08/09/2025 08h00

Setembro dourado: boletim traz dados epidemiológicos do câncer infantojuvenil no Espírito Santo

A Secretaria da Saúde (Sesa) publicou no início deste mês de setembro o “Boletim Epidemiológico sobre o Câncer Infantojuvenil”, em alusão ao “Setembro Dourado”. O material faz parte de uma ação do Núcleo Especial de Vigilância Epidemiológica, por meio da Vigilância do Câncer, a fim de contribuir na divulgação de dados em saúde produzidos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Voltado para toda a população, o boletim traz, além de dados, informações sobre como conhecer os principais sintomas do câncer nesse público, diagnóstico e tratamento. Além disso, tem disponibilizado aos profissionais de saúde e acadêmicos o panorama epidemiológico do câncer infantojuvenil no Estado nos últimos dez anos, com destaque para a distribuição dos casos por sexo, tipo de neoplasia, região de saúde e taxas de mortalidade, com base em dados provenientes dos sistemas oficiais de informação em saúde.

“A consolidação e a análise dessas informações visam fortalecer a atuação intersetorial e o planejamento das ações de saúde pública, com foco na redução das desigualdades regionais, na ampliação precoce e no do diagnóstico fortalecimento da Atenção às Crianças e Adolescentes com Câncer. Além de ser um espaço importante de divulgação dos dados de saúde”, ressaltou a epidemiologista e referência técnica de Vigilância do Câncer, da Coordenação da Vigilância das Doenças e Agravos não Transmissíveis, Larissa Dell’Antonio.

Segundo a profissional, este é o quarto boletim publicado e a expectativa é que as novas publicações sigam mensalmente, de acordo com as datas de sensibilização das campanhas, que são voltadas à conscientização do câncer e visam aumentar a visibilidade das doenças.

“Neste mês de setembro, trabalhamos com o Setembro Dourado, que é um movimento de conscientização sobre o câncer infantojuvenil, podendo auxiliar tanto a sociedade civil, quanto os profissionais de saúde ao longo do mês. A vigilância epidemiológica cumpre, neste contexto, um papel essencial na produção de dados que orientem ações resolutivas e de impacto real sobre a vida das famílias capixabas”, disse Larissa Dell’Antonio.

Dados câncer infantojuvenil

Segundo dados do Boletim Epidemiológico sobre o Câncer Infantojuvenil, no Espírito Santo, a estimativa de casos novos é de 150 para cada ano do triênio 2023-2025. De janeiro ao início de setembro deste ano, foram 91 novos casos de câncer infantojuvenil em todo Estado, entre crianças e jovens de 01 a 19 anos.

Em relação ao número de óbitos, foram 36 por câncer infantojuvenil de janeiro a setembro de 2025. A fonte de dados é do Painel de Oncologia e apresentam os dados dos casos de câncer tratados no Sistema Único de Saúde (SUS).

O que é câncer infantojuvenil

O câncer corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do organismo. Diferentemente do câncer do adulto, o câncer infanto-juvenil geralmente afeta as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação. As causas de câncer pediátrico são desconhecidas, entretanto, um pequeno número de casos de câncer em crianças e adolescentes (cerca de 10%) se devem a anormalidades genéticas ou hereditárias.

A médica oncologista pediatra e mestre em Saúde Coletiva do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG), em Vitória, Gláucia Perini Zouain Figueiredo, reforça a importância de um diagnóstico precoce, a fim de garantir uma maior eficiência no tratamento, possibilitando tratamentos menos agressivos. “A doença avançada gera tratamentos mais intensivos, maior morbidade e um aumento nos riscos de sequelas. Por isso, é fundamental que pais ou responsáveis se atentem aos possíveis sintomas e sinais que as crianças ou adolescentes apresentam ", enfatizou a oncologista pediatra Gláucia Zouain.

Sintomas

O câncer infantil geralmente apresenta sintomas e sinais que vão de acordo com o grau que a doença se encontra, e em especial, em qual parte do corpo ele está localizado. Muitas vezes esses sintomas revelam-se de maneira conjunta, de forma persistente e tendem a se agravar conforme o tempo.

A leucemia, que é o tipo mais comum de câncer em crianças, pode se apresentar por meio de sintomas como palidez, manchas roxas, febre persistente, sangramentos inexplicáveis, dores no corpo, inapetência e irritabilidade. 

As ínguas, que são linfonodos aumentados, são recorrentes em crianças e frequentemente fazem parte de processos infecciosos. Entretanto, as ínguas que devem ser tratadas como suspeitas são as caracterizadas como grandes, de consistência dura, indolores e sem sinais de infecção.

Vômitos e dores de cabeça, especialmente pela manhã, juntamente com sinais neurológicos, como diminuição da força muscular, alterações na marcha ou na visão, podem indicar a presença de um tumor no sistema nervoso central. Além disso, em crianças menores de 3 anos o aumento anormal do perímetro craniano pode ser um sinal de alerta para tumores nessa região.

A médica Gláucia Perini Zouain Figueiredo esclarece que todos estes são sinais de alerta e não um diagnóstico concreto. “A criança e o jovem podem estar com um bom estado geral no início do quadro, o que dificulta a relação com doença de tamanha gravidade. Algumas vezes, na primeira consulta pode não haver dados suficientes para a suspeita, já que se trata de doença infrequente, com sintomas inespecíficos e comuns a doenças benignas e habituais. É importante o retorno ao pediatra caso os sintomas persistam”, advertiu.

Onde buscar tratamento no Espírito Santo

No Espírito Santo, o Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG), localizado em Vitória, é a única Unidade de Assistência de Alta Complexidade (Unacon) pediátrica que atende crianças e adolescentes de o todo o Estado, além de oferecer atendimento para crianças e jovens do leste de Minas Gerais e sul da Bahia. O hospital oferece diagnóstico, tratamento e acompanhamento de crianças com câncer, além de disponibilizar uma equipe multidisciplinar e encaminhamento da família dos pacientes para acompanhamento psicossocial.

O Núcleo de Tratamento de Oncohematologia (NTOH) do HINSG recebe, em média, 110 novos casos/ano e, atualmente, oferece assistência a 813 pacientes. Desses, 105 pacientes fazem uso da quimioterapia e 728 pacientes estão em acompanhamento.

Segundo a chefe do Núcleo de Trabalho em Onco-Hematologia do Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória (Hinsg), Tânia Bitti, os tipos de câncer tratados mais frequentemente no HINSG são leucemia, seguido por tumores cerebrais, linfomas, e outros tumores sólidos como neuroblastoma, nefroblastoma e sarcomas.

Ela ainda completa que em casos suspeitos de doença oncológica pediátrica, é fundamental procurar o serviço de referência o quanto antes. “O tratamento realizado em um centro de referência como o Hinsg, possibilita ao paciente uma rede de suporte que vai muito além do atendimento médico. O atendimento interdisciplinar envolve uma série de profissionais que vão auxiliar a família a enfrentar esse momento difícil e desafiador”, completou a chefe do Núcleo de Trabalho em Onco-Hematologia do Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória (Hinsg). 

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