28/05/2024 15h25 - Atualizado em 06/06/2024 15h43

Chuvas na região sul: ações de vigilância auxiliam no diagnóstico laboratorial em tempo oportuno

As fortes chuvas que caíram no sul do Espírito Santo, entre os dias 22 e 23 de março deste ano, marcaram um dos piores desastres climáticos já registrados no Estado. Para a saúde, as preocupações diante da exposição da população à água, lama e aos alimentos contaminados, durante e após as catástrofes, precisam ser trabalhadas de forma célere, visando à garantia do acesso ao cuidado, do diagnóstico e tratamento para interromper a cadeia de transmissão de doenças.

Em ações realizadas pela Secretaria da Saúde (Sesa), com o apoio da Superintendência da Regional Sul de Saúde e das secretarias municipais de Saúde, mais de dois mil exames foram encaminhados ao Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES), que, desde março, vem auxiliando no diagnóstico laboratorial em tempo oportuno.

Os exames, voltados ao diagnóstico de arboviroses, como dengue, Zika e chikungunya; para vírus respiratórios, como a Covid-19, Influenza e Vírus Sincicial Respiratório; e, principalmente, para casos suspeitos de Leptospirose. Ao todo, de 20 de março a 27 de maio, foram encaminhados 2.329 exames, oriundos dos municípios de Mimosos do Sul, Alegre, Muqui, Atílio Vivácqua, Jerônimo Monteiro, Cachoeiro de Itapemirim, Presidente Kennedy, Apiacá e Bom Jesus do Norte.

“O laboratório, ao longo de todo esse processo, fortaleceu as ações de vigilância, com o objetivo de mitigar os impactos causados pelas chuvas e no controle de doenças que podem sofrer aumento expressivo nestas ocasiões, como é o caso da Leptospirose. Foram mais de dois mil exames analisados, envolvendo um trabalho contínuo da nossa equipe”, destacou o diretor do Lacen/ES, Rodrigo Ribeiro Rodrigues.

No caso da Leptospirose, o município de Mimoso do Sul, um dos mais afetados pelas fortes chuvas, foi o que teve a confirmação da doença. Com pouco mais de 230 exames encaminhados ao Lacen/ES, oito deram positivos. Não há óbitos confirmados. Em relação à dengue, no mesmo período, foram 2.084 casos confirmados em todos esses municípios.

De acordo com a apoiadora do Ministério da Saúde no Espírito Santo para a Vigilância em Saúde dos Riscos Associados aos Desastres (Vigidesastres), Carla Estela Lima, uma das ações da saúde na região é a de evitar casos graves das doenças. “As ações em saúde visam a diminuir qualquer impacto de risco à saúde da população que foi atingida. Monitoramos possíveis doenças ou agravos que possam surgir por causa da exposição e atuamos diretamente no acompanhamento da população desabrigada, desalojada, pessoas vulneráveis, para garantir que tenham o serviço. A exemplo de pessoas que fazem tratamentos continuados, como hemodiálise, com a identificação desses e a organização para a sua garantia”, disse.

Para que os exames chegassem em tempo oportuno, equipes de saúde atuavam continuadamente nos municípios

Ainda no final de semana das fortes chuvas na região sul do Estado, profissionais da Secretaria da Saúde (Sesa) em nível central e da Regional de Saúde Sul foram in loco aos municípios para coordenar a resposta ao desastre. No município de Mimoso do Sul, um dos mais atingidos, todas as cinco unidades que compõem a Estratégia de Saúde da Família na cidade haviam sido afetadas, assim como a unidade de saúde que incluía setores de farmácia, almoxarifado, sala de vacinação e armazenamento de imunobiológicos.

“A vigilância de desastre atua na fase de preparação, vigilância e resposta. No caso dos desastres ocorridos na região sul do Estado, a atuação imediata foi na fase de resposta, com deslocamento de equipe e início dos trabalhos, como a implantação do Centro Operacional de Emergências em Saúde Pública (COE) na condução das ações, como a definição das prioridades a serem atendidas”, informou a apoiadora do Ministério da Saúde no Espírito Santo para a Vigilância em Saúde dos Riscos Associados aos Desastres (Vigidesastres), Carla Estela Lima.

