07/01/2009 06h21 - Atualizado em 23/09/2015 13h23

Cuidados devem ser redobrados a fim de se evitar queimaduras durante as férias escolares

O verão já chegou e as férias escolares também. Neste momento, as crianças e adolescentes passam mais tempo brincando dentro de casa, no quintal ou área de recreação da residência. Por isso, os pais devem ficar mais atentos às atividades de seus filhos e prevenir acidentes, como queimaduras, que podem acontecer por um simples descuido.

Esse é o alerta da coordenadora do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), a médica pediatra Júlia Amália de Souza Oliveira. “Os pais devem ficar atentos com as crianças e adolescentes nos períodos de férias, pois como eles estão mais presentes no ambiente doméstico, podem sofrer algum tipo de queimadura”, comenta.

O tipo de lesão mais comum é a escaldadura, que ocorre quando qualquer líquido quente queima o corpo da criança. O perigo pode estar mais próximo do que se imagina: café, leite, óleo, água e até comida quente podem causar queimaduras. Em 2007, foram registrados no HINSG 113 casos de escaldadura em crianças, já este ano, havia 115 casos.

“A escaldadura representa de 65% a 70% dos casos de queimadura em criança, e é mais frequente naquelas que são mais novas, de zero a cinco anos de idade”, comenta a médica. Alguns cuidados simples podem ser evitados, como não permitir a presença de crianças na cozinha, nem cozinhar com crianças no colo.

Dentro da cozinha, ainda há outros perigos, como o forno do fogão. Em 2007, foram registrados cinco casos de queimaduras por conta dele, e em 2008, foram dois. “O forno ainda oferece outros riscos, pois há casos em que as crianças escalam a tampa para alcançar as panelas que estão sobre o fogão, provocando queimaduras com as comidas e líquidos quentes”, explica a médica.

Álcool

As crianças mais velhas são vítimas de outro grande perigo: o álcool doméstico, que é usado para fazer a limpeza de móveis e utensílios. De acordo com a pediatra Júlia, o álcool é a segunda maior causa de queimaduras em crianças. Em 2007, houve 24 casos de crianças queimadas pelo líquido, e em 2008, foram registrados 20 casos.

“Geralmente essas queimaduras ocorrem com crianças mais velhas, que observam os adultos usando o álcool para acender a churrasqueira, para botar fogo em lixo, esse tipo de situação. Já houve caso de duas pacientes que, recentemente, sofreram queimaduras graves por brincar de colocar fogo em colchão velho”, informou a pediatra.

A solução, então, para esses casos é não permitir que as crianças tenham acesso ao álcool, guardando-o em locais seguros. Outra boa opção é adotar o uso do álcool em gel, que não é tão inflamável como o álcool líquido.

Choque

Os fios desencapados e as tomadas são um grande risco para as crianças, principalmente as mais novas. Em 2007, 13 crianças sofreram queimaduras em decorrência de choques elétricos (dos quais seis casos envolveram crianças de zero a dois anos, e quatro crianças de três a sete anos), sendo que em 2008, este número foi 11 (seis casos com crianças de zero a dois anos e cinco com crianças de três a sete anos).

“Mas ocorreram também três casos, em 2007, de queimaduras em crianças de oito a 14 anos, por conta das pipas. Quando o brinquedo fica preso em fios de alta tensão, as crianças insistem em tentar soltá-lo, o que causa os danos à saúde. Soltar pipas em locais com rede de alta tensão é uma atitude de risco”, explicou a pediatra Julia.

O ferro de passar roupa, que pode parecer inofensivo, também é fonte de problemas para os pais. Em 2007, quatro crianças, com idades de zero a dois anos, sofreram queimaduras com o eletrodoméstico. Em 2008, foram cinco crianças, na mesma faixa etária.

Importância da prevenção

Os pais devem adotar todos os cuidados dentro de casa para evitar as queimaduras dos filhos, pois o tratamento desse tipo de ferida pode ser demorado e dolorido. Segundo a médica pediatra Julia Oliveira, o tempo médio de internação de uma criança com queimadura é de 15 a 20 dias. “Porém, nos casos mais graves, uma criança pode ficar internada por seis meses ou mais, de acordo com a gravidade da lesão”, ressalta.

As queimaduras podem ser de 1º, 2º, 3º e 4º graus. “As de 3º e 4º graus são as mais graves, e há necessidade de realizar enxerto de pele e cirurgias plásticas reparadoras. Em alguns casos, a queimadura pode comprometer o funcionamento de um membro, por exemplo, atrofiando alguma parte do corpo. É um tratamento muito dolorido”, comenta a médica.

O HINSG é referência nacional em tratamento de queimaduras em crianças, e costuma receber pacientes até mesmo de outros estados. No CTQ, há, ao todo, 14 leitos: três leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), três de semi-intensivo e oito para internação.

Números

Não há um mês de prevalência dos casos de queimaduras, conforme explica a
pediatra. “Sempre ocorrem os acidentes, que causam feridas nas crianças. Por isso, é importante estar sempre atento aos cuidados com os pequeninos”, comenta. (Veja mais informações no anexo)

Dicas importantes:

* Crianças devem ficar longe do fogão, de preferência fora da cozinha. Os pais devem ficar atentos às atividades dos filhos.

* Os cabos das panelas devem ser virados para a parte de dentro do fogão e, se for ferver ou fritar algum alimento, é preferível usar as bocas do fundo do fogão. Isso diminui o risco de a criança esbarrar nas panelas.

* As tomadas devem ser tapadas e os fios desencapados e os famosos “gatos” evitados, pois podem ser a causa de incêndios e curtos-circuitos.
* Materiais inflamáveis devem ser mantidos longe das crianças ou, de preferência, evitados pelos pais. É preferível trocar o álcool líquido pelo mesmo produto em gel, pois este é menos inflamável.

* As crianças devem ser orientadas durante as brincadeiras. Soltar pipas perto de fios de alta tensão, além de causar queimaduras muito graves, pode levar a pessoa à morte. Os campos abertos e sem postes são os locais adequados para isso.

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Texto: Ana Paula Costa
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