23/08/2011 11h32 - Atualizado em 23/09/2015 13h31

Mais de 100 crianças por mês recebem tratamento para pé torto no Himaba

Crianças de todo o Espírito Santo e até da Bahia e Minas Gerais, diagnosticadas com uma deformação nos pés conhecida como “pé torto congênito” são levadas por seus pais ao Hospital Infantil e Maternidade de Vila Velha (Himaba) em busca de tratamento. A unidade é referência no Estado e atende a mais de 100 pacientes por mês, que são acompanhados por equipe multidisciplinar, formada por ortopedistas, psicóloga e assistente social.

O tratamento do “pé torto” é simples, efetivo, barato e minimamente invasivo, segundo o médico ortopedista e coordenador do serviço, Paulo Moulin. Ele é baseado num método chamado de Ponseti – homenagem ao médico italiano que inventou a técnica, que reduziu o tratamento ambulatorial de seis meses para seis semanas em média. “Essa técnica, que utilizamos desde 2009 no Himaba, trouxe melhores resultados físicos e funcionais, visíveis no andar das crianças”, explica Moulin.

De acordo com o médico, a técnica consiste na correção das deformidades de forma gradativa, com manipulações suaves e substituição de gesso a cada semana, por aproximadamente um mês e meio, no mínimo. Num segundo momento, em alguns casos, é indicada uma cirurgia simples, que se caracteriza pela liberação do tendão calcâneo, mais conhecido como tendão de Aquiles, e correção do calcanhar. Depois da cirurgia, utiliza-se o gesso por mais três semanas, já com o pé em boa posição.

Após esse período, é necessário o uso de uma órtese, que são duas botinhas ligadas por uma barra ajustável de metal, fornecida pelo Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo (Crefes), durante 24 horas por dia durante quatro meses, tirando apenas para o banho. Neste período do tratamento, a criança é examinada mensalmente. Posteriormente, a órtese passa a ser usada durante 16 horas por dia por um período de três a seis meses e, por último, a utilização é apenas noturna, mas por um prazo de quatro anos e avaliação a cada seis meses.



“É preciso seguir o tratamento com rigor nesse período e essa é a maior dificuldade, pois muitos pais acham que o pé já ficou bom, ou ficam com pena da criança, que deixa de usar a órtese e o pé volta a ficar torto”, destaca o ortopedista Eduardo Antônio Bertacchi Uvo, que também atua no Centro de Referência do Himaba.

Nos casos onde há outros problemas ortopédicos além do pé torto, explica o médico, o tempo de tratamento pode ser ainda maior. Depois da alta, as crianças terão mais facilidade para praticar esportes e ter uma atividade física regular, podendo levar uma vida sem restrições.

Diagnóstico

Para ter acesso ao Centro de Referência para Tratamento de Pé Torto Congênito, o paciente deve ser encaminhado pelo médico ortopedista que realizou o diagnóstico clínico. Ao receber um novo paciente, os médicos fazem os exames necessários para o correto diagnóstico.

O ideal é que o tratamento seja iniciado o mais cedo possível, nas primeiras semanas de vida, quando o pé ainda não está rígido. Quanto mais cedo for iniciado, mais cedo ele será concluído e melhor será o resultado.



Mesmo assim, o método Ponseti se mostra eficaz também em crianças que iniciam o tratamento com idade mais avançada, como Renato Cristhian Batista, hoje com 4 anos e que iniciou o tratamento com 2 anos e meio. Sua avó, Fatima Moto Batista, conta que ele andava com o dorso do pé. Após usar gesso por seis meses, realizar cirurgia e utilizar prótese, ele hoje caminha normalmente e faz atividades como qualquer criança da sua idade, mas continua sob acompanhamento médico e calçando botas ortopédicas.

Já Fábio de Oliveira Pereira, de 8 meses, iniciou o tratamento há um mês e meio e nem precisou de cirurgia, mudando do gesso direto para a órtese, que usa 24 horas por dia. Os resultados já são visíveis. “Viemos de Nanuque (MG) para o tratamento. No inicio ele ficava incomodado, chorava, mas agora já acostumou com a botinha”, ressalta sua mãe, Andrea de Lírio Copio.

Deformidade

Embora afete uma a cada mil crianças, o pé torto é uma deformidade congênita considerada comum. Em todo o mundo, são 100 mil novos casos por ano, sendo que 50% são bilaterais (acomete os dois pés) e os meninos são 2,5 vezes mais afetados. Cerca de 80% dos casos acontecem em países em desenvolvimento e a maioria não é tratada ou recebe tratamento de forma inadequada.



Quando um dos pais tem Pé Torto Congênito, a chance de se ter um filho com a mesma deformidade é de 3 a 4%. Já em casos em que os pais têm o problema, esta chance aumenta para 15%.

Serviço: Centro de Referência para Tratamento de Pé Torto Congênito
Hospital Estadual Infantil e Maternidade de Vila Velha

Endereço: Av. Ministro Salgado Filho, 918, Soteco, Vila Velha
Funcionamento: Quartas-feiras, das 07 às 17 horas
Telefone: 3139-5220

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