O Hospital Estadual Jayme Santos Neves, na Serra, realizou, nessa quinta-feira (25), o IV Simpósio de Doação de Órgãos de Tecidos. O evento foi marcado por palestras e depoimentos emocionantes de familiares de pacientes que disseram “sim” à doação de órgãos. O Simpósio acontece em alusão à campanha nacional do “Setembro Verde”, voltada à conscientização e à mobilização da população sobre a importância da temática.

Uma das histórias que emocionou os participantes foi a de Josevaldo Fernandes, cuja filha, Milena Basílio, deu entrada na maternidade da unidade, que é referência gestação de alto risco, mas, devido a complicações, acabou falecendo. Mesmo em meio a dor da perda, ele autorizou a captação de órgãos para que pudessem ajudar pessoas que aguardavam por uma nova oportunidade. Foram captados rins e as córneas.

“Minha filha era uma jovem saudável, não bebia, não fumava, deu entrada no hospital em maio deste ano para dar início aos procedimentos do parto, mas devido a uma complicação acabou falecendo. Na hora, foi difícil receber aquela notícia, mas eu também não podia, como pai, permitir que outras famílias sentissem o que eu senti. Foi quando eu disse ‘sim’ e autorizei o hospital a fazer a captação dos órgãos que fossem necessários. Graças a isso, hoje sinto que minha filha ainda vive neste mundo, mas no corpo de outra pessoa. E sou grato também por ter minha neta, ainda que tenha perdido minha filha”, contou Josevaldo.

Outro depoimento emocionante foi o da técnica de enfermagem Denise Santos Thompson da Silva, que perdeu o irmão Denis Santos há dois meses. Coube ao profissional a decisão de autorizar a captação dos órgãos. “Sou a irmã mais velha da família e o Denis era como um filho. Por já trabalhar na área, eu sabia o que o início de protocolo significava. Doar órgãos é um ato de amor, é uma ressignificação da dor que sentimos. É a expressão máxima de amor que uma família pode ter para com outra família”, explicou Denise.

Além do depoimento de familiares, o Simpósio também contou a participação do subsecretário de Estado de Contratualização, Héber de Souza Lauar; da coordenadora da Central Estadual de Transplantes do Espírito Santo (CET-ES), Maria Machado; e do coordenador do Banco de Olhos do Hospital Evangélico de Vila Velha (BOHEVV), Bruno Majevski.

“Trabalhamos 24 horas por dia para que estejamos sempre preparados para a ocorrência de alguma captação de órgãos. Temos hoje no Estado uma fila de espera por transplantes com 2.709 pessoas, sendo que, desse total, cerca de 1,5 mil aguardam por córneas. Infelizmente, a taxa de recusa da família em doar órgãos é de 50%. Daí a necessidade de ampliar o debate e a conscientização sobre a doação, para que mais famílias possam dizer sim, mesmo em um momento de luto e tristeza”, explicou a coordenadora Maria Machado.

Para o diretor-geral do Hospital Estadual Jayme Santos Neves, Joubert Andrade da Silva, doar órgãos é doar vida. “Tenho muito orgulho em afirmar que o Hospital Jayme é referência no atendimento de alta complexidade e desempenha um papel importante no Sistema Estadual de Transplantes, atuando em conjunto com a Central Estadual de Transplantes para viabilizar esses procedimentos”, afirmou.

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