01/11/2007 13h02 - Atualizado em 23/09/2015 13h18

Feira é destaque no Encontro Nacional da Luta Antimanicomial

O segundo dia do Encontro Nacional da Luta Antimanicomial, que acontece até domingo (04), no Centro Cultural Carmélia M. de Souza, teve como destaque a abertura da Feira de Saúde Mental e Economia Solidária. O evento, que conta com a parceria da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), reúne 12 estandes com exposição de bordados, almofadas, tapetes e cerâmicas, entre outros produtos artesanais produzidos por pessoas e familiares atendidos nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

Os produtos artesanais estão sendo vendidos e o dinheiro arrecadado será revertido para os próprios criadores das peças. A feira funciona até às 18 horas, com entrada gratuita. Para participar das palestras e debates do encontro, no entanto, é preciso fazer a inscrição no local.

Famílias

Além da Feira, o segundo dia do evento traz a oitava edição do Encontro de Usuários e Familiares. Profissionais de várias áreas (saúde, serviço social, geração de emprego e renda, entre outras); usuários de serviços psicossociais e familiares de todo o País discutem os desafios e avanços na construção de uma sociedade sem manicômios – bandeira do Movimento Antimanicomial, que completa 20 anos em 2007.

“No Rio de Janeiro temos 24 associações de familiares, mas precisamos ampliar esse trabalho para todas as regiões, inclusive para o Espírito Santo”, salientou a presidente da Associação de Parentes e Amigos dos Pacientes do Complexo Juliano Moreira (Apacojum - RJ), Iracema Vieira Polidoro.





Abertura

O Encontro Nacional da Luta Antimanicomial foi aberto nesta quarta-feira (31). Durante a cerimônia, o coordenador nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Delgado, destacou que o Brasil ainda possui 39 mil leitos psiquiátricos, número que vem sendo reduzido. A cada ano, cerca de dois mil leitos são fechados.

“A construção de uma sociedade sem manicômios é uma discussão que precisa envolver não só usuários, familiares e profissionais de saúde, mas também o poder público, por meio da gestão em todos os níveis. Daí a importância de termos aqui representantes do Ministério da Saúde, do Governo do Estado, de prefeituras e até de representantes de secretarias de geração de emprego e renda”, salientou Pedro Delgado.

Expansão do CAPS

O secretário de Estado da Saúde, Anselmo Tose, participou da abertura do evento e destacou a ampliação dos serviços dos CAPS nas regiões Norte, Sul e Serrana do Estado. “Além dessa ampliação, o Hospital Adauto Botelho foi recentemente reformado e hoje apresenta uma realidade completamente diferente”, disse Tose.







‘Eu Não Sou Louco’

O Encontro Nacional da Luta Antimanicomial é uma oportunidade abrangente para conhecer mais sobre a área de Saúde Mental. Durante o evento, usuários de serviços psicossociais têm a chance de mostrar e desmistificar a idéia de que as pessoas que sofrem de algum transtorno mental devem ser isoladas da sociedade. Pelo contrário, fotógrafos, cinegrafistas, autônomos e profissionais das mais variadas atividades contribuem para a realização do Encontro e da Feira.

“Seu Moisés”, 57 anos, como é mais conhecido, é um deles. Quem o encontra hoje, cheio de energia, não imagina que ele passou 40 anos internado na Colônia Juliano Moreira Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, ainda em funcionamento.

“Eu fui louco, eu estava morto. Graças à Luta Antimanicomial hoje tenho a minha vida. Não tomo muito remédio e há 17 anos trabalho de carteira assinada... E pode me chamar que eu falo sobre minha experiência para o que vocês quiserem. Não sou mais louco, louco nunca mais!”, disse, em alto e bom tom, para a platéia de mais de 100 pessoas, que o aplaudiu emocionada.

Moisés, que é auxiliar de serviços gerais, é só um exemplo de pessoas, capixabas ou não, que estão sendo inseridas na sociedade graças à Luta Antimanicomial, que envolve profissionais e órgãos municipais, estaduais e federais.

O movimento antimanicomial completa 20 anos em 2007 e tem como objetivo modificar a lógica da assistência em saúde mental, antes restrita a longas internações em hospitais psiquiátricos, para a lógica da atenção psicossocial criando serviços múltiplos e diversificados na rede de sáude, que compreendem equipes de sáude mental em unidades básicas de saúde/PSF, CAPS, leitos em hospitais gerais, serviço residencial terapêutico, dentre outros.

Inscrições para o encontro ainda podem ser feitas no Centro Cultural Carmélia, ou nos seguintes serviços:

CAPS Cidade, no CRE Metropolitano - Tel.: 3388-1999
CAPS Moxuara - Tel.: 3344-2751 e 3386-8750
CAPS da Ilha - Tel.: 3132-5111

Confira a programação:

Dia 01/01 – Quinta-feira
Encontro Nacional de Familiares e Usuários
8h – Atividade cultural
8h30 – Abertura oficial da Feira de Saúde Mental e Economia Solidária
8h30 às 10h30 – Conferência de Abertura
14h às 17h – Grupos de Trabalho
17h às 18h30 – Plenária do dia

Dia 02/11 Sexta-Feira
8h - Atividade cultural
8h30 às 10h30 – Mesa: Sociedade, Política e Cultura: transformação antimanicomial?
10h50 às 12h30 - Debates
12h30 às 14h - Almoço
14h às 17h - Grupos de Trabalho:
GT 01 - Raul Seixas - Sociedade
GT 02 - Nise da Silveira - Política
GT 03 - Bispo do Rosário - Cultura
GT 04 - Franco Basaglia - Sociedade
GT 05 - David Capistrano – Política
GT 06 - Estamira - Cultura
17h às 18h30 – Plenária do dia e Atividade cultural

Dia 03/11 - Sábado
8h - Atividade Cultural
8h30 às 10h30 – Mesa 01: Movimentos Sociais e Desafios da Defesa dos Direitos Humanos na Atualidade: “Por uma vida não fascista”.
10h50 às 12h30 - Grupos de Trabalho:
GT 01 - Espaço de Diálogo dos Movimentos sociais.
GT 02 - Espaço de diálogo dos movimentos sociais.
GT 03 - Espaço de diálogo dos movimentos sociais.
GT 04 - Relação Movimentos Sociais e Estado.
GT 05 - Relação Movimentos Sociais e Estado.
GT 06 - Relação Movimentos Sociais e Estado.
14h às 15h - Mesa 02: Organização do Movimento da Luta Antimanicomial.
15h30 às 17h30 - Grupos de Trabalho:
GT 01 - Minha primeira vez no Movimento.
GT 02 - Sustentabilidade econômica e financeira.
GT 03 - O que mobiliza a militância, por que e para quê lutamos?
GT 04 - Como fazer o que deliberamos?
GT 05 - Realização da IV Conferência Nacional de Saúde Mental - os prós e contras
17h30 às 18h30 – Plenária do Dia
19h - Festa de Confraternização

Dia 04/11 - Domingo
8h às 8h30 – Atividade Cultural
8h30 às 12h – Plenária Final – Escolha do próximo local do encontro, periodicidade, referendo das propostas e dos representantes dos usuários e familiares na Comissão Intersetorial de Saúde – CISM do Conselho Nacional de Saúde.



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