06/01/2014 14h24 - Atualizado em 23/09/2015 13h39

Férias: hora de aumentar o cuidado para prevenir queimaduras em crianças

Oito em cada dez queimaduras em crianças ocorrem dentro de casa, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). O Hospital Estadual Infantil de Vitória, referência para esses casos, registra uma média de 350 atendimentos por ano e quase a metade deles gera internação e um processo longo e doloroso de recuperação. Com as férias escolares, a Sesa chama a atenção para alguns cuidados que devem ser adotados para reduzir os riscos desse tipo de acidente.

Dados da Sesa revelam que até setembro do ano passado 106 crianças foram internadas com queimaduras, dessas 69 por líquidos quentes e dez por produto líquido inflamável. Mais de 45% dos casos ocorre em crianças até seis anos de idade. Só até setembro, o Governo do Estado já desembolsou R$ 201 mil em diárias de internação.

O cirurgião plástico da Sesa, Ricardo Baptista, lembra que não há vacina contra queimadura e que a melhor forma de evitar esses acidentes é adotando cuidados de prevenção dentro de casa. “Os dados mostram que 80% dos casos são plenamente preveníveis”, ressalta.

Segundo ele, 55% das queimaduras ocorrem por líquido quente (mingau, leite, gordura) e outros 25% por álcool líquido no ambiente residencial, o que caracteriza queimadura doméstica. Outro dado curioso é que 65% dos casos ocorrem com meninos.

O médico lembra que o número de internações já foi maior – mais de mil por ano há 28 anos – e foi caindo com cuidados de prevenção. Atualmente, a média de atendimentos é de 350 casos por ano e quase a metade desses casos gera internação. O restante é tratado com curativos diariamente no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Infantil ou nas unidades de saúde com orientação do médico que realizou o atendimento.

“A criança passa por acompanhamento multidisciplinar diário, acompanhada por pediatra, cirurgião plástico, fisioterapeuta e enfermeiros, entre outros membros da equipe. Isso reduz os custos de internação, o risco de infecção e ajuda na recuperação mais rápida da criança que não perde o convívio familiar. Ela vem todos os dias para fazer curativo quando necessário”, explica o cirurgião.

A experiência mostra que os casos de queimadura geram em média de 20 a 25 dias de internação, mas podem deixar sequelas psicológicas maiores do que a cicatriz, em função do susto, da dor e do processo de recuperação que é seqüencial e pode durar anos, em alguns casos, dependendo da extensão do ferimento. “A pior sequela é a emocional. Um acidente como esse afeta a família toda”, diz o médico.

Em menor escala, mas não menos perigoso, estão os casos de queimadura por contato com rede elétrica e fogos de artifício. As crianças menores, de um a três anos de idade, por curiosidade, podem tocar ou enfiar algo nas tomadas das paredes, provocando choque. Já com as maiores, o risco é o contato com a rede elétrica na hora de soltar pipa.

“Já vi uma pessoa perder a mão ao soltar foguetes na noite de Ano Novo. É importante ter um cuidado especial com as crianças. Atendemos três casos de queimaduras com explosão de fogos de artifício nesta virada de ano”, conta o médico.

Ricardo Baptista diz que, em queimaduras domésticas, as áreas mais atingidas são face, tórax anterior (peito e barriga) e membros superiores. Ele dá uma orientação importante, em caso de acidente: não se deve passar nada no ferimento. No máximo, lavar com água corrente, sem esfregar, para tirar o resíduo do alimento, e procurar imediatamente o serviço de saúde mais próximo de sua casa.

“As pessoas não devem tentar tratar a queimadura em casa, sem orientação médica. Isso pode complicar o caso”, conclui.

Os números

Acidentes com queimaduras
São 350 por ano, em média
80% das queimaduras em crianças ocorrem dentro de casa

Faixa etária
55% ocorrem com crianças até seis anos de idade
15%, dos sete aos nove anos de idade

Partes do corpo mais atingidas
Face e tórax (peito e barriga), seguida de membros superiores (braços e mãos) e inferiores (pernas e pés).

Os principais agentes causadores
55% por líquido quente como leite, mingau, óleo, café, entre outros
25% álcool líquido
20% por explosão de gás, choque elétrico, fogos de artifício, fogueira, dentre outros

É fácil prevenir
- Crianças devem ficar longe do fogão, de preferência fora da cozinha quando a mãe estiver cozinhando. Os pais devem ficar atentos às atividades dos filhos.
- Os cabos das panelas devem ser virados para a parte de dentro do fogão e, se for ferver ou fritar algum alimento, é preferível usar as bocas do fundo do fogão. Isso diminui o risco de a criança esbarrar nas panelas.
- As tomadas devem ser tapadas e os fios desencapados e os famosos “gatos” evitados, pois podem ser a causa de incêndios e curtos-circuitos.
- Materiais inflamáveis devem ser mantidos à distância das crianças ou, de preferência, evitados pelos pais. É preferível trocar o álcool líquido pelo mesmo produto em gel, pois este é menos inflamável.
- As crianças devem ser orientadas durante as brincadeiras. Por exemplo, não devem soltar pipas perto de fios de alta tensão porque, além de causar queimaduras muito graves, pode levar a pessoa à morte. Os campos abertos e sem postes são os locais adequados para isso.
- Manter a torneira do gás fechada quando o fogão não estiver sendo utilizado e, de preferência, colocar a botija de gás do lado de fora.

Serviço

Hospitais de referência para queimados
– Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória, em Vitória
– Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, na Serra - Adultos

Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação da Sesa
Dannielly Valory/Kárita Iana/Marcos Bonn/Maria Ângela Siqueira
Texto: Maria Angela Siqueira
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