24/09/2009 10h58 - Atualizado em
23/09/2015 13h25
Espírito Santo terá ‘Política de Estímulo à Doação e Transplante de Órgãos’

Como parte das atividades da Semana Nacional de Doação de Órgãos – entre os dias 21 e 27 deste mês – a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) lançou, na manhã desta quinta-feira (24), a Política Estadual de Estímulo à Doação e Transplante de Órgãos, que será implantada pela Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO). O objetivo é incentivar o aumento da doação e transplante de órgãos e tecidos, tornando o Espírito Santo referência nacional na área.
O anúncio foi feito pelo Secretário da Saúde, Anselmo Tozi, diante do procurador do Ministério Público, José Adalberto Dazzi; da representante do Sistema Nacional de Transplantes, Camila Carloni Gaspar; do presidente da Pró-Vidas Transplantes, Adauto Vieira de Almeida; além de demais representantes do Conselho Regional de Medicina; Federação dos Hospitais Filantrópicos e diretores de hospitais de todo o Espírito Santo.
Segundo Anselmo Tozi, para transformar o Espírito Santo no maior centro captador e transplantador do Brasil por habitante foram estabelecidas algumas metas. A ideia é, no primeiro ano de vigor da Política, aumentar em 200% a doação e transplantes de córnea e em 100% as doações e transplantes de órgãos sólidos (fígado, coração rim e pâncreas).
A Política entra em vigor a partir do momento que o hospital aderir ao programa. “É uma Política completa, estamos investindo R$ 3 milhões a mais para reestruturação dos aparelhos médico-hospitalares usados na manutenção do potencial doador. Os recursos vão contemplar também as equipes que atuam nas Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos CIHDOTs”, disse o secretário.
“Vamos dobrar os recursos para esta área no Espírito Santo para que nos próximos anos possamos dobrar o número de transplantes e diminuir a fila. É preciso dizer que a sociedade tem que fazer a sua parte. As pessoas estão voltando a entender a importância das doações. E com a nova Política todos vão ganhar. Quem vai ganhar mais são os cidadãos, os pacientes que precisam de um órgão transplantado”, concluiu o secretário.
Para a coordenadora da Central de Captação da Sesa, Ana Francisca Gonçalves da Cruz, as estatísticas mostram que o Estado está no caminho certo. Em 2008, o Espírito Santo foi o primeiro colocado entre os estados que apresentaram crescimento nos transplantes. No mesmo ano, houve um avanço de 70% no número de procedimentos realizados em relação à 2007.
E os índices continuam a crescer: entre janeiro e agosto de 2008 e igual período deste ano, houve um aumento de mais de 15% nos transplantes. A expectativa da Central é que sejam feitos em 2009 mais de 234 destes procedimentos, atual recorde alcançado em 2008.
Solidariedade
Filomena Melo de Oliveira, 67, é uma das pessoas que fazem parte desta estatística. A data de 24 de novembro de 2005 é inesquecível para ela. “Este foi o dia maior que tive”, lembra. Depois de três anos de tratamento e oito meses de fila, foi neste dia em que Dona Filomena, como é conhecida, recebeu um novo fígado.
O transplante mudou sua vida: “Eu não aguentava mais. Mas, graças ao transplante, hoje minha vida é normal. Do momento que recebi o fígado, não sinto mais nada, parece que eu era outra pessoa”, conta. Dona Filomena fez um apelo. “Que todas as famílias possam doar, porque doar é um de amor muito grande, tanto para quem doa quanto para quem recebe”.
Mitsi Mary de Almeida Rossi, 50, é mãe de um rapaz de 20 anos diagnosticado com morte encefálica. Diferentemente de muitas famílias que ficam em dúvida em autorizar ou não a doação, ela teve a decisão facilitada na ocasião porque o assunto era discutido em família. Ela contou ainda com a ajuda de sua filha. “Minha filha é enfermeira, a gente tinha um diálogo aberto, ela sabia do quadro de saúde do irmão. Quando foi diagnosticada a morte encefálica, decidimos autorizar a doação imediatamente”, relembra.
Com o resultado do ato de solidariedade, foram retirados cinco órgãos, todos transplantados com sucesso, um deles, inclusive, foi recebido por Dona Filomena. “Tenho um sentimento de satisfação”, confessa. Para ela, conversar sobre o assunto em vida e confiar no diagnóstico de morte encefálica são aspectos que contribuem para a tomada de decisão de doar.
Trabalho difícil
O médico Gastão Coelho é coordenador do Centro de Tratamento Intensivo (CTI) e um dos componentes da Comissão Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOT) do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim. Cabe a ele manter os cuidados sobre pacientes que podem se tornar possíveis doadores. “Na possibilidade de ser doador é necessário manter o paciente em condições perfeitas. Se por ventura ele for doador, os órgãos tem que estar próximos da perfeição”, relata.
