01/05/2014 14h11 - Atualizado em 23/09/2015 13h40

Estudo sobre tratamento de crianças com Aids no ES será apresentado na Europa

Um estudo que acompanhou o tratamento de crianças com Aids por um período de 11 anos no Hospital Estadual Infantil de Vitória será apresentado em um congresso internacional europeu de infectologia pediátrica: o European Society for Paediatric Infectious Diseases (Espid), que será realizado na semana que vem (de 05 a 10 de maio), em Dublin, na Irlanda. A pesquisa foi conduzida pela coordenadora do Programa de DST Aids da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Sandra Fagundes, e duas professoras da Ufes, Angélica Espinosa e Elaine Zandonaide, e foi selecionado entre trabalhos enviados por profissionais de vários países.

A infectologista embarca na véspera do evento para a Irlanda e fará a exposição e apresentação do trabalho para grupos de avaliadores. “O estudo realizado no Hospital Estadual Infantil de Vitória mostra dados positivos, como a baixa mortalidade das crianças nascidas com HIV (vírus da Aids) e que fizeram o tratamento corretamente. Do grupo de 177 pacientes acompanhados de 2001 a 2011, a maioria, 134 deles, continua viva, em acompanhamento no Hospital e tem boa qualidade de vida”, disse ela.

Segundo Sandra, durante o período de estudo ocorreram 26 óbitos (14,7%), um percentual considerado baixo pela literatura e em comparação com outros grupos acompanhados em outros países, inclusive Estados Unidos, em que o índice chegou a 26,9%.

Óbitos

Outro dado importante da pesquisa mostra que dos 26 óbitos, 16 ocorreram antes da criança completar 03 anos de idade, porque chegaram ao Hospital já com imunidade baixa, com diagnóstico tardio e desenvolveram infecções graves.

“Essas crianças já chegaram muito doentes ao Hospital Infantil. Isso ocorre, na maioria das vezes, por falta de triagem das mães no pré-natal com o teste HIV, e por falta de diagnóstico precoce da Aids nestas crianças. A maioria (81%) morreu devido a um episódio de infecção grave, pneumonia, meningite ou passou por infecções de repetição como sinusite, otite, doenças comuns na infância, mas que precisam ser melhor investigadas quando ocorrem de forma repetida, para excluir a possibilidade da presença do HIV”, alerta a infectologista.

O estudo, segundo ela, é um alerta para os médicos que atendem as gestantes nas unidades de saúde e também para os pediatras.

Sandra revela que do grupo de 177 pacientes acompanhados no período do estudo – três adolescentes que contraíram o vírus da mãe no nascimento permanecem em tratamento no Hospital Infantil de Vitória, mas atualmente têm carga viral zerada, chegaram a engravidar e tiveram filhos sem HIV.

“Isso mostra a importância de um pré-natal bem feito, com teste de Aids logo no início da gravidez. Se a grávida é diagnosticada e começa logo o tratamento, se ela faz o acompanhamento correto, isso reduz em até 98% a chance da criança nascer com o vírus e, principalmente, reduz o risco da mortalidade, porque a medicação não deixa a imunidade cair e o paciente evoluir para quadros graves da doença”.

Outro dado considerado positivo foi o baixo índice de abandono no tratamento: apenas 4% (seis) do total de pacientes. Outros onze foram transferidos para Serviços de Atendimento Especializado (SAE) de outros municípios do Estado.

“O estudo é importante porque mostra que o Espírito Santo tem condições de tratar bem as crianças com Aids. A política da Sesa é dar toda assistência às crianças, para evitar que elas nasçam com o vírus e, se contraírem, que tenham tratamento adequado e maior sobrevida”, ressalta a coordenadora do Programa de DST Aids da Sesa.

Sandra destaca que a Secretaria distribui, por mês, 30 mil testes rápidos de HIV para todos os pré-natais e partos nas unidades básicas e maternidades do SUS. Além disso, disponibiliza gratuitamente antirretrovirais para gestantes com o vírus durante a gestação, na hora do parto e para o neném ao nascer. A Sesa também distribui 18 toneladas de fórmula láctea infantil para alimentar as crianças nascidas de mães com HIV positivo e que, por isso, não podem amamentar.

Informações à Imprensa:
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Texto: Maria Angela Siqueira
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