23/09/2010 11h49 - Atualizado em 23/09/2015 13h28

Com o tema ‘Minha Cidade é Minha Casa’, Governo intensifica as ações contra a dengue

O governador Paulo Hartung e o secretário de Estado da Saúde Anselmo Tozi iniciaram, na manhã desta quinta-feira (23) a intensificação das ações contra a dengue com o projeto “Espírito Santo Enfrentando a Dengue 2010/2011”, que este ano tem o tema “Minha Cidade é Minha Casa”. O evento teve a presença de prefeitos, atores importantes na mobilização contra a doença. Para ajudar na prevenção, Tozi anunciou a capacitação de técnicos municipais no uso da recém-lançada ferramenta que avalia áreas com maior vulnerabilidade da enfermidade.

O Salão São Tiago do Palácio Anchieta ficou totalmente ocupado pelos participantes, como o coordenador do Programa Nacional de Combate à Dengue do Ministério da Saúde, Giovanini Evelin Coelho, o prefeito em exercício de Vitória, Tião Barbosa, do procurador-geral de Justiça do Ministério Público Estadual (MPES), Fernando Zardini, a coordenadora do Programa de Combate à Dengue da Sesa, Gilsa Rodrigues.

Além deles e dos prefeitos capixabas, o seminário contou com a presença do secretário municipal de Saúde de Vitória e presidente do Colegiado dos Secretários Municipais de Saúde do Espírito Santo (Cosemes), Luiz Carlos Reblin, o prefeito de Santa Teresa e presidente da Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes), Gilson Amaro, subsecretários e técnicos da Sesa, secretários municipais de Saúde entre outros.

“Não é uma doença simples e banal”, foi assim que o secretário Anselmo Tozi definiu a dengue. “Estamos há três anos seguidos chamando os prefeitos, secretários municipais, profissionais de saúde e todos aqueles setores envolvidos de alguma forma no combate à dengue. Queremos aproveitar o período atual que antecede às chuvas e o calor para reforçarmos o combate à doença, interferindo drasticamente contra o ciclo da doença”, disse.



Tozi ainda descreveu um pouco sobre as características da dengue aqui no Estado. “Há 16 anos que a dengue está presente entre os capixabas e a cada dia que passa se manifesta em casos mais graves. Anteriormente, a doença ficava concentrada na Região Metropolitana, mas há algum tempo passou a se interiorizar pelo Espírito Santo, atualmente, somente 10 municípios não têm a infestação do mosquito. Todo cuidado é pouco”, salientou.



O secretário alertou ainda sobre como deve ser feito o tratamento de pacientes com a suspeita da doença. “Assim que começar a sentir os primeiros sintomas, o paciente com suspeita de dengue tem que começar a fazer a hidratação imediata, com muita água, suco, chá, e procurar um serviço de saúde. Além disso, o profissional tem que estar atento à situação, por isso a importância da capacitação de médicos e enfermeiros. Hoje vamos oferecer mais uma”.



O coordenador Nacional da Dengue, Giovanini Coelho, se disse surpreendido que em momento de agenda eleitoral, o Governo tenha encontrado uma maneira de chamar a atenção para a dengue. “Nessa época, o assunto dengue não é priorizado pela imprensa, e sim pelos técnicos que trabalham no controle. Por isso, vejo com alegria essa mobilização, porque este é o momento crítico para a prevenção. Essa iniciativa é um exemplo para os outros estados”, afirmou. Ele destacou ainda que a dengue não é um assunto só da área da saúde, o enfrentamento exige cada vez mais um trabalho integrado, intersetorial.





O governador Paulo Hartung ressaltou que a sociedade possui um papel relevante no combate à dengue. Hartung frisou que os governos não têm como enfrentar esse desafio sozinhos. “O combate ao mosquito da dengue precisa contar com uma ação pública eficiente, mas é fundamental que o cidadão assuma sua responsabilidade. Por isso, além de qualificar nossos profissionais e nossa rede de atendimento, temos feito um amplo trabalho de mobilização da sociedade”, afirmou.

A mobilização

O propósito do projeto “Espírito Santo Enfrentando a Dengue” é fortalecer quatro grandes eixos do Programa Estadual de Controle da Dengue: controle ao vetor, assistência ao doente, educação em saúde e vigilância epidemiológica. Anualmente, desde 2008, o projeto é relançado para alertar sobre as responsabilidades de todos os setores, órgãos e sociedade envolvidos no combate à doença.



Em 2010, os principais depósitos encontrados no Espírito Santo para a proliferação do mosquito foram, na ordem, os objetos inservíveis, reservatórios de água e vasos de plantas. A maioria dos focos, cerca de 90%, ainda está presente nas residências. Além disso, foi constatado que o número de municípios não infestados com o mosquito caiu de 11 para 10.

