Vigilância Ambiental do Estado encerra pesquisa de campo sobre malária símia
Para isso, três técnicos da Vigilância Ambiental Estadual, dois infectologistas, dois veterinários, um biólogo e um farmacêutico fizeram uma excursão de 10 dias na região de Mata Atlântica que fica nas proximidades dos municípios de Santa Teresa e Santa Maria de Jetibá.
O grupo conseguiu cumprir a meta de capturar mais dois primatas representantes do gênero Alouatta e, desse modo, chegar ao número ideal de espécimes proposto para subsidiar as pesquisas, que é de 10. Nas outras cinco incursões na mata, realizadas desde maio, amostras de sangue de oito macacos já haviam sido colhidas.
Ciclo
Segundo o representante da Vigilância Ambiental do Estado no estudo, Altemar Rodrigues Marques, o trabalho desenvolvido tem o objetivo de descobrir se há outro ciclo de transmissão da malária, normalmente propagada por um mosquito, que adquire o protozoário causador da moléstia ao picar um homem doente, e depois, o transmite a um homem sadio, contaminando-o também por meio da picada.
Marques explica que os pesquisadores estão interessados em descobrir o reservatório que está mantendo a transmissão da malária autóctone (típica de um local) na região de Santa Teresa e Santa Maria. Por isso, eles trabalham com a possibilidade de os macacos barbados, abundantes naquela área, serem os armazenadores assintomáticos do protozoário responsável pela doença.
Nesse caso, é considerada a hipótese na qual o ciclo de transmissão é modificado ao incorporar o símio Alouatta como a fonte dos Plasmodium, e não mais o homem contaminado, “o que seria um fato totalmente averso à realidade da transmissão”, conta Marques.
Caso seja comprovado o novo ciclo, a vigilância teria que tomar novas medidas para identificar a melhor forma de prevenir e combater a malária nessa região, o que tornaria as ações diferentes daquelas que são feitas nos demais estados brasileiros.
Dados preliminares
Por enquanto, de acordo com Altemar Marques, os dados preliminares apontam nessa direção, pois de cinco símios analisados, em três foi constatada a presença do microrganismo causador da malária e, em dois destes macacos, foi encontrado o Plasmidium vivax, aquele que circula entre os homens.
A comprovação só poderá ser feita assim que os laboratórios internacionais, para onde foram mandadas as informações colhidas, concluírem as análises dos DNAs dos protozoários.
Se for constatado que o DNA que atinge os primatas é igual ao que acomete os homens, um novo ciclo de transmissão será descoberto. Caso contrário, será mais um caso de doença símia. O resultado dos exames dos DNAs é esperado para o segundo semestre de 2008.
A malária no Estado
Dados da Vigilância Ambiental do Estado mostram que, em média, entre 15 e 30 casos de malária autóctones são diagnosticados anualmente no Espírito Santo. Santa Teresa e Santa Maria são os municípios com maiores índices desse tipo da doença.
A malária autóctone está relacionada a bolsões preservados de Mata Atlântica. Ela é identificada, sempre em baixa freqüência, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Santa Catarina.
A moléstia é transmitida pelo mosquito Anopheles cruzi, aquele com maior densidade no Estado. Ao contrário do Aedes aegipty (o vetor do vírus da dengue), que se procria em ambientes urbanos, o Anopheles se desenvolve nas florestas e se reproduz graças às bromélias, que ficam no alto das árvores e conseguem acumular água entre as folhas.
A doença apresenta sinais e sintomas de longa duração,entre os quais destacam-se a febre alta, na maioria das vezes a cada 48 horas, dor de cabeça e calafrios.
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