30/07/2008 05h10 - Atualizado em 23/09/2015 13h21

Central de captação de órgãos comemora 10 anos de atividades

Os 10 anos de atividades da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do Espírito Santo (CNCDO/ES) serão comemorados na próxima quinta-feira (31), das 8 às 11 horas, no auditório do Hospital da Polícia Militar do Estado (HPM).

O evento, que contará com a presença do secretário Estadual de Saúde, Anselmo Tozi, autoridades e equipes médicas do CNCDO, vai homenagear todos aqueles que se empenham para desenvolver com eficiência a importante missão de salvar vidas. O transplantado mais antigo no Estado e o mais recente serão destaques na festividade.

Como parte da programação, o coordenador do Sistema Nacional de Transplantes, Dr. Abrahão Salomão Filho, falará sobre a “Situação dos Transplantes no Brasil”. Em seguida, será a vez da coordenadora da CNCDO/ES, Beatriz Helena Santos Gagliano’, apresentar o histórico dos “Dez anos – Conquistas e Desafios” da Central.

Encerrando a manhã de comemorações, será inaugurada a reforma da Central, que funciona anexo ao HPM. Projetada para promover maior agilidade no atendimento ao cidadão, as obras foram realizadas em toda a estrutura interna.

Segundo a coordenadora da Central, Beatriz Helena Santos Gagliano’, a Secretaria vem incentivando frequentemente a doação. “Nós fazemos um trabalho de sensibilização da sociedade sobre a importância da doação de órgãos e tecidos. São palestras em escolas, igrejas, empresas, entre outros. Não haverá doação sem que a população esteja sensibilizada quanto a sua importância”, ressalta.

Conforme Beatriz Gagliano’, conseguir a autorização da família é a grande dificuldade encontrada pela Central. “As pessoas que desejam doar seus órgãos devem deixar essa intenção muito clara aos parentes próximos, pois em caso de óbito somente a família pode autorizar ou não a doação". O índice da negativa familiar no ato da doação, nesse 1º semestre, chegou a 36% dos casos.

Todos os hospitais do País com mais de 80 leitos devem ter uma Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante, para coordenar o processo de doação de órgãos no hospital e conversar com as famílias dos possíveis doadores. É esta Comissão a responsável por entrar em contato com a Central quando há uma possibilidade de doação.

No Espírito Santo os hospitais credenciados no Ministério da Saúde para a cirurgia de transplante de rim são o Santa Rita, Meridional, Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam), o Evangélico de Vila Velha e o Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim e o Vitória Apart Hospital.

Para transplante de coração, fígado e rim/pâncreas conjugado, apenas está autorizado o hospital Meridional. Existem ainda seis clínicas autorizadas a realizar transplante de córnea.

Os órgãos para transplante mais procurados são rim e córnea. Na lista de espera computada até dia 28 de julho registra-se 1.531 pacientes. Destes, 1001 aguardam por rim, 505 por córnea, 18 por fígado, 4 por coração, 3 por rim/pâncreas conjugado.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) vem trabalhando para aumentar o número de doadores de órgãos. Por meio da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos, a Secretaria realiza capacitações e sensibilização de profissionais de saúde que atuam diretamente no processo de doação e de transplante.

Voluntários também são treinados para trabalhar como multiplicadores de informações. Além disso, todo ano a Sesa realiza ações em comemoração ao Dia Nacional do Doador de Órgãos e Tecidos (27 de setembro).

Central de Captação de Órgãos

A Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do Espírito Santo funciona 24 horas e está sediada no Hospital da Polícia Militar (HPM). Ela tem a função de coordenar no âmbito estadual tudo que envolve a doação e transplante de órgãos e tecidos, inclusive, exercendo fiscalização e controle. A Central também é responsável pela gerência da lista de espera e o destino de todos os órgãos/tecidos doados.

Em todos os estados brasileiros existe uma Central, que faz um intercâmbio de informações entre si e com a Central Nacional de Notificação e Captação de Órgãos (CNNCDO).

Diante de um possível caso de doação, a Central de Captação recebe uma notificação da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante do hospital onde o doador em potencial se encontra. Para prosseguir com o processo de doação, é preciso constatar a morte encefálica da pessoa, através de três exames: dois clínicos e um complementar. Também são necessários que sejam realizados exames sorológicos no doador e para alguns órgãos são necessários exames de compatibilidade. Para tanto contamos com a parceria do LACEN e do Laboratório de Imunogenética (LIG).

