24/03/2008 11h34 - Atualizado em 23/09/2015 13h20

Especialistas da USP estão no Estado para realizar estudo sobre doenças transmitidas por carrapatos

A nova etapa de estudos que envolvem o Projeto de Zoonoses Transmitidas por Carrapatos já está em curso no Estado. O especialista no assunto, Dr. Natalino Yoshinari, e equipe, se reuniram na manhã desta segunda-feira (24) com técnicos da área, no Laboratório Central (Lacen) da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) para apresentar alguns resultados da pesquisa sobre cinco enfermidades encontradas nas áreas rurais do Espírito Santo: Doença de Lyme Símile Brasileira (DL), febre maculosa, erliquiose, anaplasma e babésia.

O projeto faz parte de um convênio que será formalizado, dentro de 20 dias, entre a Sesa e a Universidade de São Paulo (USP). A visita de Yoshinari inclui reuniões com técnicos da área, palestras, tratamento de pacientes e coleta de materiais para dar suporte às pesquisas e viagens a municípios endêmicos. A próxima parada dos pesquisadores, que permanecerão no Estado até quinta-feira (27), é Colatina.

De acordo com Natalino Yoshinari, os esforços estão voltados para a investigação de enfermidades transmitidas por carrapatos, mas há uma ênfase no estudo da DL porque, no Brasil, ela é diferente daquela que se manifesta no hemisfério norte e, além disso, entre as moléstias que estão em estudo, essa é a mais grave e a mais freqüente no meio rural.

Por isso, um dos objetivos do trabalho é definir um esquema de diagnóstico laboratorial da doença. Ainda não há uma metodologia estabelecida para a Doença de Lyme, a erliquiose e a babésia. O médico explica que a pesquisa já é bem conhecida na USP e, uma vez decidida uma forma de diagnóstico laboratorial, a intenção é que o Hospital das Clínicas o inclua como um dos exames necessários durante o processo de doação de sangue.

Atualmente no Espírito Santo há uma média de 20 casos de DL confirmados, entretanto, os suspeitos são muito mais. O laboratório encarregado de realizar as análises das amostras conta com aproximadamente 400 exames na fila de espera.

Até então, as pessoas acometidas por esses tipos de moléstias ficavam desassistidas e a tendência é que, com o desenvolvimento dos trabalhos, um esquema de tratamento seja estabelecido para melhor atender a população.



Para o veterinário da Superintendência Regional de Colatina, Augusto Zago, o Espírito Santo sairá ganhando com a futura formalização do convênio. A pesquisa tem como patrocinadora a Secretaria de Vigilância em Saúde, o que permitirá que a contrapartida do Estado seja realizada por meio de apoio técnico e logístico. Além disso, os estudos mostram bons resultados.

A pesquisa

As pesquisas são conduzidas pelo médico reumatologista da USP, Natalino Yoshinari, que já esteve duas vezes no Estado, e é o responsável pelas análises laboratoriais dos casos suspeitos das enfermidades. A área abrangida pelo estudo é o Noroeste capixaba, mais precisamente as cidades de Colatina, Baixo Guandu, Nova Venécia e Vila Valério.

A região tem um histórico de grande incidência de zoonoses transmitidas por carrapatos. Entre 2005 e 2007, de 200 exames dessas doenças enviados para análise em São Paulo, 93 deram positivo para a DL. A maioria dos casos é da área citada. Isso chamou a atenção de Yoshinari em estabelecer uma parceria com a Sesa, a fim de estudar mais profundamente o fenômeno.

Augusto Zago explica que, apesar de o convênio incluir a pesquisa de cinco tipos de enfermidades que acometem as pessoas nas zonas rurais, será dada mais ênfase à Doença de Lyme Brasileira porque ela é a mais nociva ao homem e a mais difícil de ser identificada.

O diagnóstico é laboratorial. Pessoas que tiveram contato com carrapatos e apresentaram sintomas da Doença de Lyme Brasileira, febre maculosa, erliquiose, anaplasma e babésia têm uma amostra de sangue colhida nas unidades de saúde e enviada ao Laboratório Central (Lacen).

Os exames suspeitos são encaminhados para a USP para serem confirmados ou descartados. Se algum caso for comprovado, os profissionais da Regional de Colatina se dirigem ao provável local de contaminação e fazem uma avaliação da área, por meio da coleta de sangue de cães e eqüinos e da captura de carrapatos.

A Doença de Lyme Brasileira

A Doença de Lyme tradicional nunca foi confirmada oficialmente no País. Ela é mais comum no hemisfério norte, em países como Estados Unidos e nos continentes europeu e asiático. A enfermidade encontrada por aqui tem algumas peculiaridades e por isso foi batizada de Doença de Lyme Brasileira. Entre a febre maculosa, erliquiose, anaplasma e babésia, ela é a que causa mais transtornos à saúde.

Tanto a forma importada quanto a nacional da enfermidade são transmitidas por carrapatos, mas de espécies diferentes. Um dos objetivos dos pesquisadores é descobrir qual é o vetor responsável pela zoonose aqui no Espírito Santo e, conseqüentemente, quais seriam as melhores medidas de controle e prevenção da doença e de alerta à população.

Segundo Augusto Zago, a DL encontrada no Noroeste do Estado tem acometido adolescentes e, sobretudo, as mulheres. Como ela pode demorar de seis meses a dois anos para se manifestar, as medidas de controle do vetor tornam-se complicadas, pois é difícil para uma pessoa lembrar do local onde estava quando foi picada por um carrapato.

Um dos sintomas da Doença de Lyme Brasileira é uma lesão no local da picada, que aumenta de tamanho e persiste por até três meses. Além disso, são relatados casos de febre, dor de cabeça, mal-estar, fadiga, inchaços das juntas, artrite e insônia.

Os sinais se manifestam em duas fases: uma crônica e outra aguda. Em estágio avançado, eles podem atingir todos os sistemas do organismo humano e deixar seqüelas neurológicas, cardíacas ou articulares. Por esse motivo, ela confunde muitos médicos durante os diagnósticos. “Tem que esclarecer a doença para a classe médica, que tem pouco interesse sobre ela”, ressalta Zago.

Programação:

Segunda-feira (24)

- Vitória - 8 horas: reunião no Lacen para apresentação dos resultados parciais do Projeto Zoonoses Transmitidas por Carrapatos (humanos e animais);

- Colatina – Das 14 horas às 15h30: atendimento a pacientes com Doença de Lyme Símile (Dr. Natalino);

Das 16 às 18 horas: palestra para profissionais de saúde dos PACs e ESF de Colatina, no auditório do prédio do INSS;

Das 18 horas às 19h30: reunião com os especialistas médicos do CRE de Colatina para apresentação de “Estudos de Casos Clínicos da Doença de Lyme Símile”.

Terça-feira (25)

- Nova Venécia – Das 8h30 às 10 horas: palestra para profissionais de saúde dos PACs e ESF de Nova Venécia, no auditório da Câmara de Vereadores;

Das 14 às 17 horas: atendimento a pacientes com Doença de Lyme Símile.

Terça, quarta e quintaj-feira (25, 26 e 27)

- Nova Venécia - coleta sorológica em humanos e animais (cães e eqüinos) em sete localidades rurais. Coleta acarológica (carrapatos) em animais e no ambiente.

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