06/11/2023 13h52 - Atualizado em 08/11/2023 09h42

Palestra sobre Cuidados Paliativos reúne profissionais, estagiários e residentes no Dório Silva

Em alusão do Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, comemorado em 14 de outubro, o Hospital Estadual Dório Silva (HDS) realizou, na última terça-feira (31), o Simpósio “Cuidados Paliativos é Sobre Vida”. O encontro acontece anualmente no hospital e reuniu, neste ano, profissionais de saúde, estagiários e residentes que atuam com Cuidados Paliativos na unidade.

O evento contou com a palestra de Maria Gefé da Rosa Mesquita, enfermeira, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), membro da Academia Nacional de Cuidados Paliativos e uma das idealizadoras e voluntárias da Favela Compassiva Rocinha e Vidigal, que abordou o tema “Comunidades Compassivas: ampliando o acesso aos cuidados paliativos no Brasil na perspectiva do SUS”. Além disso, houve uma mesa-redonda sobre o tema “O processo de desospitalização do paciente em cuidados paliativos”, que trouxe a enfermeira da Equipe de Cuidados Paliativos do Hospital Israelita Albert Einstein e coordenadora da Pós-Graduação Cuidados Paliativos do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, Luiza Pina. 

“O objetivo é fortalecer, pautado em educação em saúde, estratégias que façam a diferença na assistência ao paciente. Falar de Cuidados Paliativos ainda traz muitos medos e mitos, e isso reforça ainda mais a importância de dialogar sobre o tema. O evento foi lindo, o engajamento e participação dos colegas e dos residentes também. A Comissão de Estágio do Dório se orgulha muito de contribuir na organização de encontros como esse”, ressaltou a profissional a enfermeira e membro da Comissão de Estágio do Dório, Layla Mendonça Lirio.

Alívio e conforto

A coordenadora do Núcleo de Cuidados Paliativos (NCP) do Dório Silva e preceptora da Residência Multiprofissional em Cuidados Paliativos pelo ICEPi, Renata Carina explicou durante a mesa-redonda que o Hospital Dório Silva tem a responsabilidade em oferecer o melhor cuidado para os seus pacientes, sobretudo considerando o acesso e a equidade para proporcionar alívio e conforto a quem mais precisa.

“Aqueles que sofrem com doenças avançadas e que ameaçam a sua vida, assim como os seus familiares envolvidos por essa condição. O NCP acompanha mensalmente cerca de 40 pessoas com essa abordagem humana e fundamental que é um direito previsto pela Organização Mundial da Saúde”, disse a coordenadora.

“A palestra sobre Comunidades Compassivas e a mesa-redonda sobre as questões trazidas pelos participantes do evento serviu para ampliar conhecimentos e discutir possibilidades de cuidado do paciente e familiares para garantir-lhes conforto e dignidade”, pontuou Kennedy Camacho, psicólogo e preceptor em Residência Multiprofissional em Cuidados Paliativos pelo ICEPi.

Comunidade compassiva

Maria Gefé começou sua apresentação dizendo que ela é “gente que gosta de gente” e contando como iniciou a sua trajetória na Favela Compassiva Rocinha e Vidigal, no Rio de Janeiro, ideia baseada no conceito de comunidades compassivas. Trata-se de uma iniciativa comunitária, associada aos Cuidados Paliativos, realizada por meio do trabalho voluntário, que começou em 2018, por iniciativa do enfermeiro, professor e doutor em Cuidados Paliativos Alexandre Ernesto Silva.

“A ideia surgiu de um conceito da Organização Mundial da Saúde (OMS) entre a década de 80 e 90, do movimento de cidades e comunidades saudáveis. E o que é isso? É a ideia de que a saúde é algo muito mais do que apenas a ausência de doenças. É saber voltar o olhar para o que está à nossa volta, às pessoas, o ambiente, à comunidade e, a partir daí, conseguir entender por que alguns ambientes, algumas comunidades, têm indicadores melhores que os outros. E trabalhar isso. E a saúde faz parte também desse cenário”, explicou.

A enfermeira destacou, ainda, que os Cuidados Paliativos não devem estar somente dentro do contexto dos hospitais. E o que isso significa? Ela explica que começa com o entender do indivíduo de que a morte é algo inerente à vida, o final de um ciclo. E dada essa realidade, existe o desejo de cada um, que pode, justamente, ser o de ficar ali mesmo, no seu espaço, na sua história, na sua família, na sua comunidade. “Afinal, se os sintomas da enfermidade estão controlados, se existe uma rede de apoio, se naquele local são proporcionados os Cuidados Paliativos, então, por que esse espaço onde a pessoa já está inserida não pode ser o melhor para permanecer?”, indagou Maria Gefé.

Para a profissional, o conceito é mais do que isso, é também observar sobre a importância da sociedade se ver como corresponsável no processo, é agregar todas as frentes que podem caminhar juntas com a proposta. “Criar laços comunitários, que não precisam ser necessariamente sanguíneos, podem ser também afetivos, com o foco no manejo do sintoma, na intervenção precoce, na prevenção e no alívio de sofrimento, que já fazem parte, aliás, do escopo da saúde pública”, frisou Maria Gefé.

Lideranças protagonistas

O objetivo é encontrar lideranças protagonistas que consigam desenvolver um olhar empático e compassivo para com essas pessoas, construindo relações dentro e para a comunidade. “E isso é uma tendência mundial, o cuidado paliativo para todos e não só para alguns. Isso se chama equidade, reconhecer que nem todo mundo é igual”, lembrou Maria Gefé.

A Favela Compassiva Rocinha e Vidigal, ressaltou a palestrante, é um modelo de atenção à saúde para pessoas elegíveis a cuidados paliativos, que reúne o controle social, a extensão universitária, o voluntariado e a compassiva sociedade civil, buscando integração às redes de atenção à saúde no Sistema Único de Saúde. “O modelo, inclusive, já está sendo implementado em outros lugares do Brasil.”

Maria Gefé explicou que além dos profissionais da saúde que trabalham de forma voluntária, o projeto também reúne agentes compassivos (voluntários) que são moradores da comunidade com o objetivo de acolher vizinhos como "afilhados", pessoas em cuidados paliativos e família, realizando visitas domiciliares periódicas dando acolhimento, criando vinculo, corresponsabilização, entre outros. O modelo conta, também, com a Associação Favela Compassiva.

Para concluir, Maria Gefé fez uma comparação entre as Hard Skills (competências relacionadas aos conhecimentos técnicos do profissional, mais fáceis de serem mensuradas) e as Soft Skills (mais voltadas para as habilidades e características subjetivas, muito ligadas à personalidade do indivíduo) da Comunidade Compassiva na Rocinha e Vidigal.

Na primeira, explicou, é perceptível o conhecimento técnico na área de atuação, a habilidade clínica, a habilidade diagnóstica e o manejo de sintomas. Na segunda, surgem a empatia e a compaixão, a inteligência emocional, a comunicação, o trabalho em equipe, a liderança e a gestão de conflitos. O objetivo é que ambas caminhem juntas sempre com foco no atendimento às pessoas da comunidade que precisam de Cuidados Paliativos.

 

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