26/06/2007 10h06 - Atualizado em 23/09/2015 09h54

Doação de medula óssea ainda é baixa no Estado

Desde 2002, o Centro de Hemoterapia e Hematologia do Espírito Santo (Hemoes), que é mantido pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), oferece à população o serviço de cadastramento de doadores voluntários de medula óssea. Atualmente, existem no Estado 20.635 pessoas cadastradas no serviço. No entanto, como a chance de encontrar uma medula compatível pode chegar a uma em cem mil, quanto mais doadores se disponibilizarem, maiores serão as chances de salvar uma vida.

A medula óssea é um tecido líquido considerado a matriz do sangue. Ela está localizada na parte interna dos ossos e é responsável pela produção de células que compõem o sangue, como, por exemplo, os glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas. Vulgarmente a medula é conhecida como “tutano”.

Algumas pessoas, no entanto, sofrem de problemas que atingem diretamente a medula óssea, ou, em outras palavras, a produção normal das células do sangue. Entre estas doenças, uma das mais graves é a leucemia, um tipo de câncer que afeta o sangue, mais precisamente os glóbulos brancos, responsáveis pela defesa do organismo humano. A anemia aplástica grave, o mieloma múltiplo e os linfomas também são exemplos de enfermidades que atingem a medula óssea.

Quando uma pessoa é diagnosticada com alguma das doenças citadas, a cura pode estar no transplante de medula óssea. Neste caso, há duas formas de se proceder. A primeira é procurar uma medula óssea compatível entre os familiares. Caso isso não dê resultado, a segunda opção é recorrer ao banco de dados deste tecido.

É neste ponto que entra a importância dos doadores. As chances de um enfermo achar uma medula compatível estão intrinsecamente ligadas ao número de pessoas cadastradas nos bancos de dados, uma vez que a proporção entre o número de doadores não-compatíveis e pacientes é muito alta.

Segundo o coordenador do Hemoes, Euclides Có, de 2005 até hoje, o número de doações realizadas no centro aumentou significativamente. No entanto, ele lembra que quanto mais pessoas doarem, melhor, pois não há um número limite de doadores. Ele ressalta que o ato de doar é extremamente importante, pois crianças e adultos que foram transplantadas, hoje vivem normalmente.

Na mesma linha pensa a assistente social da instituição, Roselene Souza. “Apesar de o Estado contar com aproximadamente 20 mil doadores, esse número pode ser bem maior, para isso é importante fazer a divulgação deste serviço, já que muitas pessoas desconhecem como ele é realizado”, diz.

Ela afirma que o Hemoes orienta as pessoas que vão ao estabelecimento doar sangue. Entretanto, a divulgação pode ser bem maior. Para isso, o Centro de Hemoterapia e Hematologia do Espírito Santo se disponibiliza a fazer campanhas de divulgação em conjunto com empresas ou órgãos que estejam interessados no serviço. “O número de doadores aumenta bastante quando são feitas campanhas de divulgação”, explica Roselene.

As instituições que se interessarem em realizar este tipo de trabalho conjunto podem entrar em contato com o Hemoes, que se dispõe a fazer uma visita ao local para orientar as pessoas.

No âmbito nacional, segundo estatísticas do INCA, de outubro de 1984 até maio de 2007, 1.146 pacientes foram beneficiados pelo transplante. Neste ano, 37 pessoas já foram submetidas ao procedimento. Atualmente, o registro de doadores chega à marca de 70% dos doadores encontrados. Em outubro de 2006, o número de doadores que se cadastraram no Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (REDOME) chegou a 300 mil.

Como funciona o banco de dados

O doador deve procurar um centro de hemoterapia/hematologia que disponibilize o serviço de cadastramento de medula. A pessoa preencherá um cadastro em que fornecerá dados pessoais além de uma autorização para coleta de 10 ml de sangue, que é enviado a um exame de histocompatibilidade (HLA). Após o resultado, as informações são enviados ao REDOME, onde é feito o cruzamento de informações entre paciente e doadores.

Se a amostra da medula for compatível com algum paciente, mais testes sangüíneos de alta resolução são feitos para se ter certeza da amostra. Uma vez confirmada a compatibilidade, a pessoa será consultada para prosseguir ou não com o processo de doação.

Caso o doador deseje prosseguir, a equipe responsável pelo transplante entra em contato para providenciar os demais procedimentos. Na maioria das vezes, a pessoa é encaminhada para o local do transplante juntamente com o paciente e a medula é extraída e repassada ao enfermo. Há casos em que a medula é proveniente de um lugar distante (como outros países, por exemplo). Neste caso, que é mais raro, os bancos de dados dos países são cruzados entre si.

Ao todo, no Brasil, existem oito instituições para transplantes de doadores encontrados nos bancos: Instituto Nacional de Câncer (INCA), Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo (HCUSP), Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HCUFPR), Universidade de Campinas (UNICAMP), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Hospital Amaral Carvalho (Jaú/SP), Hospital Real Português-Recife/PE e Hospital Albert Einstein (SP). Além desses, há também mais 42 centros para transplantes entre familiares.

Como é feita a coleta da medula óssea

A coleta é feita de dois modos. Um deles é doar a medula em si, ocasião em que é feita uma punção direta do líquido. O procedimento dura em média quarenta minutos e a pessoa fica em observação por um dia. O único risco que o doador sofre é o de se submeter a uma anestesia.

No outro método de coleta, a pessoa recebe um medicamento durante cinco dias para que a produção de células-mãe seja aumentada. Neste período, essas células migram da medula para as veias, onde são colhidas. Este processo dura quatro horas.

De acordo com Roselene Souza, muitas pessoas não doam medula porque confundem medula óssea com a medula espinhal. Entretanto, esta faz parte do tecido nervoso e é encontrada no interior da coluna vertebral. Ela tem a função de transmitir impulsos nervosos provenientes do cérebro para o corpo inteiro. Portanto, quando se fala em transplante de medula, fala-se em medula óssea e não espinhal.

Para ser um doador, basta ter entre 18 e 55 anos e estar em bom estado de saúde. Não é preciso ter peso (como na doação de sangue) e as pessoas com antecedentes de doenças infecciosas não são excluídas na doação. São descartados apenas os pacientes com doenças oncológicas.

“Além disso, os doadores devem ter boa vontade, pois eles têm a possibilidade de salvar vidas em vida”, lembra Roselene.

Onde doar medula

Centro de Hemoterapia e Hematologia do Espírito Santo (Hemoes)
Tel. (27) 3137-2438 e 3137-2444
hemoes@saude.es.gov.br

Unidade de Coleta à Distância da Serra
Tel. (27) 3338-7694 e 3338-7699

Núcleo de Hemoterapia de Linhares
(27) 3171-4361

Hemocentro Regional de Colatina
(27) 3177-7932

Hemocentro Regional de São Mateus
(27) 3767-4235

Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação da Sesa
Daniele Bolonha
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Texto: Marcos Bonn
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