A Central coordena toda a logística do processo de doação/transplante. Através de um software do Sistema Nacional de Transplantes (SNT-5.0), se inclui dados do doador para cruzamento com os dados dos receptores. Após a seleção dos receptores, as equipes de transplantes são acionadas. Por fim, os órgãos são transplantados. Vale lembrar que a Central não capta os órgãos e sim as equipes médicas.

Trajetória

A história dos transplantes no Estado do Espírito Santo teve início em 1976, com a realização do primeiro transplante de rim. Em 1980 foi realizado o primeiro transplante de córnea e fundado o Banco de Olhos do Estado.

Em julho de 1998, a CNCDO/ES foi reativada. Passou a funcionar anexa ao Hospital da Polícia Militar do ES (HPM) em regime de plantão 24 horas. De julho de 1998 a junho de 2008, já foram realizados no Estado 1.642 transplantes. No primeiro semestre de 2008, a CNCDO/ES registra um aumento de 68,2% no total de transplantes, comparando com o 1º semestre de 2007.

Depoimentos

“Meu pai chegou a me doar um rim, mas meu organismo rejeitou”?

Aos oito meses de idade, o estudante Bruno Cassani, 19 anos, natural de São Gabriel da Palha, começou a sofrer de insuficiência renal. Os constantes inchaços foram os primeiros sintomas apresentados por ele. A partir daí, começou a série de sessões de hemodiálise.

Quando Bruno completou nove anos, passou pela cirurgia de transplante. Seu próprio pai doou o órgão. “Na mesma semana meu organismo rejeitou o rim doado pelo meu pai. A partir daí, a Central de Captação de Órgãos começou a batalha pela busca de um doador compatível”.

Em 2001, sob cuidados da nefrologista Dr.ª Rozilene de Assis, do Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam), em Vitória, Bruno passou por novo procedimento aos 13 anos de idade, ao receber o rim de uma criança. “Desde então, tenho uma vida normal. Estudo, jogo bola, vivo minha vida. Faço uso de medicamentos diários, que recebo gratuitamente no CRE de Colatina. Sei que terei que tomá-los pelo resto da vida”, disse o rapaz, que está se preparando para o vestibular para o curso de Engenharia da Computação.

Bruno ficou sensibilizado com a família que permitiu a doação do órgão do bebê. “A criança foi vítima de um acidente de trânsito e tinha um ano de idade. A família, ao permitir a doação, me deu uma nova chance. Serei eternamente grato a todos os que me ajudaram”, completa Bruno Cassani.

“Achei que ficaria a vida toda fazendo hemodiálise”

O técnico em refrigeração Adalto Foresti, 50 anos, morador de Vila Velha, era caminhoneiro quando começou a sofrer com sérios problemas renais. No ano de 1994, ele começou a fazer sessões semanais de hemodiálise, mas a cada ano que passava ele sentia que sua esperança de curar a insuficiência renal estava cada vez mais distante.

Foi quando a equipe médica que o acompanhava, após 5 anos de dependência do processo de diálise, propôs a Adalto buscarem um doador para que ele fosse transplantado.

A partir daí, foi inscrito por seu médico na CNCDO/ES, e ficou aguardando na lista de espera, por um doador compatível. No ano de 1999, o técnico de refrigeração passou pela cirurgia de transplante renal realizada pelo médico especialista José Nilton Amaral Torres. O procedimento foi realizado no Hospital Evangélico.

“Nem acreditei quando recebi a notícia da CNCDO que havia surgido um doador que morava em Goiabeiras, Vitória. Achei que ficaria a vida toda fazendo hemodiálise. Durante anos procurei essa família para agradecer pela iniciativa. Essa atitude salvou minha vida”, falou Adalto.

Foram 40 dias de recuperação. Adalto Foresti conta que todos da equipe que o acompanharam ficaram surpresos com a rapidez dos resultados. “Eu estou ótimo! A cirurgia foi um sucesso total. Após meu restabelecimento, deixei a profissão de caminhoneiro, fiz um curso no Senac e hoje sou técnico em refrigeração. Tenho uma vida normal, trabalho intensamente e agradeço muito a todos os que me acompanharam nessa luta. Até hoje faço uso de medicamentos especiais que retiro gratuitamente pelo SUS e sigo minha vida sob nova perspectiva”, completou.

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Texto: Syria Luppi
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