07/12/2018 17h41 - Atualizado em 07/12/2018 17h44

Exposição de fotos e filme comemoram os 20 anos do Caps Moxuara

Nesta sexta-feira (07), o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Moxuara, em Tucum, Cariacica, completa 20 anos de funcionamento. Para comemorar a data, foi feita uma exposição fotográfica com um levantamento histórico da unidade, com 60 painéis e apresentação de um videodocumentário.

A exposição intitulada “Memória do Caps Moxuara 20 anos – Resgate e exposição” é resultado de um resgate documental com fotos e narrativas de funcionários e ex-funcionários. O material retrata cada um dos períodos de existência da unidade: de 1996 a 1997 (programa de atenção diária no Hospital Adauto Botelho); 1998 a 2002 (Implantação Política de Saúde Mental); 2003 a 2007 e 2008 a 2012 (Ampliação da Política de Saúde Mental) e 2013 a 2017/2018 (ameaças e retrocessos nas Políticas de Saúde Mental).

Aproximadamente 80 pessoas estiveram presentes na exposição, entre representantes da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), representantes da economia solidária, representantes da Saúde do município de Cariacica, ex-funcionários, familiares de usuários e usuários da unidade.

O Caps Moxuara é um serviço de referência para portadores de transtornos mentais graves e persistentes, acima de 18 anos. O serviço visa acolher pessoas em sofrimento psíquico estimulando a sua integração social e familiar por meio de ações que permitam sua autonomia com atendimento multiprofissional em saúde mental. De acordo com o gerente da unidade, Lincoln Carlos Macedo Gomes, atualmente 240 usuários utilizam o serviço, que funciona anexo ao Hospital Estadual de Atenção Clínica (Heac).

Gomes explicou que a assistência na unidade é feita por meio de equipe multiprofissional composta por médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, técnico e auxiliar em enfermagem. “Hoje o usuário não fica mais internado, e cada um tem um projeto terapêutico singular. Esse projeto terapêutico é que define como será o acompanhamento deste usuário: quantas vezes por semana e qual o tempo de tratamento para cada um. A média de frequência diária na unidade é de 45 a 60 usuários”.

O gerente ainda destacou que além do tratamento individual, os usuários também passam por um tratamento coletivo, por meio de oficinas terapêuticas, de geração de renda e atividades comunitárias como: passeios e eventos na região. “O Caps funciona em caráter ambulatorial, e de acordo com cada caso há indicação de medicamento, e o uso vai de acordo com a necessidade e orientação do médico psiquiatra, supervisionado pela equipe de enfermagem e demais profissionais da equipe”, disse.

Em relação a esses 20 anos de funcionamento da unidade, Lincoln destacou que o maior desafio nesse tempo foi conservar a manutenção do serviço. “Atualmente o serviço prioriza um trabalho de base territorial, ou seja, a gente busca desenvolver ações na comunidade com geração de renda, festas locais, ações de venda de produtos confeccionados pelos usuários em feiras públicas, e isso é importante, promover a inserção social”, frisou.

Assistente social há cinco anos na unidade, Mariluce Cornachini destacou que essas mostras realizadas no Caps Moxuara auxiliam os usuários na inserção social. “Toda essa prática do cuidado, o envolvimento deles nas atividades terapêuticas, faz parte de um processo de tratamento, que é o cuidado em liberdade, que a gente preza, acessando todos os direitos de cidadania. Tendo acesso à cultura, ao lazer e ao trabalho para que eles estejam realmente inseridos na sociedade”, disse.

Durante a solenidade pelos 20 anos do Caps Moxuara, o diretor-geral do Hospital Estadual de Atenção Clínica (Heac), Renato Vieira, destacou que cada profissional da unidade tem uma missão no processo de sociabilidade dos usuários. “Temos profissionais que já estiveram aqui e se dedicaram muito e agora vão seguir a vida aproveitando a aposentadoria. Outros, novos, que transformaram a escolha de trabalhar aqui em um desejo de dar o seu melhor para auxiliar na qualidade de vida dessas pessoas”, disse.

