra para poder incorporar processos tecnológicos no atendimento.

Transparência

Com uma gestão estratégica, fizemos o Estado ser campeão de transparência nos dados sobre a doença e disponibilizamos também um painel exclusivo para informações sobre todos os processos de compra que envolveram a pandemia.

Coesão

Transcorremos o ano sem colapso na rede assistencial e, no contexto em que o governador do Estado, Renato Casagrande, conseguiu liderar o Estado com uma postura moderada e mediadora, de muito diálogo com a sociedade e com as entidades de classe, incluindo a academia.

Tudo isso na perspectiva de conseguir coesionar o Estado e não cair nas polarizações que dificultaram o enfrentamento à pandemia desde o início. Em 2020, o Espírito Santo conseguiu demonstrar para o País como é possível a gestão pública funcionar de maneira transparente e ágil, com planejamento estratégico e com capacidade de desenhar vários cenários de risco e de responder rapidamente aos diversos cenários que fomos vivenciando.

Salvar vidas

Nós salvamos muitas vidas. Toda a expansão que conseguimos garantiu o atendimento assistencial a quem precisou, no entanto, nós reconhecemos e lamentamos as mortes que nós tivemos. Nada que possamos dizer trará as pessoas de volta. Nós respeitamos muito a dor dos familiares de capixabas que perderam a batalha para o Coronavírus, mas fizemos tudo que era possível e optamos pela ciência. Optamos pela vida.

Testagem

Conseguimos ter uma capacidade de testagem ampliada. No início, fazíamos de 20 a 30 PCR por dia. Hoje, processamos quase três mil testes por dia! Nos tornamos um dos melhores estados do País em capacidade de testagem. Alcançamos uma capacidade de testagem que permitisse que fizéssemos um reconhecimento universal das etapas da pandemia.

Fomos evoluindo essa capacidade e chegamos ao mês de novembro/dezembro numa capacidade de mais do que o dobro do que tínhamos na primeira expansão da doença. Reconhecemos que o Espírito Santo conseguiu se mobilizar na garantia do acesso, tanto no diagnóstico quanto na produção de dados, para reconhecer o comportamento real da pandemia.

Acertos

Acertamos na organização do sistema. Acertamos ao apostar em evidências científicas e não em compostos medicamentosos que não possuem eficácia comprovada. Tivemos a capacidade de enfrentar esses debates, inclusive sobre o hospital de campanha em que éramos criticados por não fazer – uma estrutura provisória cara e de difícil administração.

Em nosso Estado, vivemos uma situação em que a polarização ocasionou tensão no enfrentamento à pandemia, porém conseguimos enfrentar o debate ideológico e fazer com que a sociedade entendesse o conjunto de medidas que foram necessárias serem tomadas em todos os momentos.

Segunda expansão

A segunda expansão da doença e mutações que o próprio vírus pode apresentar são desafios diante de uma doença que já tem uma transmissão reconhecida. Sabemos como vírus é transmitido e como romper a cadeia de transmissão, só que é difícil coesionar as pessoas o tempo todo.

A segunda expansão chega num contexto de esgotamento do enfrentamento da pandemia; esgotamento da capacidade de fechamento das atividades econômicas; ausência de, no Brasil, ter uma agenda econômica capaz de suportar a crise dos diversos setores que foram afetados; e o fim do auxílio emergencial no mês de dezembro pode implicar um conjunto muito grande de desafios para todos os governos. O auxílio emergencial deveria ser prorrogado.

Temos o Verão, que apresenta maior perigo pelas aglomerações que estimulam o contágio. Vários municípios passam a receber um fluxo maior de pessoas no litoral. Precisamos conclamar a sociedade para que mantenham as medidas de prevenção já adotadas.

Novecentos leitos de UTI

Ainda nesse período de segunda expansão da doença, temos o desafio de administrar a rede assistencial para outros agravos de saúde e também desafios como a sazonalidade de outras doenças, como, por exemplo, as arboviroses, que, no período do verão, aumentam a incidência de dengue Zika e Chikungunya.

