12/07/2007 07h17 - Atualizado em
23/09/2015 09h54
Programa de Internação Domiciliar dos Hospitais Dório Silva e Antônio Bezerra de Faria é referência na rede estadual
Os pacientes atendidos nos Hospitais Dório Silva (HDS) e Antônio Bezerra de Faria (HABF) contam com a ajuda de um projeto que é referência nas unidades de saúde do Estado. Trata-se do Programa de Internação Domiciliar (PID), um projeto estimulado pelo Ministério da Saúde (MS) e que se tornou amparado por lei em abril de 2002.
O PID é um programa adotado por alguns hospitais que consiste em deslocar a internação de determinados pacientes para um domicílio, onde os familiares possam ficar mais próximos e ajudar na recuperação. Ele foi implantado com o intuito de desafogar os leitos hospitalares e proporcionar um tratamento mais humanizado aos enfermos. No entanto, os benefícios do programa se estendem até a área financeira.
Segundo uma das responsáveis pelo projeto do Dório Silva, Drª. Alda Furtado, se um paciente que é tratado a base de antibióticos no hospital for removido para um domicílio, as economias da unidade de saúde podem chegar a 75%, considerando-se custos com leitos, materiais e profissionais. O risco de adquirir uma infecção durante a internação em casa também cai, assim como o número de reinternações.
Alda explica que para participar do PID é necessário que haja um pedido médico de internação domiciliar. Entretanto, é necessário que o enfermo seja estável e esteja respirando normalmente. Ele também deve ter um cuidador (uma pessoa responsável) acima de 18 anos, que pode ser da família ou contratado.
A coordenadora do Programa de Internação Domiciliar do Hospital Bezerra de Faria, Drª. Mairie Oliveira, explica que os pacientes-alvo deste trabalho geralmente têm mais de 65 anos e portam doenças crônico-degenerativas, sobretudo os acamados que necessitam de cuidados especializados depois da alta hospitalar.
As equipes técnicas dos programas do HDS e do HABF são formadas por profissionais multidisciplinares. Ao todo, os dois hospitais contam com duas médicas responsáveis (coordenadoras), uma fonoaudióloga, fisioterapeutas, assistentes sociais, enfermeiros, técnicos de enfermagem, uma auxiliar administrativa e motoristas. Ambas as equipes trocam experiências entre si.
Durante a semana, esses profissionais visitam os pacientes para fazer a assistência. Atualmente, as duas equipes têm sob seus cuidados 21 pacientes (10 do HDS e 11 do HABF) domiciliares, que recebem medicamentos e, dependendo do caso clínico, até mesmo a dieta.
Desde abril deste ano, quando foi implantado no Bezerra de Faria, o grupo interdisciplinar já fez 163 visitas domiciliares. Cinqüenta destes atendimentos exigiram fisioterapia. Vale lembrar que as equipes cobrem as áreas abrangidas pelos hospitais. O Dório fica na Serra e o Bezerra de Faria em Vila Velha.
De acordo com a Drª. Alda Furtado, o trabalho de cobertura exige que os profissionais sejam capacitados, pois eles lidam com pessoas que não são da área da saúde. Ela lembra que os cuidadores não são funcionários do hospital e as informações devem ser passadas aos poucos e de modo entendível.
Como os atendimentos são feitos fora das unidades de saúde e durante muito tempo, às vezes a equipe acaba conhecendo mais sobre os enfermos, chegando a criar laços de amizade com as famílias. “Na casa do paciente o médico é médico e pessoa ao mesmo tempo”. No entanto, a Drª. Meirie alerta: “Temos que procurar não nos envolvermos emocionalmente e saber separar as coisas”.
Uma vez por mês é realizada uma reunião no Hospital Dório Silva, onde cuidadores e profissionais trocam experiências. Lá, os responsáveis pelos pacientes recebem orientações simples a respeito de assuntos como acomodação, banho e alimentação dos enfermos.