Agora, apenas Águia Branca, Alto Rio Novo, Governador Lindenberg, Brejetuba, Vargem Alta, Conceição do Castelo, Muniz Freire, Dores do Rio Preto, Divino São Lourenço e Ibitirama não registraram a presença maciça do Aedes aegypti, o que demonstra que o fenômeno de interiorização da doença ainda se encontra ativo.



A aproximação do período de chuvas, estação do ano propícia para a proliferação do mosquito da dengue, traz grande preocupação com os prováveis problemas com a doença. A partir deste ano, a Sesa disponibilizará mais 150 aparelhos de UBV portáteis motorizados (somando 195 no total) aos municípios, além de 400 bombas costais de aspersão de inseticida, e 37 camionetes de aspersão de inseticida UBV (a frota total chega a 41 carros).



Durante o seminário, a Sesa entregou cerca de 10 mil impressos aos presentes. Os cartazes, panfletos e cartões orientam de modo organizado e simples o tratamento e os cuidados que devem ser adotados pelos doentes, bem como a prevenção da dengue. O material é voltado a profissionais de saúde e à população em geral, inclusive crianças, com a distribuição de um jogo que ensina como combater o mosquito.

Nova ferramenta

Na tarde desta quinta-feira (23), técnicos da Secretaria de Estado da Saúde oferecem duas oficinas: uma voltada ao manejo clínico da dengue, da qual participarão médicos, enfermeiros, coordenadores da atenção primária e do Programa Saúde da Família dos municípios; e outra, também para técnicos municipais, que aprenderão a aplicar uma ferramenta que avalia os riscos de epidemias de dengue.

A ferramenta foi lançada no começo deste mês pelo Ministério da Saúde (MS) e já estará ao alcance dos municípios capixabas. A utilização do sistema envolve, segundo o MS, a compilação de dados referentes à incidência de dengue nos anos anteriores, índices de infestação pelo mosquito Aedes aegypti, tipos de vírus em circulação, cobertura de abastecimento de água coleta de lixo e densidade populacional.



Com essas informações em mãos, será possível traçar o perfil de uma determinada localidade sobre quais são as áreas onde se deve intervir com ações de combate à dengue. Os dados são tabulados por meio de softwares de computador que, ao final do cruzamento das informações, exibe em um mapa os pontos prioritários de uma determinada localidade (que pode ser o município ou até mesmo um bairro).

Números da dengue

A Secretaria de Estado da Saúde recebeu este ano um total de 33.481 notificações de casos de dengue até esta quarta-feira (22). Neste período, houve 1.509 notificações da forma grave da doença (dengue com complicação e dengue hemorrágica), incluindo 14 óbitos confirmados e quatro em investigação.

A incidência calcula o número de casos de uma doença em relação ao número de habitantes. Os números absolutos não levam o número de habitantes em consideração e, portanto, não mostram a situação real de determinada localidade.



Municípios com maior incidência (setembro)



Para o cálculo da incidência, divide-se o número de notificações pelo número da população do município e multiplica-se este valor por 100 mil.

O Ministério da Saúde considera três níveis de incidência de dengue: baixa (menos de 100 casos/100 mil habitantes), média (de 100 a 300 casos/100 mil habitantes) e alta (mais de 300 casos/100 mil habitantes).

Histórico

O mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, é originário da África, inicialmente descrito no Egito. No Brasil, foi introduzido no período colonial, durante a época do tráfico de escravos. O vírus foi reintroduzido em Belém do Pará, em 1967. Neste ano, o mosquito já é encontrado em todos os Estados brasileiros.

No Espírito Santo, o vetor está presente pelo menos desde 1990, época em que foi registrada a sua presença por meio de levantamentos entomológicos realizados pelo Núcleo de Entomologia e Malacologia do Espírito Santo (Nemes), da Sesa.

Na oportunidade, o mosquito foi encontrado em 16 municípios do Estado. De lá para cá, a dispersão do vetor se deu de forma crescente, com uma maior velocidade a partir de 1995, ano em que houve o registro dos primeiros casos do agravo, quando existiam 20 municípios com infestação pelo vetor.

Sintomas

O doente pode apresentar sintomas como febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, náuseas ou até mesmo não apresentar qualquer sintoma. O aparecimento de manchas vermelhas na pele, sangramentos, dor abdominal intensa e contínua e vômitos persistentes podem indicar a evolução para dengue hemorrágica. Esse é um quadro grave que necessita de imediata atenção médica, pois pode ser fatal.

É importante procurar orientação médica ao surgirem os primeiros sinais, pois as manifestações iniciais podem ser confundidas com outras doenças.

