Há cerca de três meses, a explosão de um quiosque em Jacaraípe, na Serra, mudou a vida do Fábio Trindade Silverol. Morador de rua, o rapaz de 22 anos, dormia no local do acidente e teve mais de 70% da superfície corporal queimada. Socorrido para o Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, na Serra, o paciente permaneceu internado na Unidade de Tratamento Intensivo do Centro de Tratamento de Queimados (UTQ) por 20 dias, período em que passou por inúmeras cirurgias e foi diagnosticado, já no primeiro dia, com hiperemia conjuntival.

A inflamação da conjuntiva foi acompanhada de perto pelas equipes médicas, incluindo, pareceres de oftalmologistas que, no dia 19 de agosto, orientaram o paciente quanto ao prognóstico visual reservado.

“Apesar das extensas lesões, o Fábio estava evoluindo bem ao tratamento proposto. Tínhamos conseguido tirá-lo do estado crítico e fizemos o desmame da sedação, mas os olhos eram um ponto de atenção. Estávamos acompanhando desde o primeiro dia porque ele teve queimaduras em face, mas o diagnóstico não foi favorável. Ele precisava passar por um transplante de córnea de urgência, caso contrário, ficaria cego”, afirmou o cirurgião plástico do Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Dr. Jayme, Fabrício Regiani.

A equipe não tinha mais tempo, os fluxos foram ajustados e o paciente cadastrado no Banco de Olhos. Em um intervalo de 15 dias, Fábio foi submetido a dois transplantes de córnea de urgência.

“Eu fui um paciente difícil, mas eles não desistiram de mim. Passei por muitas cirurgias, os banhos eram doloridos e ficar cego era meu grande medo. Com a ajuda dos profissionais consegui me recuperar, passei por dois transplantes e, a partir de agora, minha vida será outra. Quero ser uma pessoa melhor”, disse.

Alta hospitalar

A equipe do Serviço Social do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves acompanhou, desde a entrada do paciente na instituição, a evolução do Fábio dia após dia. “Nosso trabalho é muito próximo do paciente, justamente, para detectar possíveis problemas sociais. Além de garantir o bem-estar e segurança dele enquanto internado”, explicou Luana Feliz, coordenadora da Equipe Multidisciplinar do Hospital Dr. Jayme.

Por ele ser morador de rua, a assistente social procurou o Centro POP, serviço oferecido pela Secretaria de Assistência Social da Prefeitura Municipal da Serra, para abrigá-lo no momento da alta hospitalar e garantir uma alta segura. Os profissionais vieram à unidade avaliar a situação do paciente para conhecerem sua necessidade.

“O paciente já está em condições de alta hospitalar, ele será encaminhado ao Abrigo Arco Íris, também em Jacaraípe, na Serra. Vamos acolhê-lo e garantir atenção integral nesse primeiro momento. Em seguida, buscamos sua reinserção na comunidade”, destacou Tania Mara Molaes, coordenadora do Abrigo Arco Íris.

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