02/10/2023 17h20 - Atualizado em 03/10/2023 10h12

Sesa promove encontro estadual para fortalecimento da assistência das ISTs

O diagnóstico e o tratamento precoces para Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como HIV/Aids, sífilis, hepatites virais B e C e o cuidado integral das Pessoas Vivendo com HIV/Aids (PVHIV), além do fomento ao conhecimento científico e a educação continuada para profissionais de saúde que atuam nessas áreas, foram temas do Encontro Estadual para Equipes Multiprofissionais dos SAE/CTA, realizado pela Secretaria da Saúde (Sesa), por meio da Coordenação Estadual de DST, Aids e Hepatites Virais, nas últimas sexta-feira (29) e sábado (30), no Hotel Praia Sol, em Nova Almeida. 

A mesa de abertura contou com a participação do subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Orlei Amaral Cardoso; da coordenadora Estadual do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Fabiana Marques; da coordenadora Estadual de IST/Aids, Julimar França; e de Thiago Rodrigues, representante da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids (RNP+). 

Orlei Cardoso ressaltou a importância da temática do evento tanto em nível de Espírito Santo quanto de Brasil. “É um momento de capacitação e atualização junto à sociedade civil e especialmente aos profissionais de saúde que atuam diariamente no combate às ISTs/Aids/HIV. Essa troca de informação é essencial porque ajuda a melhorar os processos de trabalho e a produtividade”, explicou. 

Já segundo Fabiana Marques, esse momento é voltado para a discussão das políticas públicas de saúde das pessoas que vivem com HIV/Aids. “É a partir disso que a gente consegue pensar, ter novas ideias e propostas para fomentar o debate”, destacou.

A coordenadora Estadual de IST/Aids, Julimar França, explicou que o evento foi organizado com muito carinho e agradeceu a presença de todos. “Todos os palestrantes convidados a estarem neste evento se dedicam e trabalham exclusivamente em prol desta causa”, destacou. 

Em seguida, a palavra foi dada para o representante da RNP+, Thiago Rodrigues, que alertou para a questão da discriminação e do preconceito contra a doença, além de frisar que a capacitação serve também no sentido de conscientização. 

 

HIV/Aids

A primeira palestra do evento foi ministrada pela médica que atua na Coordenação Estadual de IST/Aids do Espírito Santo, Bettina Moulin Coelho Lima. Ela ressaltou que, no Estado, em 2020, houve 850 casos notificados de HIV/Aids, 1.141 em 2021 e 1.422 em 2022. Em 2023, de acordo com dados do e-SUS/VS, foram 1.335 até 19 de setembro. Vieram a óbito 41 (2020), 78 (2021), 88 (2022) e 48 pessoas até 19 de setembro. A Região Metropolitana concentra a maioria das notificações: 67,7%, considerando que é onde está mais concentrada a população, seguida do Sul (11,5%), Central (11,3%) e Norte (9,5%). 

“É importante explicar que, às vezes, quando se tem um município com muitos casos notificados, isso significa que a situação está pior? Ao contrário, isso pode significar que essa população está sendo mais testada e notificada. É muito importante ter esse olhar analítico no conjunto todo, pois ajuda a entender melhor as ISTs”, frisou Bettina Moulin. 

Além disso, a médica ressaltou que 72,85% das notificações são do sexo masculino e 27,15% do sexo feminino. De 15 a 64 anos, a doença atinge, predominantemente, o sexo masculino. Quanto à escolaridade, 356 notificações chegaram como ignoradas. 

“Esse é um dado importante também a ser levado em conta, preencher a notificação da forma mais completa é primordial. Saber a escolaridade é fundamental, porque, assim, é possível saber o grau de entendimento daquela pessoa quanto à doença. Isso pode mostrar que, em alguns casos, o profissional de saúde vai precisar falar de forma mais simples para a pessoa que não sabe ler, para que ela compreenda de fato como é o tratamento e a sua importância. Se vem como ignorada, não sabemos em qual categoria ela se insere”, salientou Bettina Moulin. 