Para ele, a política de doação que já era boa, ficou ainda melhor agora, não só do ponto de vista de relacionamento, mas também em relação aos recursos. “A Secretaria de Estado da Saúde está sendo uma baita parceira”, reconhece. Estamos atrás de doadores, doação é vida e, com a Secretaria implantando a nova Política, vamos melhorar a qualidade da doação. Vamos adequar ainda mais os aparelhos que temos”, ressalta.
A equipe do CIHDOT da Santa Casa de Cachoeiro já viabilizou 06 doações apenas em 2009. A parte difícil deste trabalho é quando os possíveis doadores são mantidos em condições, mas por uma negativa da família o processo não se concretiza. “Nessas horas não podemos emitir nenhum tipo de opinião”, diz o médico. Por isso, o que mais facilita é conversar com alguém e dizer que é doador. “Lá na nossa CIHDOT, todos somos doadores”, conclui.
Financiamento
Para atingir as metas, a nova Política inclui maior financiamento das ações de doação, que abrangerá diretamente os profissionais que atuam neste processo, sobretudo por meio de qualificações. A Secretaria da Saúde investirá R$ 1,8 milhão por ano para financiar as atividades, desde a doação até captação, valor quase três vezes maior daquele destinado pelo Governo Federal.
Além disso, a Sesa disponibilizará inicialmente mais R$ 3 milhões para melhor equipar os 35 hospitais capixabas que devem aderir à Política. Cada um deles que assinar o termo de adesão receberá um kit para manutenção do potencial doador, composto por ventilador mecânico, monitor multiparâmetro, oxímetro, bomba de infusão, cobertor térmico e eletroencefalógrafo, um dos aparelhos usados na comprovação de morte encefálica.
Como contrapartida, caberá às unidades hospitalares que aderirem à Política Estadual de Doação alguns deveres, como a sensibilização de funcionários sobre o tema; capacitação de equipes multiprofissionais envolvidas no processo de doação; divulgação do assunto ‘doação de órgão’ na comunidade, por meio de palestras; e garantir a avaliação diagnóstica para morte encefálica.
Atualmente no Espírito Santo são realizados transplantes de córnea, fígado, coração, rim, rim/pâncreas conjugado, além de medula óssea autólogo (quando o paciente recebe a própria medula, porém tratada).
As instituições que executam algum tipo de transplante são: Hospital Santa Rita de Cássia, Vitória Apart Hospital, Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam), Hospital Meridional, Hospital Evangélico de Vila Velha, Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim; Hospital Mata da Praia, Instituto Santa Luzia e Centro de Cirurgia Ocular.
Veja os números:

O anúncio foi feito pelo Secretário da Saúde, Anselmo Tozi, diante do procurador do Ministério Público, José Adalberto Dazzi; da representante do Sistema Nacional de Transplantes, Camila Carloni Gaspar; do presidente da Pró-Vidas Transplantes, Adauto Vieira de Almeida; além de demais representantes do Conselho Regional de Medicina; Federação dos Hospitais Filantrópicos e diretores de hospitais de todo o Espírito Santo.
Segundo Anselmo Tozi, para transformar o Espírito Santo no maior centro captador e transplantador do Brasil por habitante foram estabelecidas algumas metas. A ideia é, no primeiro ano de vigor da Política, aumentar em 200% a doação e transplantes de córnea e em 100% as doações e transplantes de órgãos sólidos (fígado, coração rim e pâncreas).
A Política entra em vigor a partir do momento que o hospital aderir ao programa. “É uma Política completa, estamos investindo R$ 3 milhões a mais para reestruturação dos aparelhos médico-hospitalares usados na manutenção do potencial doador. Os recursos vão contemplar também as equipes que atuam nas Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos CIHDOTs”, disse o secretário.
“Vamos dobrar os recursos para esta área no Espírito Santo para que nos próximos anos possamos dobrar o número de transplantes e diminuir a fila. É preciso dizer que a sociedade tem que fazer a sua parte. As pessoas estão voltando a entender a importância das doações. E com a nova Política todos vão ganhar. Quem vai ganhar mais são os cidadãos, os pacientes que precisam de um órgão transplantado”, concluiu o secretário.
Para a coordenadora da Central de Captação da Sesa, Ana Francisca Gonçalves da Cruz, as estatísticas mostram que o Estado está no caminho certo. Em 2008, o Espírito Santo foi o primeiro colocado entre os estados que apresentaram crescimento nos transplantes. No mesmo ano, houve um avanço de 70% no número de procedimentos realizados em relação à 2007.
E os índices continuam a crescer: entre janeiro e agosto de 2008 e igual período deste ano, houve um aumento de mais de 15% nos transplantes. A expectativa da Central é que sejam feitos em 2009 mais de 234 destes procedimentos, atual recorde alcançado em 2008.
Solidariedade
Filomena Melo de Oliveira, 67, é uma das pessoas que fazem parte desta estatística. A data de 24 de novembro de 2005 é inesquecível para ela. “Este foi o dia maior que tive”, lembra. Depois de três anos de tratamento e oito meses de fila, foi neste dia em que Dona Filomena, como é conhecida, recebeu um novo fígado.
