03/01/2008 06h28 - Atualizado em 23/09/2015 13h19

Férias escolares exigem mais cuidados com acidente doméstico

Em época das férias escolares a tendência é que as crianças fiquem mais tempo em casa e, com isso, aumente o risco de acidentes domésticos, que podem ser prevenidos em pelo menos 90% dos casos. Por este motivo, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) alerta pais e responsáveis para cuidados que podem evitar ocorrências graves.

Segundo dados do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG) de Vitória, 27% do atendimento feito no pronto-socorro e na emergência (18.619), de janeiro a outubro deste ano, tiveram causas externas e a tendência é que o número de acidentes domésticos aumente aproximadamente 30% durante as férias escolares.

A ocorrência doméstica varia de acordo com a faixa etária, sendo os casos mais freqüentes os provocados por quedas, mordeduras, queimaduras, ingestão de medicamentos ou produtos de limpeza e corpos estranhos.

Estes acidentes, quando não matam, podem deixar seqüelas neurológicas irreversíveis. Para evitá-los, medidas simples podem ser tomadas, como por exemplo, colocar protetor nas tomadas e não deixar produtos químicos e medicamentos em locais de fácil acesso.
Cozinha

Para a pediatra do HINSG, Isabel Cristina Carvalho, a cozinha é o lugar mais perigoso da casa e merece alerta especial. “Os pais devem deixar sempre os cabos das panelas virados para dentro no fogão e ter muito cuidado com o álcool, que pode provocar queimaduras. Forno ligado e ferro de passar, quente, também causam acidentes”, ressalta.



A médica lembra que a maioria dos acidentes envolvendo crianças acontece em casa ou em áreas de lazer próximas ao domicílio da família. A falta de informação dos pais ou responsável é uma das grandes dificuldades enfrentadas na prevenção dos acidentes. “Eles acreditam que a casa é o lugar mais seguro para as crianças. Por isso, não tomam cuidados necessários para a segurança dos seus filhos”, acrescenta a pediatra.

E prevenir não é tão difícil. Isabel Carvalho adverte que os adultos devem ter consciência de que o mais banal dos objetos pode ser um brinquedo interessante para uma criança e que ela não é capaz de avaliar riscos. “As crianças pequenas estão em fase de aprendizagem e são curiosas, por isso não devem ter acesso a materiais cortantes, objetos perigosos e substâncias tóxicas. Elas vão pegá-los e até enfiar na boca”, lembra.

Acidentes

A cozinha e a área de serviço devem ser locais proibidos para os pequenos, pois além de abrigarem facas, tesouras e substâncias perigosas, oferecem ainda o risco de queimaduras. Fixadores de porta também ajudam a evitar que a mesma bata e cause esmagamentos.

Uma brincadeira de criança que causa muitos acidentes é a de soltar pipas. Além de provocar interrupções no fornecimento de energia elétrica, soltar pipa perto da rede elétrica pode causar acidentes e lesões graves, como queimaduras, amputação de membros e até mesmo levar à morte. A brincadeira, quando realizada em cima da laje da casa, também pode ocasionar quedas que resultam em traumatismos sérios.

Já o principal motivo das intoxicações é o contato acidental com medicamentos, produtos de limpeza, inseticidas e outros venenos, uma vez que as crianças são levadas pela curiosidade e tendem a experimentar os produtos, que em alguns casos têm até cheiros ou cores atraentes. “Outro problema são produtos, como cloro, que são guardados dentro de garrafas de refrigerante, e os pequenos acabam bebendo por engano”, disse a pediatra.

O afogamento, por sua vez, é outra preocupação, e pode ocorrer em locais como piscinas, rios e mares. No entanto, crianças pequenas podem se afogar em apenas 2,5cm de profundidade. Ou seja, elas correm o risco de se afogar também em piscinas infantis, banheiras, baldes e vasos sanitários. Apenas 2 minutos debaixo da água são suficientes para a perda de consciência.

Primeiros socorros:

- Cortes e Feridas – A primeira medida a ser tomada é comprimir o local com um pano limpo e colocar as mãos para cima, dificultando o bombeamento do sangue para elas. A avaliação médica é fundamental para definir o tratamento.

- Amputações – Em caso de amputação, deve-se fazer um curativo (a fim de parar o sangramento) e manter a parte amputada dentro de um saco plástico, colocado em um recipiente com gelo e água até a chegada ao pronto-socorro.

- Intoxicação – Quando a criança entra em contato com algum produto tóxico, como agrotóxicos, a área exposta deve ser lavada com água abundante e a roupa deve ser retirada. Se a causa da intoxicação forem comprimidos de remédio, o vômito deve ser induzido. “O ideal é que o responsável dê duas vezes um copo de água com uma colher de sopa de detergente. Assim, a criança coloca para fora a causa da intoxicação”, orienta a pediatra. A vítima deve ser encaminhada para atendimento especializado o mais rápido possível e é aconselhável levar o produto para análise da equipe médica.

- Queimaduras – Nos casos de queimaduras, é de extrema importância que as pessoas não façam uso de receitas caseiras, como colocar sobre a área atingida clara de ovo, pasta de dente ou pó de café. As bolhas também não devem ser rompidas, pois são canais de contaminação. Se estiver usando roupa sintética, ela não deve ser retirada do corpo. “Quando isso acontece, geralmente a pele é arranca junto, e isso piora a queimadura”, avisa Isabel Carvalho. A vítima deve ser encaminhada para atendimento especializado o mais rápido possível.

- Mordeduras e arranhões de animais – A saliva de cães e gatos contém bactérias que podem causar infecções e transmitir doenças como a raiva. Por mais banais que pareçam, estes ferimentos precisam ser examinados por um médico, que vai determinar a extensão dos danos e combater possíveis complicações.





A presença constante de um adulto é fundamental para prevenir esses acidentes, mas não substitui as medidas de segurança. As armadilhas que as casas escondem podem provocar quedas acidentais, intoxicações por ingestão de produtos de limpeza, cortes, choques elétricos, queimaduras e asfixia.

Dicas para férias sem risco

- Guarde produtos de limpeza e medicamentos nas embalagens originais.

- Nunca use medicamentos sem orientação médica.

- Nunca faça remédios ou chás caseiros com plantas sem orientação médica. Elas podem ser tóxicas.

- Não deixe medicamentos ou produtos tóxicos ao alcance de crianças.

- Oriente as crianças a não aceitar presentes de "estranhos".

- Coloque dispositivos para vedar tomadas de energia elétrica.

- Mantenha as crianças longe da cozinha se o forno ou fogão estiverem em uso.

- Instrua crianças sobre o risco de empinar pipa perto das redes elétricas ou em cima de lajes.

- Guarde bem objetos perigosos: facas, armas, alicates, vidros e tesouras.

- Tome cuidado com brinquedos que contenham peças pequenas, que podem causar asfixia.

- Não deixe isqueiro, caixa de fósforos ou álcool ao alcance de crianças.

- Nunca deixe banheiras ou baldes cheios perto de crianças pequenas.

- Quando andarem de skate, bicicleta ou patins, as crianças devem estar devidamente equipadas com capacetes e joelheiras.

- Use grades de proteção nas janelas, berços e camas.

- Eletrodomésticos devem ficar longe do alcance de crianças.

- Deixe cabos de panelas voltados para parte posterior do fogão.

- Ensine a criança a não perturbar animais domésticos e a ficar afastada dos mais ferozes.

- Não deixe a criança nadar sozinha.



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