28/03/2005 13h05 - Atualizado em
23/09/2015 09h32
Crefes confecciona mais de mil próteses e órteses por ano
A Unidade de Trabalho de Órtese e Prótese (UTOP) do Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo (Crefes) fabricou, só em 2004, mais de mil peças. Para este ano a previsão é de que aproximadamente 2.000 peças sejam confeccionadas. Anualmente são realizados cerca de 84 mil procedimentos e a intenção é aumentar esse número para atender cada vez mais as demandas.
No ano passado o Crefes recebeu mais 4.000 usuários novos além daqueles que já estão cadastrados. O paciente do Centro de Reabilitação possui um diferencial em relação às outras instituições médicas.
Por precisar de acompanhamento quase que constante e certa periodicidade na manutenção dos aparelhos, para o caso do usuário de próteses, por exemplo, o contato com os profissionais torna-se mais direto e permanente. Isso estreita a relação entre o paciente e o profissional e possibilita que o atendimento tenha uma característica mais personalizada.
Desde 1997, quando o Crefes participou, com um de seus técnicos, do XXIII Curso Internacional em Órtese e Prótese, na Associação de Assistência a Criança Defeituosa (AACD), em São Paulo, a modelagem dos aparelhos que se encaixam aos cotos, antes fabricados em resina, é feita de polipropileno. Esse material não causa alergia, podendo ficar em contato direto com a pele. Além disso, é mais leve do que a resina e demora menos tempo para ser confeccionado.
Casos
Muitos pacientes foram até o Crefes ainda crianças ou jovens e, ainda hoje, retornam para tratamento ou troca de próteses. Clério Piet, 30, é um exemplo. Aos 17 anos, Clério voltava da pescaria quando caiu do barco e foi atingido pela hélice da embarcação. Ele utiliza uma prótese do membro inferior direito abaixo do joelho e este ano faz a quarta troca desde o acidente.
O protesista e ortesista, Lúcio Guimarães Ornellas, conta que a quantidade de trocas depende de vários fatores, dentre eles, idade, peso e deformidade do coto (parte do membro restante após amputação). “A adaptação geralmente é rápida. Mas para o conforto do paciente é preciso estar atento a qualquer incômodo que o aparelho venha causar até a confecção da prótese definitiva” explica Lúcio.
Clério, que aos 10 anos de idade já havia perdido o braço direito enquanto manuseava um engenho de cana, considera levar uma vida normal apesar das limitações impostas pelas amputações. Ele mora na Barra do Jucu, em Vila Velha, e sempre que vai ao Crefes prefere ir de bicicleta. Nunca fez prótese para substituir o braço, pois a amputação foi muito alta e, neste caso, a função seria mais estética. “Me adaptei rapidamente à perda do braço direito. Faço tudo que preciso com o esquerdo e não me importo de ser assim”, afirma Clério.
O paciente é casado e tem uma filha de sete meses. “Assim que coloquei minha perna nova saí andando. Nunca tive problema de adaptação. Qualquer coisa que preciso venho até a oficina e eles logo acertam. O mais importante é ter força de vontade”, conclui Clério.
Assim como Clério, o paciente Guilherme Destéfani Biló também está na sua quarta prótese. Porém, Guilherme possui apenas seis anos e reside no município da Serra. Ele nasceu com um problema congênito e precisou amputar a perna direita, na altura do joelho, com apenas nove meses de idade. Sua mãe, Iracilda Destéfani Biló conta que com um ano e sete meses ele colocou sua primeira prótese.
“Guilherme nasceu com má formação; não possuía a rótula do joelho. Depois que ele colocou a prótese demorou apenas 15 dias para andar normalmente. Meu filho surpreendeu a todos”, narra Iracilda.
Iracilda conta ainda que Guilherme leva uma vida normal. “Ele anda de patins, bicicleta, pula corda, mas do que ele gosta mesmo é de desenhar. Na escola desenvolve suas atividades normalmente. Ele está no pré-escolar e já aprendeu a ler. Aqui no Crefes somos atendidos com muita atenção e carinho. Todas às vezes de que precisei fomos muito bem recebidos”, conclui.