Assim como ocorreu na primeira expansão da doença, nós desenhamos todos os cenários possíveis no momento que vivemos e desenhamos a possibilidade que ocorra uma pressão assistencial maior do que na primeira expansão. Por isso desenhamos uma estratégia capaz de ampliar até 900 leitos de UTI até o mês de fevereiro. Estamos em contato com os novos prefeitos eleitos, sempre compartilhando as estratégias para que haja sincronia e que o Estado consiga seguir dando o exemplo no tratamento da pandemia.

Vacina

O Brasil poderia ter sido pioneiro no mundo no desenvolvimento de produção de vacinas. Hoje, ao invés de estarmos preocupados com a compra de vacina, poderíamos estar produzindo e vendendo para diversos países do mundo. O Brasil abandonou a perspectiva de um desenvolvimento tecnológico mais robusto do complexo médico-industrial. As vacinas são a principal medida de prevenção primária capaz de encerrar esse capítulo trágico no nosso País, que é a contaminação pelo novo Coronavírus.

Nós estamos preparados para vacinar a população capixaba. Toda a logística está definida para isso. Nós nos antecipamos na compra das seringas e assim que chegar a vacina iniciaremos conforme os grupos que foram definidos. Infelizmente, o Governo Federal não apresentou até o momento um calendário completo sobre a vacina. A União é quem de fato tem o poder de compra de diversas vacinas para garantir a vacinação de toda a população.

Entendemos que o Brasil está errando até agora em não ter apresentado um calendário de vacinação para 100% da população. Por isso, mantemos a pressão junto ao Governo Federal e também junto a outros governadores para que todas as vacinas que estão em estágio avançado de desenvolvimento e segurança sejam adquiridas pelo Governo Federal e disponibilizadas a toda população brasileira. Caso ocorra uma fratura no Plano Nacional de Imunização, temos articulado algumas estratégias com governadores e prefeitos na perspectiva de construir alternativas na aquisição de vacina para incrementar a oferta do PNI e garantir vacinação para os grupos prioritários.

Há um contexto muito difícil em que as grandes indústrias já se comprometeram com grandes compradores internacionais e fica cada vez mais difícil de haja vacina suficiente para todos os brasileiros com essa demora do Governo Federal. Espero que, em 2021, consigamos vencer de fato a pandemia, garantindo a vacina para toda a população.

2021

Vamos estabelecer uma agenda robusta para atendimento e expansão do Sistema Único de Saúde (SUS). Estamos apresentando para os prefeitos eleitos os relatórios de cobertura da Estratégia Saúde da Família e pretendemos ampliar a Atenção Primária à Saúde em nosso Estado, promovendo um pacto pela saúde capixaba em que o Estado tenha 100% de cobertura da Atenção Primária, que garanta que a cada família tenha um médico de saúde da Família e Comunidade. Estamos também promovendo a expansão da atenção especializada da rede hospitalar, que, em especial, receberá um legado no enfrentamento à pandemia, pois dobramos a quantidade de leitos e conseguimos antecipar diversas agendas do Planejamento Estratégico da Sesa.

Haverá um legado da estratégia capixaba de enfrentamento à pandemia.  Teremos uma nova infraestrutura hospitalar que foi expandida com tecnologia incorporada, recursos qualificados e uma geração de profissionais que se dedicaram em um momento muito crítico e que agora estão mais preparados ainda.

A estratégia capixaba liderada por Renato Casagrande é na montagem de um novo SUS, que emergirá a partir da pandemia, com a expansão da saúde pública; expansão da atenção hospitalar e reconhecimento da ciência e a defesa da vida.

Informações sobre a Covid-19 no Espírito Santo:

Painel Covid-19 ES: https://coronavirus.es.gov.br/painel-covid-19-es


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