07/03/2013 12h06 - Atualizado em 23/09/2015 13h36

Paratleta do Crefes realiza conquista inédita e vai para o México

O Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo (Crefes) da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) comemora conquista inédita na preparação de atletas para competições internacionais. A paratleta capixaba da equipe feminina de basquete em cadeira de rodas Jéssica Silva Santana, 20 anos, garantiu vaga na Seleção Brasileira Masculina de Basquete em Cadeira de Rodas e disputará a Copa América Sub 23, no México.

A conquista da vaga, disputada em São Paulo com outros 20 atletas, entre eles 18 homens, tem um sabor especial na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 8 de março. Isso porque, pela primeira vez, a Seleção Masculina contará com a participação de duas mulheres, uma capixaba e uma paraense.

É que no Brasil, a exemplo de outros países, é permitida a participação de mulheres na seleção masculina da categoria Sub 23 porque ainda não existe, no mundo, um quantitativo de atletas nessa faixa etária para se realizar competição mundial, na categoria feminina. A explicação foi dada pelo treinador da atleta e professor do Crefes, Martoni Sampaio, para quem a atleta ligou emocionada contando a novidade.

Jéssica embarca para o México em São Paulo, no domingo (10) pela manhã, junto com toda a delegação brasileira, que inclui os 12 paratletas (sendo 10 homens e duas mulheres), técnico, preparador físico, fisioterapeuta, médico, entre outros.

“Ela me ligou chorando, muito feliz, disse que não esperava ficar entre os selecionados tendo de competir com tantos homens e pediu para agradecer a todos que estiveram envolvidos no treinamento dela aqui no Crefes, incluindo os pacientes”, contou.

O professor fez questão de ressaltar a importância do momento. “A conquista da Jéssica é imensa, por que demonstra uma força de vontade muito grande. As barreiras foram muito maiores para ela”.

Martoni observa que, no esporte, tanto amador quanto profissional, a participação feminina ainda fica muito abaixo da participação masculina. “Isso acontece por uma questão cultural. As mulheres são vistas com menos direitos que os homens. Elas exercem mais papéis no contexto familiar do que os homens, assumindo mais responsabilidades e, com isso, sobra menos tempo para outras atividades”, pontua.

Para ele, no contexto de pessoas com deficiência, a dificuldade de acesso ao esporte é ainda maior. Por isso, ficou tão emocionado com a conquista da atleta que ajudou a treinar.

Ele conta que Jéssica já participou de outra competição internacional, em 2010. “A primeira vez, foi para disputar um campeonato mundial feminino na Inglaterra, na categoria principal com atletas maiores de 23 anos. Agora, nessa categoria, abaixo de 23 anos, é a primeira vez e se trata de uma seleção masculina”, destacou.

Na competição que será realizada no México, o Brasil estará disputando duas vagas para o Mundial que acontecerá na Turquia, em setembro deste ano.

Saiba mais

Doença: Jéssica ficou paraplégica aos nove anos de idade, em decorrência de sequelas de uma doença – Guillain-Barré – que causa inflamação aguda com perda de mielina (membrana de lipídeos e proteína que envolve os nervos e facilita a transmissão do estímulo nervoso) dos nervos periféricos e, às vezes, de raízes nervosas proximais e nervos cranianos. A doença pode até matar. A atleta, na época, foi diagnosticada e tratada, mas ficou com sequelas.

Treino: A atleta treina há três anos e meio no Crefes e já participou de dois campeonatos brasileiros. É a segunda vez que participa de um campeonato internacional.

Garra: A equipe do Crefes destaca que Jéssica tem muita garra e não falta aos treinos. Ela é assistida com atividade de musculação, em parceria com a Secretaria de Esportes, e realiza os treinos específicos no Crefes, sob a supervisão do técnico Martoni Sampaio.

Reconhecimento: O trabalho realizado pelo Crefes tem obtido cada vez mais reconhecimento na preparação de atletas paraplégicos para competições nacionais e internacionais, tanto no basquete feminino quanto no masculino. Na ala feminina, a atleta Geisiane de Souza Maia já participou de quatro competições oficiais.

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Texto: Maria Angela Siqueira
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