Há cinco anos o Centro de Reabilitação Física da Secretaria de Estado da Saúde (Crefes), em Vila Velha, criou um projeto para ajudar na recuperação de quem sofre com dores crônicas nas costas: a Escola da Coluna. Graças ao trabalho que envolve tratamento multidisciplinar e orientações de especialistas, cerca de 70% dos pacientes lá assistidos apresentam melhora ao final do acompanhamento.

A iniciativa surgiu devido à grande demanda. Embora o atendimento já existisse no Crefes, observou-se a necessidade de ampliá-lo e, ao mesmo tempo, levar informações às pessoas. “Muitos retornavam com os mesmos problemas”, lembra o fisioterapeuta da Unidade, Joani Aparecido Nogueira.

Além de ganhar um espaço próprio, a Escola da Coluna passou a dispor de fisioterapeuta, nutricionista e musicoterapeuta. Tão importante quanto isto, começou-se a orientar os usuários quanto à causa do problema, como exercer as atividades em uma postura correta e a importância dos exercícios físicos, questões imprescindíveis para o êxito na terapia das dores crônicas.

Tratamento

Mostrar a importância do esforço individual é um dos principais pontos. Por isso, quando a pessoa tem acesso pela primeira vez ao serviço, é feito um trabalho de acolhimento. Nesta fase é explicado que a terapia não se baseará somente em fisioterapia. “Eles devem ter a consciência que a atividade deve ser continuada, pois a dor é crônica”, ressalta Nogueira.

Ao todo, são 12 sessões de cinesioterapia, ou tratamento à base de exercícios físicos, como alongamentos e fortalecimento muscular. “O paciente chega com um certo grau de dor. À medida que o tempo vai passando, se sente melhor e não reclama mais de dor. Depois estão aptos a continuarem fora daqui”, salienta o especialista.

As atividades incluem uma palestra com nutricionista, que conscientiza sobre a importância da alimentação saudável, pois muitos têm na obesidade um dos fatores para dores na coluna. E, por fim, na sessão de musicoterapia, muitos já não apresentam mais dores e podem trabalhar os movimentos finais.

Problemas comuns

As cervicalgias e as lombalgias representam 70% dos problemas tratados na Escola da Coluna. Ambas têm origem na má postura, como sentar-se e carregar peso de modo errado, mas atingem locais diferentes. “As lombalgias são dores na região lombar, na altura do quadril. Uma das causas é a compressão do nervo ciático. Gera formigamento e dores nas pernas”, diz Nogueira.

Tem se observado também muitos pacientes com dor na região cervical - área do pescoço – ou cervicalgia (veja detalhes abaixo). “As dores têm muitas causas, como má postura, e atingem motoristas, garis, faxineiras, lavradores, cozinheiras. As mulheres, com jornada dupla de trabalho, adultos entre 30 e 50 anos, são os que mais procuram o serviço”, detalha.

Para evitar os problemas, a dica é fazer exercício físico. “A idade vai chegando e a gente vai se acomodando. Escolha uma atividade física que goste, pode ser hidroginástica, dança de salão, ioga. Além de fazer a atividade física, há ainda o lado psicossocial, pois a pessoa está melhorando sua rede social”, conclui o fisioterapeuta.

Acesso

Qualquer um com dores crônicas nas costas pode ter acesso ao serviço. Basta apresentar a prescrição para fisioterapia e o diagnóstico do problema, informações fornecidas pelo médico da rede pública ou particular. No Crefes, o usuário é atendido, passa pela classificação de risco reabilitacional (os mais graves têm prioridade) onde recebe as orientações feitas do fisioterapeuta e é agendada para uma triagem. Após esta etapa é marcado o início do tratamento.

Os atendimentos na Escola de Coluna são realizados às segundas e quartas-feiras, em duas sessões, a primeira com início às 13h30 e a outra às 14h30. Cada uma reúne um grupo de até 15 pacientes. Ao todo, são 14 sessões: 12 de fisioterapia, uma de nutrição e uma de musicoterapia.

Problemas mais comuns

Cervicalgia: dor na região cervical, ou seja, no pescoço, e pode irradiar para os braços;
Dorsalgia: dor na região dorsal ou torácica, no meio das costas;
Lombalgia: dor na região lombar, nas costas, na altura do quadril, podendo irradiar para as pernas;
Hérnia de disco: leve deslocamento do disco vertebral, causando compressão da raiz do nervo. Pode irradiar para perna, braço ou mãos dependendo da região;
Bico de papagaio: pequena saliência óssea (osteófito), artrose. Pode ocorrer na região cervical, dorsal e lombar.

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Texto: Marcos Bonn
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