Na realidade, as reuniões acabam adquirindo um caráter de terapia de grupo porque também ajudam a amenizar o estresse do dia-a-dia do cuidador, que é muito exigido. No HABF, como o PID é mais recente, a primeira reunião será realizada nesta sexta-feira (13), às 9 horas.
Maria da Silva Borges, que participa pela segunda vez da reunião no Dório Silva, destaca que ter uma pessoa sob os cuidados é muito trabalhoso e exige sacrifícios. “A gente tem que renunciar muita coisa na vida, hora de sair, de dormir. Temos que estar sempre à disposição para atender os pacientes. Às vezes esquecemos que tem pessoas do nosso lado”.
Maria conta que se tornou cuidadora há quatro meses, quando o filho sofreu uma lesão cerebral que comprometeu os movimentos. Após 65 dias internado, ele ainda aspirava cuidados, o que exigia de Maria mais ajuda médica nos hospitais.
Após ingressar no PID, ela diz que saiu das portas dos Pronto-Socorros e foi orientada a lidar com as pessoas, proporcionando o bem-estar. “Quando meu filho entrou no PID, ele ficou mais nutrido, até a cor dele mudou. Esse programa não pode acabar. Os médicos são pessoas maravilhosas”.
O enquadramento da família no tratamento é essencial para a melhora do paciente, “quando a família se intera no tratamento, o resultado é positivo. A gente sente uma melhora por parte dos pacientes”, afirma Meirie Oliveira. Muitas vezes é preciso que os profissionais tirem alguns mitos e crenças culturais do ambiente familiar.
O Programa de Internação Domiciliar ganhou bastante força nos Estados Unidos quando passou a ser um projeto de referência no atendimento à pessoas com HIV e com câncer em estado terminal.
Aqui no Estado, a idealizadora do programa foi a própria Drª. Alda Furtado, que durante a graduação fez um estágio no Hospital de Tenon, em Paris, o primeiro a instituir o PID na Europa. Em 2004, ano de inserção do programa no Hospital Dório Silva, dois trabalhos relacionados ao projeto elaborados por Alda foram premiados em Florianópolis. No próximo dia 29, outro será apresentado em um congresso em Porto Alegre.
Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação da Sesa
Daniele Bolonha
danielebolonha@saude.es.gov.br
Texto: Marcos Bonn
marcosbonn@saude.es.gov.br
27 3137-2378 / 3137-2307 / 99698271 / 9943-2776 / 9983-3246
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O PID é um programa adotado por alguns hospitais que consiste em deslocar a internação de determinados pacientes para um domicílio, onde os familiares possam ficar mais próximos e ajudar na recuperação. Ele foi implantado com o intuito de desafogar os leitos hospitalares e proporcionar um tratamento mais humanizado aos enfermos. No entanto, os benefícios do programa se estendem até a área financeira.
Segundo uma das responsáveis pelo projeto do Dório Silva, Drª. Alda Furtado, se um paciente que é tratado a base de antibióticos no hospital for removido para um domicílio, as economias da unidade de saúde podem chegar a 75%, considerando-se custos com leitos, materiais e profissionais. O risco de adquirir uma infecção durante a internação em casa também cai, assim como o número de reinternações.
Alda explica que para participar do PID é necessário que haja um pedido médico de internação domiciliar. Entretanto, é necessário que o enfermo seja estável e esteja respirando normalmente. Ele também deve ter um cuidador (uma pessoa responsável) acima de 18 anos, que pode ser da família ou contratado.
A coordenadora do Programa de Internação Domiciliar do Hospital Bezerra de Faria, Drª. Mairie Oliveira, explica que os pacientes-alvo deste trabalho geralmente têm mais de 65 anos e portam doenças crônico-degenerativas, sobretudo os acamados que necessitam de cuidados especializados depois da alta hospitalar.
As equipes técnicas dos programas do HDS e do HABF são formadas por profissionais multidisciplinares. Ao todo, os dois hospitais contam com duas médicas responsáveis (coordenadoras), uma fonoaudióloga, fisioterapeutas, assistentes sociais, enfermeiros, técnicos de enfermagem, uma auxiliar administrativa e motoristas. Ambas as equipes trocam experiências entre si.
