Especialistas da USP estão no Estado para realizar estudo sobre doenças transmitidas por carrapatos
O projeto faz parte de um convênio que será formalizado, dentro de 20 dias, entre a Sesa e a Universidade de São Paulo (USP). A visita de Yoshinari inclui reuniões com técnicos da área, palestras, tratamento de pacientes e coleta de materiais para dar suporte às pesquisas e viagens a municípios endêmicos. A próxima parada dos pesquisadores, que permanecerão no Estado até quinta-feira (27), é Colatina.
De acordo com Natalino Yoshinari, os esforços estão voltados para a investigação de enfermidades transmitidas por carrapatos, mas há uma ênfase no estudo da DL porque, no Brasil, ela é diferente daquela que se manifesta no hemisfério norte e, além disso, entre as moléstias que estão em estudo, essa é a mais grave e a mais freqüente no meio rural.
Por isso, um dos objetivos do trabalho é definir um esquema de diagnóstico laboratorial da doença. Ainda não há uma metodologia estabelecida para a Doença de Lyme, a erliquiose e a babésia. O médico explica que a pesquisa já é bem conhecida na USP e, uma vez decidida uma forma de diagnóstico laboratorial, a intenção é que o Hospital das Clínicas o inclua como um dos exames necessários durante o processo de doação de sangue.
Atualmente no Espírito Santo há uma média de 20 casos de DL confirmados, entretanto, os suspeitos são muito mais. O laboratório encarregado de realizar as análises das amostras conta com aproximadamente 400 exames na fila de espera.
Até então, as pessoas acometidas por esses tipos de moléstias ficavam desassistidas e a tendência é que, com o desenvolvimento dos trabalhos, um esquema de tratamento seja estabelecido para melhor atender a população.

Para o veterinário da Superintendência Regional de Colatina, Augusto Zago, o Espírito Santo sairá ganhando com a futura formalização do convênio. A pesquisa tem como patrocinadora a Secretaria de Vigilância em Saúde, o que permitirá que a contrapartida do Estado seja realizada por meio de apoio técnico e logístico. Além disso, os estudos mostram bons resultados.
A pesquisa
As pesquisas são conduzidas pelo médico reumatologista da USP, Natalino Yoshinari, que já esteve duas vezes no Estado, e é o responsável pelas análises laboratoriais dos casos suspeitos das enfermidades. A área abrangida pelo estudo é o Noroeste capixaba, mais precisamente as cidades de Colatina, Baixo Guandu, Nova Venécia e Vila Valério.
A região tem um histórico de grande incidência de zoonoses transmitidas por carrapatos. Entre 2005 e 2007, de 200 exames dessas doenças enviados para análise em São Paulo, 93 deram positivo para a DL. A maioria dos casos é da área citada. Isso chamou a atenção de Yoshinari em estabelecer uma parceria com a Sesa, a fim de estudar mais profundamente o fenômeno.
Augusto Zago explica que, apesar de o convênio incluir a pesquisa de cinco tipos de enfermidades que acometem as pessoas nas zonas rurais, será dada mais ênfase à Doença de Lyme Brasileira porque ela é a mais nociva ao homem e a mais difícil de ser identificada.
O diagnóstico é laboratorial. Pessoas que tiveram contato com carrapatos e apresentaram sintomas da Doença de Lyme Brasileira, febre maculosa, erliquiose, anaplasma e babésia têm uma amostra de sangue colhida nas unidades de saúde e enviada ao Laboratório Central (Lacen).
Os exames suspeitos são encaminhados para a USP para serem confirmados ou descartados. Se algum caso for comprovado, os profissionais da Regional de Colatina se dirigem ao provável local de contaminação e fazem uma avaliação da área, por meio da coleta de sangue de cães e eqüinos e da captura de carrapatos.
A Doença de Lyme Brasileira
A Doença de Lyme tradicional nunca foi confirmada oficialmente no País. Ela é mais comum no hemisfério norte, em países como Estados Unidos e nos continentes europeu e asiático. A enfermidade encontrada por aqui tem algumas peculiaridades e por isso foi batizada de Doença de Lyme Brasileira. Entre a febre maculosa, erliquiose, anaplasma e babésia, ela é a que causa mais transtornos à saúde.
Tanto a forma importada quanto a nacional da enfermidade são transmitidas por carrapatos, mas de espécies diferentes. Um dos objetivos dos pesquisadores é descobrir qual é o vetor responsável pela zoonose aqui no Espírito Santo e, conseqüentemente, quais seriam as melhores medidas de controle e prevenção da doença e de alerta à população.
Segundo Augusto Zago, a DL encontrada no Noroeste do Estado tem acometido adolescentes e, sobretudo, as mulheres. Como ela pode demorar de seis meses a dois anos para se manifestar, as medidas de controle do vetor tornam-se complicadas, pois é difícil para uma pessoa lembrar do local onde estava quando foi picada por um carrapato.
Um dos sintomas da Doença de Lyme Brasileira é uma lesão no local da picada, que aumenta de tamanho e persiste por até três meses. Além disso, são relatados casos de febre, dor de cabeça, mal-estar, fadiga, inchaços das juntas, artrite e insônia.
Os sinais se manifestam em duas fases: uma crônica e outra aguda. Em estágio avançado, eles podem atingir todos os sistemas do organismo humano e deixar seqüelas neurológicas, cardíacas ou articulares. Por esse motivo, ela confunde muitos médicos durante os diagnósticos. “Tem que esclarecer a doença para a classe médica, que tem pouco interesse sobre ela”, ressalta Zago.
Programação:
Segunda-feira (24)
- Vitória - 8 horas: reunião no Lacen para apresentação dos resultados parciais do Projeto Zoonoses Transmitidas por Carrapatos (humanos e animais);
- Colatina – Das 14 horas às 15h30: atendimento a pacientes com Doença de Lyme Símile (Dr. Natalino);
Das 16 às 18 horas: palestra para profissionais de saúde dos PACs e ESF de Colatina, no auditório do prédio do INSS;
Das 18 horas às 19h30: reunião com os especialistas médicos do CRE de Colatina para apresentação de “Estudos de Casos Clínicos da Doença de Lyme Símile”.
Terça-feira (25)
- Nova Venécia – Das 8h30 às 10 horas: palestra para profissionais de saúde dos PACs e ESF de Nova Venécia, no auditório da Câmara de Vereadores;
Das 14 às 17 horas: atendimento a pacientes com Doença de Lyme Símile.
Terça, quarta e quintaj-feira (25, 26 e 27)
- Nova Venécia - coleta sorológica em humanos e animais (cães e eqüinos) em sete localidades rurais. Coleta acarológica (carrapatos) em animais e no ambiente.
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