Sesa e USP assinam em março convênio para estudo de zoonoses
Os estudos estão sendo conduzidos pelo médico reumatologista da USP, Natalino Yoshinari, que já esteve duas vezes no Espírito Santo com sua equipe, e é o responsável pelas análises laboratoriais dos casos suspeitos das enfermidades. A área abrangida pela pesquisa é a região Noroeste do Estado, mais precisamente as cidades de Colatina, Baixo Guandu, Nova Venécia e Vila Valério.
A região tem um histórico de grande incidência de zoonoses transmitidas por carrapatos. Entre 2005 e 2007, de 200 exames dessas doenças enviados para análise em São Paulo, 93 deram positivo para a Doença de Lyme Brasileira. A maioria dos casos é da área citada. Isso chamou a atenção de Yoshinari em estabelecer uma parceria com a Sesa, a fim de estudar mais profundamente o fenômeno.
O veterinário da Superintendência Regional de Colatina, Augusto Zago, explica que, apesar de o convênio incluir a pesquisa de cinco tipos de enfermidades que acometem as pessoas nas zonas rurais, será dada mais ênfase à Doença de Lyme Brasileira porque ela é a mais nociva ao homem e a mais difícil de ser identificada.

O diagnóstico é laboratorial. Capixabas que tiveram contato com carrapatos e apresentaram sintomas da Doença de Lyme Brasileira, febre maculosa, erliquiose, anaplasma e babésia têm uma amostra de sangue colhida nas unidades de saúde e enviada ao Laboratório Central (Lacen).
Os exames suspeitos são encaminhados para a USP para serem confirmados ou descartados. Se algum caso for comprovado, os profissionais da Regional de Colatina se dirigem ao provável local de contaminação e fazem uma avaliação da área, por meio da coleta de sangue de cães e eqüinos e da captura de carrapatos.
A Doença de Lyme Brasileira
A Doença de Lyme tradicional nunca foi confirmada oficialmente no País. Ela é mais comum no hemisfério norte, em países como Estados Unidos e nos continentes europeu e asiático. A enfermidade encontrada por aqui tem algumas peculiaridades e por isso foi batizada de Doença de Lyme Brasileira. Entre a febre maculosa, erliquiose, anaplasma e babésia, ela é a que causa mais transtornos à saúde.
Tanto a forma importada quanto a nacional da enfermidade são transmitidas por carrapatos, mas de espécies diferentes. Um dos objetivos dos pesquisadores é descobrir qual é o vetor responsável pela zoonose aqui no Espírito Santo e, conseqüentemente, quais seriam as melhores medidas de controle e prevenção da doença e de alerta à população.
Segundo Augusto Zago, a Doença de Lyme Brasileira encontrada no Noroeste do Estado tem acometido adolescentes e, sobretudo, as mulheres. Como ela pode demorar de seis meses a dois anos para se manifestar, as medidas de controle do vetor tornam-se complicadas, pois é difícil para uma pessoa lembrar do local onde estava quando foi picada por um carrapato.
Um dos sintomas da Doença de Lyme Brasileira é uma lesão no local da picada, que aumenta de tamanho e persiste por até três meses. Além disso, são relatados casos de febre, dor de cabeça, mal-estar, fadiga, inchaços das juntas, artrite e insônia.
Os sinais se manifestam em duas fases: uma crônica e outra aguda. Em estágio avançado, eles podem atingir todos os sistemas do organismo humano e deixar seqüelas neurológicas, cardíacas ou articulares. Por esse motivo, ela confunde muitos médicos durante os diagnósticos. “Tem que esclarecer a doença para a classe médica, que tem pouco interesse sobre ela”, ressalta Zago.
Mais informações sobre a Doença de Lyme Símile Brasileira encontrada na região Noroeste do Estado:
- O agente causador é uma bactéria chamada Borrelia burgdorferi.
- Dos 93 exames positivos analisados, 56 eram de mulheres (as mais atingidas), e 37 de homens.
- Número de casos separados por municípios capixabas:
Nova Venécia – 65 casos
Baixo Guandu – 12 casos
Vila Valério – 10 casos
Boa Esperança – 01 caso
Cariacica – 01 caso
São Mateus – 01 caso
Colatina – 01 caso
Não relatado – 02 casos
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