Uma paciente mais recente, Suelen Leonardo de Souza, 11 anos, também atribui sua rápida adaptação à força de vontade. Sua mãe, Cleuza Leonardo dos Santos conta que, há dois anos, Suelen começou a sentir fortes dores na tíbia (osso medial da perna) e muito inchaço na perna esquerda. No Hospital Infantil constatou-se que a criança tinha um osteosarcoma (câncer primário de osso com incidência maior em adolescentes).
Depois de seis ciclos de quimioterapia foi feita amputação acima do joelho. Após esse procedimento foram realizados mais quatro ciclos de quimioterapia e iniciou-se o tratamento no Crefes. Antes de colocar a prótese, Suelen teve de fazer fisioterapia para fortalecimento do coto.
Suelen liderou um grupo de dança na escola onde estuda para uma apresentação em comemoração à Páscoa. “Nunca tive problema com a prótese e faço tudo o que quero. Adoro ir a festas, dançar e brincar. Gosto de nadar também, mas aí tenho que tirar minha prótese”, fala Suelen.
Cleuza Leonardo diz que o apoio que recebe da família e dos profissionais do Crefes contribui muito para o restabelecimento de Suelen. “Enfrentei o problema de cabeça erguida. Nunca menti para minha filha e passo todas as coisas para ela de forma positiva. Converso sobre tudo, inclusive sobre o preconceito. Se não fosse assim não teríamos conseguido nos reerguer”, declara a mãe.
Cleuza diz que a informação também é importante. “Leio muito sobre o assunto e o que ainda fico em dúvida pergunto à equipe do Crefes. Eles estão sempre dispostos a nos atender e nos tratam com muito carinho”, afirma.
A mãe lembra de contar que Suelen tem a irmã, Brenda, de 10 anos que, segundo ela, teve uma reação muito engraçada quando viu a prótese. Com expressão de surpresa declarou: “Mãe, a pessoa que fez isso foi muito inteligente!”.
Lúcio conta que é comum alguns pacientes e familiares ficarem curiosos e mexerem, por conta própria, nos aparelhos. Ele orienta que isso não seja feito para não danificar a prótese e machucar o usuário. “Sempre que algo incomodar ou parecer não estar certo pedimos que o paciente venha até a oficina”, reforça o protesista.
Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação da Sesa
Gustavo Tenório/ Clarissa Scárdua/Deyvison Longui
Texto: Cynthia Silva
Tels.: 31372378 / 31372315 / 99698271
asscom@saude.es.gov.br
Esta e outras matérias estão disponíveis no site www.es.gov.br
No ano passado o Crefes recebeu mais 4.000 usuários novos além daqueles que já estão cadastrados. O paciente do Centro de Reabilitação possui um diferencial em relação às outras instituições médicas.
Por precisar de acompanhamento quase que constante e certa periodicidade na manutenção dos aparelhos, para o caso do usuário de próteses, por exemplo, o contato com os profissionais torna-se mais direto e permanente. Isso estreita a relação entre o paciente e o profissional e possibilita que o atendimento tenha uma característica mais personalizada.
Desde 1997, quando o Crefes participou, com um de seus técnicos, do XXIII Curso Internacional em Órtese e Prótese, na Associação de Assistência a Criança Defeituosa (AACD), em São Paulo, a modelagem dos aparelhos que se encaixam aos cotos, antes fabricados em resina, é feita de polipropileno. Esse material não causa alergia, podendo ficar em contato direto com a pele. Além disso, é mais leve do que a resina e demora menos tempo para ser confeccionado.
Casos
Muitos pacientes foram até o Crefes ainda crianças ou jovens e, ainda hoje, retornam para tratamento ou troca de próteses. Clério Piet, 30, é um exemplo. Aos 17 anos, Clério voltava da pescaria quando caiu do barco e foi atingido pela hélice da embarcação. Ele utiliza uma prótese do membro inferior direito abaixo do joelho e este ano faz a quarta troca desde o acidente.
O protesista e ortesista, Lúcio Guimarães Ornellas, conta que a quantidade de trocas depende de vários fatores, dentre eles, idade, peso e deformidade do coto (parte do membro restante após amputação). “A adaptação geralmente é rápida. Mas para o conforto do paciente é preciso estar atento a qualquer incômodo que o aparelho venha causar até a confecção da prótese definitiva” explica Lúcio.
