Cerca de 80 profissionais – enfermeiros, médicos, assistentes sociais e psicólogos – que atuam nas Comissões Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTTs) em hospitais públicos, privados e filantrópicos de todo Espírito Santo participaram, na tarde desta quinta-feira (13), da 1ª Reunião de CIHDOTT de 2020, realizada pela Central Estadual de Transplantes do Espírito Santo (CET-ES).

A reunião teve como objetivo esclarecer as principais dúvidas sobre o Protocolo de Morte Encefálica e teve como tema a atualização sobre a Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) nº 2.173/2017, que regulamenta os critérios do Diagnóstico de Morte Encefálica. A equipe multidisciplinar deve compreender os eventos que surgem após a lesão cerebral grave, e quais os procedimentos necessários para se iniciar um protocolo de morte encefálica.

De acordo com a Resolução 2.173/2017, para a realização do protocolo de morte encefálica, é preciso que o médico seja capacitado por meio do Curso de Determinação de Morte Encefálica. A médica intensivista da CET-ES, Ana Cláudia Costa Nogueira Lopes, falou sobre a legislação em vigor e destacou que é importante reforçar as questões relacionadas ao diagnóstico e qual o perfil do paciente que deve ser submetido ao protocolo. "O diagnóstico de Morte Encefálica é um direito do paciente e a oportunidade da doação só deve ser disponibilizada para a família após o fechamento e o entendimento da morte pelos familiares”, reforçou.

O também médico intensivista da CET-ES, Maykel Gonçalves Santa Clara, falou sobre os pré-requisitos necessários para abertura do protocolo de morte encefálica, destacando que no Brasil o processo é um dos mais rigorosos do mundo.

“No Brasil é necessário realizar dois testes clínicos, um teste de apneia e um exame complementar, após a avaliação dos pré-requisitos necessários para o início de cada etapa”, explicou.

De acordo com a coordenadora da CET-ES, Maria Machado, a realização do curso é fundamental para capacitar os profissionais das CIHDOTTs sobre todo o processo, desde a abertura do protocolo até a comunicação da morte e a entrevista para doação de órgãos com os familiares.

“A Central Estadual de Transplantes iniciou desde o segundo semestre de 2019, a oferta do Curso de capacitação no diagnóstico de morte encefálica a todos os médicos e profissionais ligados ao processo de notificação, doação e transplante de órgãos no Estado”, disse Maria Machado.

Sistema de doação de órgãos no Brasil

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil tem o maior sistema público de transplantes de órgãos do mundo. Atualmente, cerca de 95% dos procedimentos realizados em todo o País são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Isso significa que, diferentemente de qualquer outra terapia médica, o transplante só ocorre com a doação.

O transplante de órgãos é um procedimento cirúrgico regulamentado por lei, no qual um órgão ou tecido doente é substituído por outro saudável, que tem por objetivo melhorar a qualidade de vida. Para isso, é preciso que haja doadores – vivos ou mortos. O transplante é um tratamento efetivo para muitas doenças e, eventualmente, se torna a única opção terapêutica.

Cursos de Determinação de Morte Encefálica

Para o primeiro semestre de 2020, três cursos sobre Determinação de Morte Encefálica estão previstos, para os meses de fevereiro, abril e maio. Ele tem como objetivo capacitar o médico no diagnóstico de morte encefálica de acordo com a Resolução nº 2.173/2017.

A duração de cada aula será de 8 horas, divididas em atividades teóricas e práticas.

Na parte teórica serão abordados os temas Conceito e diagnóstico de morte – morte encefálica; legislação; pré-requisitos; exame clínico; teste de apneia; exame complementar; e conduta pós conclusão do protocolo.

Já as aulas teóricas terão práticas de casos clínicos; teste de apneia; e comunicação de más notícias.

Agenda de cursos – 1º semestre de 2020

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