02/01/2024 08h30

Usuários do CAPS Cidade representam Espírito Santo em Conferência Nacional de Saúde Mental

Com o tema “A política de Saúde Mental como Direito: pela defesa do cuidado em liberdade, rumo a avanços e garantia dos serviços de atenção psicossocial no SUS”, a  5ª Conferência Nacional de Saúde Mental (CNSM) Domingos Sávio, realizada de 11 a 14 de dezembro, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília (DF), contou com a presença de três usuários do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Cidade, representando o Espírito Santo, um como delegado e outros dois como expositores. O CAPS Cidade está localizado dentro da Superintendência Regional de Saúde de Vitória (SRSV), em Cariacica.

“Nós recebemos um convite do Ministério da Saúde para levar um delegado eleito democraticamente para participar ativamente do debate e falar enquanto usuário de CAPS das propostas que foram aprovadas nas etapas municipal, regional e estadual, com direito a voto para as decisões referentes a 2024. E além disso, inusitadamente, para indicar dois usuários que fazem trabalhos dentro da política nacional de Economia Solidária”, contou a coordenadora do CAPS Cidade, Adriana Lúcia de Souza Zoppi.

Segundo a coordenadora, é a primeira vez no Espírito Santo que três usuários viajam para participar sozinhos, sem um acompanhante do CAPS Cidade, do evento nacional. “Como delegado, na categoria usuário, foi Pedro Ronque Boa. E como expositoras, Danielle Cristina Lima e Sunamita Gomes Ferreira Faustino, que levaram o que produzem aqui dentro. É importante lembrar que enviá-los sozinhos mostra a importância de nosso trabalho na construção da autonomia e protagonismo para com os usuários, como a capacidade de viajar sem ter alguém responsável por sua tutela”, frisou.

A coordenadora do CAPS Cidade lembra que isso é muito importante porque quando se fala de saúde mental, transtorno mental, sofrimento psíquico, as pessoas automaticamente associam à incapacidade, a pessoa não ter condições de cuidar de si própria e do outro. “Nosso trabalho é justamente o inverso, é mostrar que eles podem caminhar e viajar sozinhos, além de trabalhar. Também podem e devem - e têm direito - de sonhar. Elas são engajadas na política da Economia Solidária. Mas, claro, o que parece muito simples para nós, certamente não é para um usuário do CAPS, como pegar um avião e ficar em hotel. Mas é possível e a prova é que os três pegaram avião sozinhos, com conexão, chegaram lá e puderam ter essa experiência única, sem nenhum contratempo. Nossos usuários foram os únicos de todos os estados do Brasil sem ter um profissional acompanhando, fomos pioneiros e servimos como modelo”.

Adriana Zoppi explicou ainda que, embora sozinhos, os três foram monitorados de longe pela equipe do CAPS Cidade e também contaram com o apoio de alguns profissionais do Estado que estavam participando do evento.

“A gente conseguiu realizar o que pregamos, a liberdade e a autonomia dos usuários. São pessoas em tratamento, mas muito capacitadas. Lá, os três tiveram a oportunidade de encontrar e conhecer o trabalho de usuários de outros estados, de vender os seus produtos, de cuidar do seu próprio ‘negócio’, de falar sobre o CAPS Cidade, ter acesso a novas culturas, entre outras coisas. Foi uma troca muito rica de conhecimento. É a prova de que a arte é terapêutica, uma forma de cuidado, de vida e de expressão. E eles sentiram isso no evento, voltaram mais empoderados. Saúde mental é aposta, é não ter medo, é trazer dignidade a quem sofre de transtornos mentais”, garantiu.

 

Experiência única

Pedro Ronque Boa, que representou o Espírito Santo no evento, na categoria usuário, ressaltou que se sentiu muito bem indo sozinho ao evento. “Não estranhei o avião, cheguei em Brasília muito bem e o encontro foi maravilhoso. A gente levou muita proposta, agora vamos esperar os resultados”, disse.

Sunamita Gomes Ferreira Faustino, uma das expositoras do CAPS Cidade, contou que foi maravilhoso estar no evento ao lado de sua colega. “Éramos o único estande com duas usuárias expondo nossos produtos, sem qualquer tutela. Um momento único que vai ficar para sempre na minha lembrança. É um sentimento muito bom saber que às vezes nós estamos numa situação de saúde mental, mas alguém aposta na gente e no nosso trabalho. Aqui no CAPS Cidade apostaram e tudo correu bem. Nós queremos apenas poder mostrar quem somos e nossa capacidade de produzir”, destacou.

Sua colega expositora no estande, Danielle Cristina Lima, contou que foi um sentimento diferente. “Claro que a gente sabia que por trás estava o CAPS Cidade, existia uma coordenadora, uma terapeuta, uma equipe nos apoiando de longe, mas o sentimento era de vitória, de estar viva e de poder. Foi tudo tão maravilhoso, nós conhecemos outras pessoas, usuários de outros CAPS, fomos tratados de igual pra igual. Nós demos conta, fomos e voltamos bem. Hoje, penso diferente, que eu posso fazer CAPS pelo resto da vida, mas não preciso estar encapsulada, mas posso contar com essa família quando precisar”, afirmou.

 

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