O que compete à União, ao Estado e aos municípios

Combater a dengue envolve esforços mútuos das três esferas de Governo. Em linhas gerais, o Governo Federal é responsável pela normatização técnica, pelo provimento de insumos, pela coordenação da rede nacional de laboratórios, execução de ações de mobilização social no âmbito nacional; capacitação e assistência técnica aos Estados, bem como execução de ações de caráter complementar e suplementar junto aos Estados.

O Estado, por sua vez, é responsável pelas ações de: capacitação de profissionais; gestão da vigilância epidemiológica e entomológica; gestão dos estoques de inseticidas e biolarvicidas; provimento de equipamento de proteção individual, óleo de soja e equipamentos de aspersão; supervisão, fiscalização, assessoramento, monitoramento e avaliação dos planos municipais de controle, execução de ações de mobilização social no âmbito estadual, execução de ações de caráter complementar e suplementar junto aos municípios, gestão dos estoques de kit para diagnóstico e elaboração do Plano Estadual de Contingência para epidemias.

Já aos municípios compete: realizar levantamento da infestação dos mosquitos; tratar de focos da doença nas residências e seus entornos; eliminar e vedar potenciais criadouros; gerir o estoque de inseticidas e biolarvicidas no âmbito municipal; executar ações de mobilização social no âmbito municipal; notificar e investigar casos e óbitos suspeitos de dengue na assistência; realizar atendimento ao paciente suspeito de dengue por meio da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e das Unidades Básicas de Saúde, bem como viabilizar o Plano Municipal de Contingência.

O mosquito

O Aedes aegypti é o mosquito transmissor da dengue e da febre amarela urbana. O macho alimenta-se exclusivamente de frutas. A fêmea, no entanto, necessita de sangue para o amadurecimento dos ovos que são depositados separadamente nas paredes internas de objetos, próximos a extensas superfícies de água limpa. Para obter seu alimento, a fêmea tem o hábito de picar as pessoas durante o dia.

Em média, cada mosquito vive em torno de 30 dias e a fêmea chega a colocar entre 150 e 200 ovos de cada vez. Se forem postos por uma fêmea contaminada pelo vírus da dengue, ao completarem seu ciclo evolutivo, transmitirão a doença.

Os ovos não são postos na água, e sim milímetros acima de sua superfície, principalmente em recipientes artificiais. Quando chove, o nível da água sobe, entra em contato com os ovos que eclodem em pouco mais de 30 minutos. Entre cinco e sete dias, a larva passa por quatro fases até dar origem a um novo mosquito: ovo, larva, pupa e adulto.

O Aedes aegypti põe seus ovos em recipientes artificiais, tais como latas e garrafas vazias, pneus, calhas, caixas d’água descobertas, pratos sob vasos de plantas ou qualquer outro objeto que possa armazenar água de chuva.

A transmissão da dengue depende da concentração do mosquito: quanto maior a quantidade, maior a transmissão. Esta concentração está diretamente relacionada pela presença de criadouros.

Saiba como combater o mosquito

Lixo:
- Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira bem fechada. Não jogue lixo em terrenos baldios.
- Jogue no lixo todo objeto que possa acumular água, como embalagens usadas, potes latas, copos, garrafas vazias etc.
- Mantenha o saco de lixo bem fechado e fora do alcance de animais até o recolhimento pelo serviço de limpeza urbana.

Plantas e jardins:
- Encha de areia até a borda os pratos dos vasos de planta.
- Se você não colocou areia e acumulou água no prato de planta, lave-o com escova, água e sabão. Faça isso uma vez por semana.
- Se você tiver vasos de plantas aquáticas, troque a água e lave o vaso principalmente por dentro com escova, água e sabão pelo menos uma vez por semana.

Caixas d’água, calhas e lajes:
- Não deixe a água da chuva acumulada sobre a laje.
- Remova folha, galhos e tudo que possa impedir a água de correr pelas calhas.
- Mantenha a caixa d’água sempre fechada com tampa adequada.

Tonéis e depósitos de água:
- Mantenha bem tampados tonéis e barris d’água.
- Lave semanalmente por dentro com escova e sabão os tanques utilizados para armazenar água.
- Lave principalmente por dentro com escova e sabão os utensílios usados para guardar água em casa como jarras, garrafas, potes e baldes.

Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação da Sesa
Alessandra Fornazier/Jucilene Borges/Marcos Bonn/Raquel d’Ávila
Tels.: 3137-2378 / 3137-2307 / 9983-3246 / 9969-8271 / 9943-2776
asscom@saude.es.gov.br

Assessoria de Imprensa do Governo do Estado
Daniel Simões
27-99413723
2015 / Desenvolvido pelo PRODEST utilizando o software livre Orchard