10/03/2005 12h42 - Atualizado em 23/09/2015 09h32

Residências Terapêuticas superam as expectativas

Inauguradas em outubro de 2004, com 13 moradores do Hospital Psiquiátrico Adauto Botelho, o Serviço Residencial Terapêutico (SRT) tem mostrado resultado melhor do que o esperado.

A gerente da Unidade de Ressocialização do Hospital e coordenadora das Residências, Maria Jorgete Barroso Veloso, conta que “o aprendizado dos usuários foi muito maior do que o esperado”.

Jorgete credita esse sucesso ao retorno à convivência social, capacidade na tomada de decisões e as responsabilidades que o grupo passou a ter no seu dia-a-dia.

Segundo ela, tais fatores proporcionaram “o sentimento de auto-estima e autonomia, importantes para o desenvolvimento e progresso individual”.

Todos os moradores das residências participam das práticas do Centro de Atenção Psicossocial - CAPS Moxuara, (anexo ao Adauto Botelho), onde são acompanhados pela equipe e estimulados a exercer atividades artesanais.

De acordo com a auxiliar de Enfermagem e supervisora das Residências, Nivaldina Bravim de Mendonça, no início todos tinham preocupação em acompanhá-los no trajeto que fazem para chegar até o CAPS. Hoje, a maioria vai até o Centro sozinha. “Eles estão superando nossas expectativas”, confirma Dina.

Dina relata, ainda, que algumas pessoas tiveram certa resistência em sair do Hospital, pois estavam habituadas com a rotina. Um exemplo é Alzira Sales, 71 anos, que, hoje, além de confeccionar tapetes, tem sua tarefa preferida dentro da moradia. “O que eu mais gosto de fazer na minha casa nova é arrumar a cozinha”, diz com orgulho.

Maria Aparecida, 44 anos, era moradora do Hospital desde bebê, quando foi deixada pela mãe. Esta é a primeira vez que ela vive uma rotina diferente da habitual. Aparecida também faz tapetes, ajuda na arrumação da casa, gosta muito de passear e é uma excelente anfitriã.

Na residência terapêutica masculina o procedimento é o mesmo. Cada um possui sua responsabilidade dentro e fora da casa. Compras do mês, rotinas do lar e atividades no CAPS fazem parte do novo cotidiano dos moradores da residência.

José de Jesus, 75, estava no Adauto há mais de 40 anos. Ele faz questão de mostrar seu talento musical com alguns acordes na sua sanfona e ainda conta que gosta muito de batucar e tocar pandeiro. “É por causa disso que sou conhecido como José Batucada”, conta.

Outra coisa que chama a atenção dos profissionais que participam do projeto é a interação entre os “donos das residências” e os vizinhos. Odete destaca que a aceitação da comunidade também contribuiu para o processo de ressocialização dos usuários.

“Por residirem nas imediações do Hospital esses moradores não tiveram dificuldades em receber os usuários em seus bairros”, conta Odete.

As residências estão localizadas nos bairros Santana e Itacibá. São cinco mulheres e oito homens que hoje estão integrados na sociedade. Os usuários são acompanhados todo o tempo por equipe composta de diarista e profissionais de enfermagem que realizam plantões, além do acompanhamento da equipe técnica do Adauto Botelho.

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Histórico

Desde 1996, o Hospital Adauto Botelho desenvolve um trabalho de ressocialização que tem como principal objetivo, devolver aos usuários residentes na instituição atividades comuns no nosso dia-a-dia, porém distante da realidade dessas pessoas.

Arrumar a cama ao acordar, cuidar das próprias roupas, escolher o que irá vestir, preocupar-se com a aparência, são algumas das rotinas aprendidas a partir do trabalho para a reintegração dos portadores de transtornos mentais à comunidade.

O trabalho, dividido em algumas etapas a serem vencidas progressivamente nas diferentes enfermarias, tem como finalidade, antes da inserção dos usuários ao Serviço Residencial Terapêutico, a adaptação na enfermaria Pré-Lar, onde foram colocados armários individuais, com chave, e tanque para os usuários lavarem suas roupas pessoais.

Nesse estágio, os profissionais desenvolvem atividades externas com os usuários, para que eles aprendam a andar de ônibus, reconhecer o valor do dinheiro fazendo compras e, assim, estarem mais próximos da reinserção social.

Alguns pacientes conseguiram, após o início desse projeto, voltar para o convívio familiar. Quem não possui qualquer vínculo com os familiares deverá ser inserido no SRT. O Hospital possui 134 moradores, alguns vivendo na instituição há mais de 40 anos.

O que é o Serviço Residencial Terapêutico?

O Serviço Residencial Terapêutico (STR) – ou residência terapêutica ou simplesmente “moradia” – são casas localizadas no espaço urbano, constituídas para responder às necessidades de moradia de pessoas portadoras de transtornos mentais mais graves, institucionalizadas ou não.

O número de usuários pode variar desde um indivíduo até oito pessoas, que deverão contar sempre com suporte profissional sensível às demandas e necessidades de cada um.

O suporte de caráter interdisciplinar (seja o CAPS de referência, seja uma equipe da atenção básica, sejam outros profissionais) deverá considerar a singularidade de cada um dos moradores, e não apenas projetos e ações baseadas no coletivo de moradores. O acompanhamento a um morador deve prosseguir, mesmo que ele mude de endereço ou eventualmente seja hospitalizado.

Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação da Sesa
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Texto: Cynthia Silva
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