 

Homenagens

Durante a solenidade, enfermeiros, médicos psiquiatras, terapeutas ocupacionais, educadores físicos, auxiliares de serviços gerais, entre outros profissionais que já atuaram no local foram homenageados. Entre esses profissionais estava a artista plástica Maria da Penha Rocha Barros, que atuou na unidade desde a sua fundação, e se aposentou há aproximadamente um mês. Ela teve seu nome dado a uma sala de atividades no local.

O estagiário de Artes Plásticas do Caps Moxuara, Natan Dias dos Santos, também foi homenageado por ter participado ativamente da produção do videodocumentário.

Já o aposentado Manoel Rosa, de 80 anos, recebeu uma homenagem dos funcionários da unidade por ser o usuário mais antigo e mais velho atendido no local.

 

Agradecimento

Entre tantos usuários que são acompanhados pela equipe multiprofissional do Caps Moxuara, a mãe de um deles, Maria de Lourdes Ribeiro Costa, pediu a oportunidade para agradecer o tratamento oferecido a seu filho Ayslan. Ela contou que, antes de conhecer o Caps, cuidar do filho era uma luta diária, pois o rapaz tinha muitos surtos psiquiátricos.

“O Caps foi uma bênção na minha vida e na vida do meu filho. Após o tratamento ele não teve mais surtos. Antes ele tinha constantemente surtos psicóticos.   Quando ele tinha as crises ele ficava muito agressivo. Sou viúva e tinha muita dificuldade para lidar com aquelas crises. Na última vez em que ele foi internado no antigo Adauto Botelho, a mãe de um interno comentou sobre o Caps comigo, e eu procurei a assistente social para tentar conseguir uma vaga de tratamento para ele, e graças a Deus eu consegui. E depois disso ele não teve mais surto. Hoje ele vem sozinho, pega o medicamento e pede para agendar consulta. Só tenho a agradecer a Deus e a equipe do Caps”.

 

Internações

Antes da Política Nacional de Saúde Mental, amparada na Lei 10.216/2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, pacientes com transtornos mentais eram internados em instituições afastadas dos centros urbanos e ficavam longe da família e da comunidade, o que ocasionou muitas histórias de abandono e perda de vínculos familiares.

Em 2016, o Governo do Estado encerrou o último vínculo que possuía com um serviço de internação psiquiátrica adulto, em Cachoeiro de Itapemirim, e transferiu os pacientes que ainda estavam na clínica para residências terapêuticas, virando a página das internações psiquiátricas de longa permanência na rede pública de Saúde do Espírito Santo.

Nos últimos nove meses, segundo Lincoln, apenas duas internações foram registradas entre os usuários do Caps Moxuara. Ele destacou que a internação só ocorre em casos extremos. “Com o acompanhamento multidisciplinar o usuário demora a ter a necessidade de atendimento hospitalar, já que é monitorado constantemente. A função da nossa equipe é manter a estabilização pelo maior tempo possível. Ter 240 usuários e apenas duas internações em nove meses é uma vitória”, comemorou.

O enfermeiro ainda explicou que o Caps Moxuara é um serviço de porta aberta onde qualquer cidadão de Cariacica pode buscar atendimento de forma espontânea ou referenciado por um serviço da atenção primária. No entanto, em caso de uma crise psiquiátrica a pessoa deve ser encaminhada para atendimento no hospital de urgência psiquiátrica.

 

Histórico

O Caps Moxuara, em Cariacica, foi inaugurado em 1998. No entanto, o serviço nasceu em 1996, como um Programa de Atenção Diária do então Hospital Adauto Botelho (Hoje Hospital Estadual de Atenção Clínica) e posteriormente Unidade de Atenção Diária, com aplicação de práticas de cuidados diferenciadas, humanística e inclusiva, realizadas pela equipe de profissionais.

Visando ao fortalecimento da reforma psiquiátrica e das práticas de desinstitucionalização no Espírito Santo, o serviço foi habilitado junto ao Ministério da Saúde como Centro de Atenção Psicossocial tipo II (que oferece atendimento individual medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros; atendimento em grupos com psicoterapia, grupo operativo e atividades de suporte social; atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissionais de nível superior ou nível médio; visitas domiciliares; atendimento à família; atividades comunitárias focando na integração do doente mental na comunidade e sua inserção familiar e social), e de gestão estadual.

 

Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Saúde

E-mail: asscom@saude.es.gov.br

Tels: (27) 3347-5642/3347-5643

 

 

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