O transplante mudou sua vida: “Eu não aguentava mais. Mas, graças ao transplante, hoje minha vida é normal. Do momento que recebi o fígado, não sinto mais nada, parece que eu era outra pessoa”, conta. Dona Filomena fez um apelo. “Que todas as famílias possam doar, porque doar é um de amor muito grande, tanto para quem doa quanto para quem recebe”.
Mitsi Mary de Almeida Rossi, 50, é mãe de um rapaz de 20 anos diagnosticado com morte encefálica. Diferentemente de muitas famílias que ficam em dúvida em autorizar ou não a doação, ela teve a decisão facilitada na ocasião porque o assunto era discutido em família. Ela contou ainda com a ajuda de sua filha. “Minha filha é enfermeira, a gente tinha um diálogo aberto, ela sabia do quadro de saúde do irmão. Quando foi diagnosticada a morte encefálica, decidimos autorizar a doação imediatamente”, relembra.
Com o resultado do ato de solidariedade, foram retirados cinco órgãos, todos transplantados com sucesso, um deles, inclusive, foi recebido por Dona Filomena. “Tenho um sentimento de satisfação”, confessa. Para ela, conversar sobre o assunto em vida e confiar no diagnóstico de morte encefálica são aspectos que contribuem para a tomada de decisão de doar.
Trabalho difícil
O médico Gastão Coelho é coordenador do Centro de Tratamento Intensivo (CTI) e um dos componentes da Comissão Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOT) do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim. Cabe a ele manter os cuidados sobre pacientes que podem se tornar possíveis doadores. “Na possibilidade de ser doador é necessário manter o paciente em condições perfeitas. Se por ventura ele for doador, os órgãos tem que estar próximos da perfeição”, relata.
Para ele, a política de doação que já era boa, ficou ainda melhor agora, não só do ponto de vista de relacionamento, mas também em relação aos recursos. “A Secretaria de Estado da Saúde está sendo uma baita parceira”, reconhece. Estamos atrás de doadores, doação é vida e, com a Secretaria implantando a nova Política, vamos melhorar a qualidade da doação. Vamos adequar ainda mais os aparelhos que temos”, ressalta.
A equipe do CIHDOT da Santa Casa de Cachoeiro já viabilizou 06 doações apenas em 2009. A parte difícil deste trabalho é quando os possíveis doadores são mantidos em condições, mas por uma negativa da família o processo não se concretiza. “Nessas horas não podemos emitir nenhum tipo de opinião”, diz o médico. Por isso, o que mais facilita é conversar com alguém e dizer que é doador. “Lá na nossa CIHDOT, todos somos doadores”, conclui.
Financiamento
Para atingir as metas, a nova Política inclui maior financiamento das ações de doação, que abrangerá diretamente os profissionais que atuam neste processo, sobretudo por meio de qualificações. A Secretaria da Saúde investirá R$ 1,8 milhão por ano para financiar as atividades, desde a doação até captação, valor quase três vezes maior daquele destinado pelo Governo Federal.
Além disso, a Sesa disponibilizará inicialmente mais R$ 3 milhões para melhor equipar os 35 hospitais capixabas que devem aderir à Política. Cada um deles que assinar o termo de adesão receberá um kit para manutenção do potencial doador, composto por ventilador mecânico, monitor multiparâmetro, oxímetro, bomba de infusão, cobertor térmico e eletroencefalógrafo, um dos aparelhos usados na comprovação de morte encefálica.
Como contrapartida, caberá às unidades hospitalares que aderirem à Política Estadual de Doação alguns deveres, como a sensibilização de funcionários sobre o tema; capacitação de equipes multiprofissionais envolvidas no processo de doação; divulgação do assunto ‘doação de órgão’ na comunidade, por meio de palestras; e garantir a avaliação diagnóstica para morte encefálica.
Atualmente no Espírito Santo são realizados transplantes de córnea, fígado, coração, rim, rim/pâncreas conjugado, além de medula óssea autólogo (quando o paciente recebe a própria medula, porém tratada).
As instituições que executam algum tipo de transplante são: Hospital Santa Rita de Cássia, Vitória Apart Hospital, Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam), Hospital Meridional, Hospital Evangélico de Vila Velha, Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim; Hospital Mata da Praia, Instituto Santa Luzia e Centro de Cirurgia Ocular.
Veja os números:

Lista de espera (até agosto): 1.661
Rim: 1.062
Córneas: 556
Fígado: 40
Coração: 03
Em agosto de 2009 foram realizados 22 transplantes
Córneas: 14
Rim: 06
Fígado: 02
Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação da Sesa
Jucilene Borges/Fernanda Porcaro/Marcos Bonn/Raquel d’Ávila/Karlla Hoffmann
Texto: Marcos Bonn
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