13/08/2007 14h50 - Atualizado em 23/09/2015 09h54

Unidade Sócio Terapêutica do Hospital São Lucas realiza tratamento humanizado

Fragilidade, estresse, angústia e sofrimento. Esses são os sentimentos vividos por pacientes e familiares que precisam enfrentar uma hospitalização e todo o processo saúde/doença. No Hospital São Lucas (HSL), um dos mais movimentados do Estado e referência no atendimento de urgência e emergência ortopédica, vascular e neurológica, a Unidade Sócio Terapêutica (UST) atua como articuladora no enfrentamento das situações conflituosas e tem como objetivo a resolução dos problemas e angústias, contribuindo para a segurança emocional, assim como no tratamento dos paciente.

A UST do São Lucas é formada por oito assistentes sociais, oito fisioterapeutas e duas psicólogas que atuam no âmbito das políticas públicas, de modo a constituir-se como mediador na relação instituição/usuários. Suas atuações têm como parâmetro o Código de Ética dos Profissionais, Estatuto do Idoso e o Estatuto da Criança e do Adolescente, entre outras legislações vigentes.

A hospitalização faz com que o paciente sinta-se fragilizado, estressado, distante dos familiares e este período causa alteração na rotina familiar e a atuação da equipe da UST se dá no sentido de amenizar esta situação.

De acordo com Julimar Soares França, assistente social e gerente da UST, entre os muitos trabalhos da equipe estão a abordagem à família do paciente; o atendimentos aos familiares que, espontaneamente, procuram a equipe; acelerar o processo de alta médica; orientações e apoio aos parentes no caso de óbito do paciente, entre outros procedimentos.

Casos

Para alguns atendimentos, a equipe age como uma equipe de investigadores, buscando identificar parentes, familiares e amigos da pessoa hospitalizada. Entre diversos casos atendidos pelos profissionais da UST, Julimar lembra o de uma mulher que foi atropelada em no bairro Itapoã, município de Vila Velha, e ficou muito tempo sem nenhum parente dela comparecesse ao Hospital São Lucas.

“Ela estava grávida e, com o acidente, o bebê acabou morrendo. Porém, só conseguimos encontrar um familiar da paciente cerca de 20 dias depois dela se internar. Soubemos que a mulher era dependente química e constantemente fugia de casa. Por isso, a família não se preocupava quando ela não voltava pra casa. Fizemos um trabalho de investigador, falando com pessoas em bares próximos ao local do atropelamento e procurando líderes comunitários ou alguém que a conhecesse, até encontrar uma pessoa que nos indicou o paradeiro da família. Apesar de todo o esforço médico, ela não resistiu e morreu dias depois”.

Outro episódio lembrado pela equipe é o de um turista baiano que estava no Espírito Santo e, durante um mergulho, bateu com a cabeça e ficou tetraplégico. Os familiares vieram da Bahia e, como o paciente estava internado no Centro de Tratamento Intensivo (CTI), eles ficaram impossibilitados de acompanhá-lo. Durante muito tempo a família ficou hospedada dentro do carro, que ficou estacionado na frente do hospital. A equipe da UST providenciou local para que as pessoas se alimentassem, tomassem banho e tivessem um pouco mais de conforto.

O caso da paulista, também grávida, que foi atropelada e encaminhada ao São Lucas é outra situação que precisou do trabalho de investigação da equipe da UST. “Ela perdeu o bebê e aí começou nossa busca por notícias de familiares. O companheiro dela, que não era casada oficialmente, não conhecia e nem tinha contato com a família da mulher. Depois de vários telefonemas e pesquisas conseguimos encontrar um parente que pudesse liberar o corpo da criança e também pudesse dar atenção à paciente”,

Estados Unidos

No início da semana, Seir de Souza Wernek, que há 22 anos vive em Nova Iorque (EUA), e a irmã Siene de Souza Wernek Lima, moradora na Grande Vitória, precisaram de atendimento da UST para que Seir preenchesse uma documentação comprovando, aos seus empregadores nos Estados Unidos, que ela esteve no Brasil para visitar o pai, Sebastião de Souza Wernek, de 90 anos, internado no São Lucas por causa de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Segundo Seir, que trabalha no ramo de hotelaria, ela só conseguiu modificar o período de férias no trabalho porque a situação do pai era grave. Por isso precisou de um comprovante do hospital confirmando que Sebastião esteve internado por causa de um AVC.

“Eu expliquei aos meus chefes que era uma emergência e precisava vir ao Brasil. Liguei de Nova Iorque, antes de viajar para cá, e sempre fui bem atendida pelas assistentes sociais. Todas as vezes que precisei, elas me ajudaram, como estão me auxiliando agora com essa documentação que preciso comprovar ao retornar”, disse Seir.

“É um serviço necessário e imprescindível para os pacientes e familiares. Felizmente meu pai melhorou e já está em casa falando e andando”, completou Siene.

No Pronto Socorro o atendimento é mais imediato e muitas vezes de curta duração porque o paciente é medicado e recebe alta. Nas enfermarias o tempo dispensado é maior já que os pacientes ficam mais tempo no hospital e, consequentemente, os familiares também acompanham este período de internação.

Entre os pacientes estão aqueles que, embora clinicamente estejam bem, o lado emocional está fragilizado porque os familiares não o visitam com freqüência ou são pessoas do interior que enfrentam mais dificuldades para estar no hospital. E ainda há casos de pessoas que não têm nenhum contato com parentes. Para estes pacientes, o acompanhamento psicológico é contínuo e começa desde o dia em que dão entrada no hospital, até receber alta médica. De acordo com a equipe, o dia de maior necessidade de atendimento é na segunda-feira.

Os profissionais da equipe da Unidade Terapêutica consideram como um grande desafio o atendimento humanizado ao paciente do Hospital São Lucas, devido à própria característica do hospital, que tem um atendimento em traumas em urgência e emergência vascular, ortopédica e neurológica, que acaba gerando conflitos e ansiedades por parte dos pacientes e acompanhantes.

Entre as metas de melhorias no atendimento, a equipe pretende se aperfeiçoar em leitura labial, para os casos de pacientes que não conseguem manter outro tipo de comunicação.

Atendimentos realizados no primeiro semestre de 2007 a pacientes e familiares:

Pronto Socorro - - - - - - - - - - - - 4.895
Enfermarias – - - - - - - - - - - - - - 3.240
Atendimento psicológico - - - - - - - 552
Atendimento na psiquiatria - - - - - 701
Atendimento da Fisioterapia - - - - 2.852

Fornecimento de alimentação:

Almoço - - - - - - - - - - - - - - - 11.247
Desjejum - - - - - - - - - - - - - - - - 9.702

Além disso, a Unidade forneceu 558 vales-transporte, uma média de 93 vales concedidos aos pacientes/familiares mensalmente. “Estes vales são doados àquelas famílias e pacientes que já estão com alta médica e que não têm dinheiro para voltar para casa. Em muitos dos casos o paciente não tem ninguém da família esperando e ele retorna para casa com a ajuda do vale que doamos”, disse a gerente do setor.

Embora os atendimentos aos pacientes se encerrem logo após a alta médica, a equipe acaba tendo surpresas e recebe a visita de pessoas que foram ajudadas pelos profissionais, que fazem questão de agradecer o carinho que receberam durante o período de internação.

‘É muito gratificante para nossa equipe receber esse carinho e ver que tudo deu certo. Muitos deles, inclusive, pedem para visitar o local onde ficaram internados”, conclui a gerente.

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Texto: Waldson Menezes
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