11/01/2008 15h00 - Atualizado em 23/09/2015 13h19

Ambientes climatizados inadequadamente aumentam os riscos de doenças respiratórias no verão

Durante o verão, os ambientes climatizados em casa, no trabalho ou no transporte são essenciais para amenizar os efeitos do calor. No entanto, os aparelhos de ar-condicionado e ventiladores, se não utilizados corretamente, em vez de refrescar, podem trazer problemas à saúde dos usuários quando aliados a outros fatores do dia-a-dia.

Embora responsabilizado como o maior causador de doenças do aparelho respiratório durante a estação mais quente do ano, o famoso choque térmico é mal compreendido pelas pessoas. Entendida como termo médico, a expressão é usada para identificar uma situação em que um paciente encontra-se com a temperatura do corpo muito elevada (acima dos 43º C), mas não consegue ser resfriado adequadamente.

Segundo a responsável pelo Ambulatório de Asma do Serviço de Pneumologia do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (Hinsg), Sara Lopes Valentim, nesse caso o choque térmico não tem conexão com a variação de temperaturas.

Ela ressalta que o organismo humano está preparado para enfrentar as ocasiões em que há uma grande diferença entre o frio e o calor e que essas mudanças, por si só, não deixam ninguém doente. “Não é só porque hoje está frio e amanhã está quente que a pessoa vai ficar doente”, observa a médica.

Na realidade, vários fatores influenciam no bom funcionamento do sistema respiratório. De acordo com Sara, a sobrecarga no trabalho e a rotina estressante das pessoas, quando aliados a um ambiente impropriamente climatizado, tornam o organismo humano mais suscetível ao aparecimento de problemas no nariz, ouvido ou garganta.

A climatização imprópria inclui ainda os aparelhos de ar condicionado e os ventiladores sujos encontrados tanto no trabalho quanto nas residências. Nem os veículos (ônibus e carros) escapam da relação. Existe até uma portaria (3.523/98) do Ministério da Saúde (MS), que estabelece uma série de normas para ambientes climatizados.

Para Sara, o ar-condicionado mal limpo é o maior vilão. Entretanto, não se deve esquecer do ventilador, que abriga sujeira nas pás e levanta a poeira existente no local. Todas as impurezas expelidas por esses aparelhos acabam indo para as vias respiratórias e afetam, principalmente, os idosos, as crianças e os alérgicos, que geralmente têm baixa imunidade.

Como evitar

A pneumologista faz ainda uma série de recomendações para evitar o aparecimento de enfermidades relacionadas ao aparelho respiratório – decorrentes da má-climatização dos ambientes – e à suscetibilidade do organismo humano.

É essencial que haja alimentação e hidratação corretas, sobretudo durante o verão, quando o uso dos aparelhos de refrigeração e ventilação é mais comum. O estresse diário também deve ser trabalhado, pois o fator psicológico influencia na imunidade do organismo.

Além disso, é importante que nos locais de trabalho os filtros dos aparelhos de refrigeração sejam limpos semanalmente. O termostato do ar-condicionado deve marcar entre 21ºC e 23ºC, temperatura ideal estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). As pás dos ventiladores também não devem ser esquecidas durante a limpeza. Seguidas as recomendações, as gripes e alergias típicas de verão certamente vão diminuir.

As doenças

Os fungos, as bactérias e os vírus, que são os maiores causadores de enfermidades do sistema respiratório, se adaptam a várias temperaturas e condições de umidade. Os microorganismos agem mediante a suscetibilidade das vias respiratórias.

Geralmente, as mucosas dos olhos, nariz e garganta ficam ressecadas devido à refrigeração proporcionada pelos aparelhos de ar-refrigerado. Essa condição se torna ideal para que os vírus, fungos e bactérias se proliferem. O risco aumenta ainda mais quando o ambiente não é asseado.

Vale ressaltar que a colocação de recipientes com água nos locais com ar-condicionado, a fim de tornar o ar mais úmido, não é uma medida comprovada cientificamente como benéfica.

Pessoas que vivem ou trabalham neste tipo de ambiente podem apresentar sinais como coceira nos olhos e garganta, rinites, faringites e tosses crônicas. Se não tratados corretamente, os problemas podem evoluir para doenças mais graves, tais como pneumonia, sinusite, infecções de ouvido (otite) e amidalites.

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