Durante a semana, esses profissionais visitam os pacientes para fazer a assistência. Atualmente, as duas equipes têm sob seus cuidados 21 pacientes (10 do HDS e 11 do HABF) domiciliares, que recebem medicamentos e, dependendo do caso clínico, até mesmo a dieta.
Desde abril deste ano, quando foi implantado no Bezerra de Faria, o grupo interdisciplinar já fez 163 visitas domiciliares. Cinqüenta destes atendimentos exigiram fisioterapia. Vale lembrar que as equipes cobrem as áreas abrangidas pelos hospitais. O Dório fica na Serra e o Bezerra de Faria em Vila Velha.
De acordo com a Drª. Alda Furtado, o trabalho de cobertura exige que os profissionais sejam capacitados, pois eles lidam com pessoas que não são da área da saúde. Ela lembra que os cuidadores não são funcionários do hospital e as informações devem ser passadas aos poucos e de modo entendível.
Como os atendimentos são feitos fora das unidades de saúde e durante muito tempo, às vezes a equipe acaba conhecendo mais sobre os enfermos, chegando a criar laços de amizade com as famílias. “Na casa do paciente o médico é médico e pessoa ao mesmo tempo”. No entanto, a Drª. Meirie alerta: “Temos que procurar não nos envolvermos emocionalmente e saber separar as coisas”.
Uma vez por mês é realizada uma reunião no Hospital Dório Silva, onde cuidadores e profissionais trocam experiências. Lá, os responsáveis pelos pacientes recebem orientações simples a respeito de assuntos como acomodação, banho e alimentação dos enfermos.
Na realidade, as reuniões acabam adquirindo um caráter de terapia de grupo porque também ajudam a amenizar o estresse do dia-a-dia do cuidador, que é muito exigido. No HABF, como o PID é mais recente, a primeira reunião será realizada nesta sexta-feira (13), às 9 horas.
Maria da Silva Borges, que participa pela segunda vez da reunião no Dório Silva, destaca que ter uma pessoa sob os cuidados é muito trabalhoso e exige sacrifícios. “A gente tem que renunciar muita coisa na vida, hora de sair, de dormir. Temos que estar sempre à disposição para atender os pacientes. Às vezes esquecemos que tem pessoas do nosso lado”.
Maria conta que se tornou cuidadora há quatro meses, quando o filho sofreu uma lesão cerebral que comprometeu os movimentos. Após 65 dias internado, ele ainda aspirava cuidados, o que exigia de Maria mais ajuda médica nos hospitais.
Após ingressar no PID, ela diz que saiu das portas dos Pronto-Socorros e foi orientada a lidar com as pessoas, proporcionando o bem-estar. “Quando meu filho entrou no PID, ele ficou mais nutrido, até a cor dele mudou. Esse programa não pode acabar. Os médicos são pessoas maravilhosas”.
O enquadramento da família no tratamento é essencial para a melhora do paciente, “quando a família se intera no tratamento, o resultado é positivo. A gente sente uma melhora por parte dos pacientes”, afirma Meirie Oliveira. Muitas vezes é preciso que os profissionais tirem alguns mitos e crenças culturais do ambiente familiar.
O Programa de Internação Domiciliar ganhou bastante força nos Estados Unidos quando passou a ser um projeto de referência no atendimento à pessoas com HIV e com câncer em estado terminal.
Aqui no Estado, a idealizadora do programa foi a própria Drª. Alda Furtado, que durante a graduação fez um estágio no Hospital de Tenon, em Paris, o primeiro a instituir o PID na Europa. Em 2004, ano de inserção do programa no Hospital Dório Silva, dois trabalhos relacionados ao projeto elaborados por Alda foram premiados em Florianópolis. No próximo dia 29, outro será apresentado em um congresso em Porto Alegre.
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