Entre as prioridades estavam: garantir a assistência à população mais vulnerável e de maior risco; assegurar vagas em hospitais e leitos adequados, conforme a situação de cada paciente; realizar o levantamento de informações sobre a população mais vulnerável; acompanhar os abrigos; e definir o papel de cada profissional na frente de trabalho.

Com o apoio das secretarias municipais de Saúde, foi possível estruturar e reorganizar o atendimento na Atenção Primária, identificando as unidades mais apropriadas dentro dos municípios atingidos para atuar como ponto de apoio assistencial à comunidade.

Além disso, por meio do Núcleo Especial de Vigilância Epidemiológica (NEVE), da Secretaria da Saúde, foram promovidas capacitações de manejo clínico sobre leptospirose, Doenças Diarreicas Agudas, doenças de transmissão hídrica e alimentar, sobre a dengue, sobre meningite e também sobre vulnerabilidade de violência, além de visitas técnicas para apoio das equipes in loco.

Com as articulações e capacitações, segundo explicou Carla Estela Lima, os profissionais puderam atuar de maneira mais segura para a notificação de casos suspeitos e a coleta de exames. “A articulação se dá por arranjo de várias ferramentas e instrumentos, com o objetivo de empoderar e preparar esses atores estratégicos para saber lidar com situações de emergência. Nosso objetivo sempre vai ser de fortalecer os municipios na capacidade deles e, quando não tiverem condições, entramos para complementar. Quando ocorre um desastre, todas as áreas da saúde precisam ser acionadas, da vigilância à assistência”, sinalizou.

Nesse processo, ainda, a Sesa realizou a doação de computadores, notebooks, respiradores e de Equipamento de Proteção Individual (EPI) aos municípios de Mimoso do Sul, Alegre, Bom Jesus do Norte e Apiacá. Além disso, foram disponibilizados medicamentos, materiais para curativos e equipamentos provenientes de estoque próprio e também doados por prefeituras municipais, Fundação Estadual de Inovação em Saúde - iNOVA Capixaba e outras instituições públicas.

Aos municípios de Apiacá e Mimoso do Sul, também foram distribuídos imunobiológicos, caixas térmicas e termômetros, como reposição pelo Programa de Imunização, além da doação de uma câmara de refrigeração de 504 litros à Regional.

Ainda segundo a profissional, a Secretaria da Saúde dará início a uma série de encontros municipais, com capacitações on-line e oficinas presenciais para fortalecimento dos Planos de Contingência para desastre, pontuando, a partir da experiência recente, possíveis atualizações aos planos. Os encontros iniciarão pela Região Sul, onde cada município elencou um ponto focal para o assunto.

Participação de todos os setores

As ações da Secretaria da Saúde no sul do Estado, em especial no município de Mimoso do Sul, envolveram todas as áreas da saúde. A atuação se pautou seguindo três componentes, com ações estratégicas desenvolvidas por cada um. O primeiro componente é da Gestão, com a formação do Centro Operacional de Emergências em Saúde Pública (COE), da atuação do setor administrativo e da comunicação.

O segundo componente é o de Vigilância em Saúde, que, desde a participação do Vigidesastre, junto ao Centro de Informações Estratégicas e Respostas em Vigilância em Saúde (CIEVS), passa por ações estratégicas da epidemiologia, da vigilância ambiental e sanitária, do programa Vigiágua, da Imunização e do Lacen/ES. Pela assistência à saúde, compõe o terceiro componente, os trabalhos voltados à Saúde Mental, na Atenção Primária à Saúde, na assistência hospitalar e na regulação.

Além do envolvimento tripartite nas ações, com o Ministério da Saúde, a Secretaria da Saúde e as secretariais municipais, o município de Mimoso do Sul recebeu 10 técnicos da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS), após o Governo do Estado solicitar ao Ministério da Saúde, em decorrência das fortes chuvas. Os profissionais estiveram por 15 dias na cidade, auxiliando com orientações técnicas, ações de busca ativa e monitoramento de pacientes, atendimentos, liberação de medicamentos e apoio na reconstrução da rede de atenção à saúde local.

 

 

Informações à Imprensa:

Assessoria de Comunicação da Sesa

Syria Luppi / Luciana Almeida / Danielly Campos / Thaísa Côrtes / Ana Cláudia dos Santos

asscom@saude.es.gov.br    

 

 

 

2015 / Desenvolvido pelo PRODEST utilizando o software livre Orchard