Clério, que aos 10 anos de idade já havia perdido o braço direito enquanto manuseava um engenho de cana, considera levar uma vida normal apesar das limitações impostas pelas amputações. Ele mora na Barra do Jucu, em Vila Velha, e sempre que vai ao Crefes prefere ir de bicicleta. Nunca fez prótese para substituir o braço, pois a amputação foi muito alta e, neste caso, a função seria mais estética. “Me adaptei rapidamente à perda do braço direito. Faço tudo que preciso com o esquerdo e não me importo de ser assim”, afirma Clério.
O paciente é casado e tem uma filha de sete meses. “Assim que coloquei minha perna nova saí andando. Nunca tive problema de adaptação. Qualquer coisa que preciso venho até a oficina e eles logo acertam. O mais importante é ter força de vontade”, conclui Clério.
Assim como Clério, o paciente Guilherme Destéfani Biló também está na sua quarta prótese. Porém, Guilherme possui apenas seis anos e reside no município da Serra. Ele nasceu com um problema congênito e precisou amputar a perna direita, na altura do joelho, com apenas nove meses de idade. Sua mãe, Iracilda Destéfani Biló conta que com um ano e sete meses ele colocou sua primeira prótese.
“Guilherme nasceu com má formação; não possuía a rótula do joelho. Depois que ele colocou a prótese demorou apenas 15 dias para andar normalmente. Meu filho surpreendeu a todos”, narra Iracilda.
Iracilda conta ainda que Guilherme leva uma vida normal. “Ele anda de patins, bicicleta, pula corda, mas do que ele gosta mesmo é de desenhar. Na escola desenvolve suas atividades normalmente. Ele está no pré-escolar e já aprendeu a ler. Aqui no Crefes somos atendidos com muita atenção e carinho. Todas às vezes de que precisei fomos muito bem recebidos”, conclui.
Uma paciente mais recente, Suelen Leonardo de Souza, 11 anos, também atribui sua rápida adaptação à força de vontade. Sua mãe, Cleuza Leonardo dos Santos conta que, há dois anos, Suelen começou a sentir fortes dores na tíbia (osso medial da perna) e muito inchaço na perna esquerda. No Hospital Infantil constatou-se que a criança tinha um osteosarcoma (câncer primário de osso com incidência maior em adolescentes).
Depois de seis ciclos de quimioterapia foi feita amputação acima do joelho. Após esse procedimento foram realizados mais quatro ciclos de quimioterapia e iniciou-se o tratamento no Crefes. Antes de colocar a prótese, Suelen teve de fazer fisioterapia para fortalecimento do coto.
Suelen liderou um grupo de dança na escola onde estuda para uma apresentação em comemoração à Páscoa. “Nunca tive problema com a prótese e faço tudo o que quero. Adoro ir a festas, dançar e brincar. Gosto de nadar também, mas aí tenho que tirar minha prótese”, fala Suelen.
Cleuza Leonardo diz que o apoio que recebe da família e dos profissionais do Crefes contribui muito para o restabelecimento de Suelen. “Enfrentei o problema de cabeça erguida. Nunca menti para minha filha e passo todas as coisas para ela de forma positiva. Converso sobre tudo, inclusive sobre o preconceito. Se não fosse assim não teríamos conseguido nos reerguer”, declara a mãe.
Cleuza diz que a informação também é importante. “Leio muito sobre o assunto e o que ainda fico em dúvida pergunto à equipe do Crefes. Eles estão sempre dispostos a nos atender e nos tratam com muito carinho”, afirma.
A mãe lembra de contar que Suelen tem a irmã, Brenda, de 10 anos que, segundo ela, teve uma reação muito engraçada quando viu a prótese. Com expressão de surpresa declarou: “Mãe, a pessoa que fez isso foi muito inteligente!”.
Lúcio conta que é comum alguns pacientes e familiares ficarem curiosos e mexerem, por conta própria, nos aparelhos. Ele orienta que isso não seja feito para não danificar a prótese e machucar o usuário. “Sempre que algo incomodar ou parecer não estar certo pedimos que o paciente venha até a oficina”, reforça o protesista.
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Gustavo Tenório/ Clarissa Scárdua/Deyvison Longui
Texto: Cynthia Silva
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