09/02/2011 09h16 - Atualizado em 23/09/2015 13h29

CAPS ajuda pacientes psiquiátricos a se reintegrarem à sociedade

O modelo de tratamento de portadores de sofrimentos psíquicos graves, baseado em isolamento e internações que podiam durar uma vida inteira, já faz parte do passado. Atualmente, pacientes com transtornos mentais são tratados e acompanhados pelos serviços do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), oferecidos pela Secretaria de Estado da Saúde e pelos municípios.

Dentre os diversos CAPS existentes no Estado, três pertencem ao Estado: o CAPS Cidade, o de Moxuara, ambos em Cariacica, e o de Cachoeiro de Itapemirim. O objetivo deste serviço de atenção diária é prestar atendimento e buscar a reintegração social dos portadores de transtornos mentais dentro de suas áreas de abrangência, sem que o paciente precise ficar internado.

Para isso, são desenvolvidas, diariamente na instituição, diversas atividades envolvendo os usuários. São as chamadas oficinas terapêuticas, que incluem teatro, música, vídeo, arte-terapia, tapeçaria, artesanato, literatura, bijuteria, lãs e linhas (bordado, fuxico, dentre outros), cuidados em saúde e atividades livres.



No CAPS Cidade, que funciona no CRE Metropolitano, em Cariacica, além das oficinas, os pacientes passam por psicoterapia individual ou em grupo, consultas psiquiátricas e fazem as três refeições do dia no local, acompanhados por equipes multidisciplinares compostas por psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, assistentes sociais, farmacêuticos e oficineiros.

Segundo a coordenadora do CAPS Cidade, Ana Maria Domingues Carvalho, 220 pacientes fazem tratamento no local e cada oficina conta com uma média de 18 participantes.



Ana Maria informa que todas as peças criadas pelos usuários nas oficinas são vendidas em um bazar. O dinheiro é revertido aos pacientes e também para a compra de material para as oficinas. Além disso, são realizadas exposições e venda de quadros pintados durante as oficinas de arte.



Outra forma de integração entre os pacientes são os passeios culturais promovidos pelo centro. Nos últimos meses, eles já visitaram locais como a aldeia indígena de Aracruz, Igreja dos Reis Magos em Nova Almeida e pontos turísticos da Grande Vitória. Para as próximas semanas, estão sendo organizadas excursões para Manguinhos, em Serra, e para o Convento da Penha, em Vila Velha.



Encaminhamento

Para receber atendimento no CAPS, a pessoa deve, primeiro, procurar a unidade de saúde básica mais próxima de sua casa. Havendo necessidade de um tratamento de maior complexidade, a própria unidade faz o encaminhamento ao Centro.

Muitos chegam espontaneamente ou encaminhados pela equipe de Saúde da Família ou de hospitais e prontos-socorros e todos os casos passam por uma avaliação pela equipe multiprofissional. Caso o paciente se encaixe no perfil do CAPS, ele é integrado à instituição.

Tratamento

A participação espontânea nas atividades desenvolvidas no CAPS se reflete positivamente na estabilização dos pacientes, conforme observa o instrutor da oficina terapêutica de teatro, Eliezer de Almeida, que há cinco anos atua no CAPS Cidade. Ele explica que as oficinas são uma oportunidade para que o pensamento criativo dos pacientes se manifeste e talentos sejam desenvolvidos.

Para embasar suas aulas, ele utiliza o método de teatro dos oprimidos, criada pelo dramaturgo Augusto Boal e que reúne exercícios, jogos e técnicas teatrais. “No teatro-fórum, por exemplo, trabalhamos com base em situações rotineiras que acontecem com o indivíduo e damos a oportunidade para que o paciente se expresse de acordo com seu referencial”, destaca.

Segundo Eliezer, o trabalho é gratificante e revela muitos talentos, que têm a oportunidade inclusive de se apresentar em eventos externos, como o último Fórum Estadual de Saúde Mental, realizado em novembro.

Paciente do CAPS Cidade desde 1999, Paulo César Casilhas, 43, é um dos alunos de Eliezer que conseguiu aprender a lidar com suas crises desde que passou a usar o método “Xô Dona Crise”. “Antes não sabia conviver com elas, mas, depois que iniciei o tratamento, passei a administrar melhor minhas crises”, diz ele, que foi levado ao CAPS inicialmente pela família e hoje dá continuidade ao tratamento por conta própria.



A coordenadora de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas da Sesa, Inez Torres, explica que a política nacional de saúde mental mudou nos últimos anos e, por isso, todas as esferas do governo – federal, estadual e municipal – estão trabalhando para que haja uma mudança cultural em relação ao tratamento dos transtornos mentais.

“Inicialmente, a população achava que o tratamento deveria ser feito apenas nos hospitais, enquanto que o ideal é a assistência realizada no conjunto de rede. É preciso ter equipes organizadas na atenção primária, nos centros de tratamento e hospitais, quando for necessário. O tratamento não se resume a internação”, ressalta a especialista.

Em casos de crise, existem os serviços de urgência psiquiátrica, como o do Hospital Estadual de Atenção Clínica (Heac), onde o paciente fica por até 72 horas, onde é medicado até se estabilizar. Ela ressalta que o tratamento não se resume à ingestão de medicamentos, mas deve envolver acompanhamento multiprofissional, como o realizado pelo CAPs.

A coordenadora observa, no entanto, que, se no período de observação do paciente, verifica-se a necessidade médica de internação, esse paciente será encaminhado para um leito psiquiátrico em um hospital geral ou psiquiátrico, para um período de curta permanência.

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