18/10/2007 06h29 - Atualizado em 23/09/2015 10h01

Paixão pela profissão estimula médicos

Neste dia 18 de outubro é comemorado o Dia do Médico em muitos países, como Brasil, Portugal, França e Espanha, por ser Dia de São Lucas. O santo foi pintor, músico e historiador. Mas sua principal profissão era a de médico. Por isso, foi escolhido como padroeiro desses profissionais, responsáveis por cuidar da saúde das pessoas.

Um dos cursos mais concorridos no vestibular, o de Medicina desperta sonhos e paixões nos estudantes. São cerca de 350 mil profissionais no Brasil. Para ser médico é preciso muito estudo e trabalho. Mas para formar um bom profissional é preciso muito mais do que isso. Os médicos precisam se manter atualizados, humanizados, dedicados e ter um bom relacionamento com o paciente.

Mário Carvalho Calmon Junior disse que a paixão pela profissão sempre existiu. O entusiasmo pela medicina de emergência veio com o trabalho no Hospital São Lucas, referência no atendimento de traumas, onde hoje é diretor técnico e médico do pronto-socorro.

A aptidão para a medicina também veio cedo para a médica Flávia Lemos. Ela diz que sempre gostou da área de ciências e de ajudar ao próximo. “Sempre quis ser médica. Nem me imagino fazendo outra coisa”. Formada há sete anos, ela é cirurgiã proctologista e médica do Samu há um ano.

Fazer o atendimento pré-hospitalar é diferente e envolve riscos. “Além de fazermos o máximo pelo paciente grave no espaço pequeno da ambulância, ainda temos que nos preocupar com a segurança”, disse Flávia. Segundo a médica, no atendimento dentro do hospital o profissional tem maior controle da situação e conta com mais recursos.

Tensão e emoção

Em seu primeiro atendimento pelo Samu, Flávia Lemos teve que enfrentar uma situação complicada. “Foi uma tentativa de suicídio. A pessoa pulou da pedra, na curva do Saldanha e caiu na lama. Tivemos que entrar no mangue para imobilizar o paciente e afundamos até a cintura, mas deu tudo certo”, relembrou.

Na profissão há 16 anos, alguns casos também marcaram a vida de Mário Carvalho Calmon Junior. Um deles envolveu um jovem que foi vítima de arma de fogo. “Ele tinha perda de massa encefálica e eu fui chamado para colocá-lo no respirador mecânico. Achei que ele não fosse sobreviver. Mas no dia seguinte já estava respirando sozinho e falando” contou.

Mas com tanto tempo na profissão, lidar com perdas é inevitável. “Dói ainda mais quando são crianças. Faço todo o possível para tentar salvá-las. São casos que emocionam muito”. Segundo o médico, essa emoção é muito importante e humaniza o profissional. “Não podemos ser máquinas. O paciente precisa de atenção e de carinho”.

Para Mário Carvalho Calmon Junior, lidar com tanta dor pode ser estressante, mas benéfico. “Somos movidos pela tensão e sentimos prazer em ver o paciente melhorar. A maioria deles nem sabe quem fez o atendimento no pronto-socorro”, disse. De acordo com o diretor, os médicos do Hospital São Lucas têm um vínculo forte com a instituição. “É inexplicável. Mesmo com tanto sofrimento, não quero sair daqui”.



Flávia Lemos já pensou em sair do Samu, mas confessa que gosta do que faz. “Existem dificuldades, mas o resultado é bom. Sempre gostei do atendimento pré-hospitalar. É primordial para a recuperação do paciente e isso é muito bonito”. O Samu faz uma média de 700 atendimentos diários. “Nosso trabalho é fundamental”, disse.

Saúde da família

O médico Marcello Dalla, da equipe técnica da Atenção Primária, trabalhou por 10 anos com o Programa de Saúde da Família (PSF), e hoje atua com a inserção de acadêmicos nas unidades de saúde que trabalham com o programa. “Tento despertar o interesse em seguir na área, mas é difícil”, disse.

Para Marcello, trabalhar com o PSF vai muito além do trabalho de médico. “É preciso fazer uma abordagem mais direta, para fazer um trabalho de prevenção. Temos que ter um envolvimento pleno na comunidade, trabalhar com os formadores de opinião de cada local”, explicou.

Há 12 anos Marcello Dalla também trabalha como professor em cursos de Medicina. De acordo com seus dados, mais de 900 estudantes já passaram por suas aulas. “Somente quatro alunos fizeram especialização na área, já que para trabalhar no PSF não é preciso ser especialista”.

Segundo Mário Carvalho Calmon Junior, muita coisa mudou desde que iniciou na profissão, desde os exames realizados à principal causa de traumas atendidos no hospital. “Quando comecei os exames eram raios-X e físicos. Hoje os aparelhos evoluíram, são mais precisos, melhores”.

Desafios

Manter-se atualizado é essencial para um bom médico. A área da saúde está mudando constantemente. Novas descobertas, novos equipamentos e novos medicamentos são introduzidos com freqüência, contribuindo para a melhoria dos tratamentos dos pacientes. Por outro lado, outros desafios estão surgindo.

Antigamente as principais ocorrências eram causadas por armas de fogo ou brigas. Hoje, a maioria dos casos é decorrente de acidentes automobilísticos com pedestres ou motoristas. “As lesões são mais complexas, exigem melhores equipamentos e os medicamentos são mais caros. Os casos com motos são ainda piores”, falou o médico.

O bom relacionamento entre um médico e seu paciente é tão importante quanto os conhecimentos técnicos do profissional. Para Marcello Dalla, trabalhar com saúde familiar é uma realização pessoal. “Existem dois grandes ‘baratos’ na medicina: salvar vidas e ser uma referência para as pessoas. Trabalhar na área é assim”. O médico ressaltou que hoje em dia muitos médicos perderam esse cuidado com as pessoas. “Eles esqueceram que medicina também envolve um trabalho de prevenção”.

Segundo Flávia Lemos, o melhor presente que ela poderia ganhar no Dia do Médico é o reconhecimento e o respeito pelo seu trabalho. “Com isso temos paz e mais vontade de trabalhar. Podemos fazer mais pelo paciente”, disse. Um dos casos que mais emocionou a médica foi de um parto feito na residência da paciente. “Até tiramos foto e depois ela me procurou para agradecer”, contou.

Mário Carvalho Calmon Junior não consegue se imaginar em outra área da saúde senão a emergência. “Aqui no São Lucas atendemos de 200 a 250 pessoas por dia. Fazemos a diferença para elas. Minha paixão é pela medicina em primeiro e pela urgência em segundo. Esse sentimento é inexplicável”, disse.

Incentivos

Os médicos representam uma equipe de grande importância na Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Ao todo, são cerca de dois mil profissionais divididos nos diversos estabelecimentos da saúde pública estadual. Para manter o quadro, com qualidade, este ano a Sesa reajustou em 10% o salário desses profissionais, dentro de um estudo de recomposição salarial que se estenderá até 2010.

E, nesta semana, o Governo do Estado, por meio da Sesa, anunciou que vai realizar concurso para médicos com 487 vagas distribuídas em todo o Estado. As vagas serão destinadas a diversas especialidades, como anestesiologia, cardiologia, clínico geral, ginecologia, obstetrícia, pediatria, socorrista, otorrinolaringologia, urologia, entre outras.

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