A médica faz um alerta importante: uma pessoa que vive com HIV, fazendo tratamento de forma adequada, além de viver mais tempo e melhor, estando com carga viral negativa, não passa o vírus para outras pessoas. Já em relação às crianças, no caso de toda mãe que vive com o vírus e está grávida, o bebê fica exposto ao HIV/Aids, o que não significa que o bebê vai contrair o vírus da mãe.

“Nesse caso, é necessário destacar que a mãe que vive com HIV e que não faz o tratamento a chance de passar o vírus para o bebê é cerca de 25%, mas, se ela faz o tratamento da forma correta, não amamenta, e esse bebê faz a profilaxia (uso de medicação) durante 28 dias após o nascimento, a chance de ele contrair o vírus é menos de 1%. Portanto, seguir o tratamento reduz significativamente a transmissão”, ressaltou Bettina Moulin. 

Em 2023, até agora, foram 99 notificações de crianças expostas à doença (são aquelas que a mãe vive com HIV, mas a criança não necessariamente adquire o vírus da mãe). Em 2022, foram 171 notificações. “Portanto, quanto mais cedo o pré-natal começar, menos bebês estarão expostos ao HIV”, explicou a profissional.
 

Sífilis 

A médica Bettina Moulin também falou sobre a sífilis, que são de três tipos: a adquirida (do adulto), a da gestante e a congênita. Ela ressalta que todas têm cura, tem teste, tem preservativos para se proteger e, com três semanas, pode ser totalmente tratada. 

Em 2023, até o momento no Estado, 18,4% de crianças adquiriram sífilis congênita para cada mil nascidos vivos. “O número está alto e precisamos trabalhar para diminuir.  Quando a gestante não faz o tratamento da doença adequadamente, o risco de morte fetal é de 11%; de parto prematuro ou baixo peso ao nascer, 13%; e de bebês nascidos com sífilis, 20%. “Mas, se essa gestante recebe o tratamento adequado e no tempo certo, a probabilidade de isso acontecer é mínima”, garantiu a médica. 

Segundo ela, o caminho é voltar a máxima atenção para o pré-natal da mulher e do homem, à captação precoce da gestante, à realização de testes, ao tratamento adequado e oportuno, ao monitoramento e à notificação bem detalhada. A médica ressaltou ainda que as pessoas acometidas por ISTs normalmente não apresentam nenhum tipo de sintoma, aparentemente não têm nada, só vão descobrir por meio de testes rápidos ou exame em laboratório. 

“A primeira coisa que a pessoa precisa pensar é que ela pode ser sim portadora da doença e não saber. E, principalmente, que os testes rápidos são realizados em qualquer Unidade de Saúde e levam cerca de 20 minutos. A pessoa já sai de lá com resultado. Precisamos trabalhar para quebrar a cadeia de transmissão dessas doenças”, pontuou Bettina Moulin.

 

O que é necessário saber 

Em seguida, a especialista em Atenção Primária à Saúde e Infectologia, Rubia Miossi, que atua na área de doenças infecciosas do Hucam, ministrou a palestra “Tratamento/Acompanhamento de Pessoas vivendo com HIV/Aids. O que há de novo?”. Ela falou sobre o que é preciso ficar claro para PVHA após as primeiras consultas, sobre o que o profissional de saúde deve saber após as consultas e quando iniciar a terapia antirretroviral (TARV). 

O paciente precisa entender nas primeiras consultas, como o vírus causa a doença; viver com HIV é viver com Aids?; quais as formas de transmissão e as estratégias de prevenção; como a terapia antirretroviral (TARV) funciona e qual a sua utilidade; é possível viver bem com HIV?; a importância dos testes laboratoriais planejados e a utilidade para o tratamento futuro. 

“É muito importante também dar abertura para que o paciente fale abertamente sobre suas práticas sexuais e sintomas de IST. Essa conversa ajuda, e muito, a direcionar o tratamento”, completou Rubia Miossi. 

O evento teve sequência até o sábado (30), quando foram abordados outros temas, como “vacinação para pessoas vivendo com HIV/Aids; o papel da equipe multidisciplinar no acompanhamento e adesão ao tratamento das PVHA; novidades do PCDT Hepatite B; no diagnóstico e manejo de tuberculose; PrEP e PEP; toxoplasmose; HTLV; e os avanços e desafios da implantação do processo transexualizador no Espírito Santo.

 

 

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